OAB-RJ é a principal responsável por indicação de filha do ministro Luiz Fux para Tribunal de Justiça

08 março 2016 às 13h05

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Se quisessem, integrantes do Conselho da OAB-RJ não teriam incluído Marianna Fux na lista sêxtupla. Culpar Luiz Fernando Pezão e os desembargadores talvez agrade mais a malta
Filha do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, a advogada Marianna Fux, de 34 anos, foi nomeada pelo governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), para o cargo de desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A imprensa noticiou o caso, sugerindo, por vezes, que a jovem conquistou a vaga devido à influência do pai. De fato, é inusitado que alguém tão jovem, possivelmente com escassa experiência de vida e de advocacia, se torne desembargadora. Mas há um detalhe pouco discutido e que revela, no mínimo, omissão dos advogados do Rio de Janeiro. Não de todos, claro, mas dos conselheiros da Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro.
O “Estadão” publicou na edição de terça-feira, 8: “O fato de a filha de um dos 11 ministros da mais alta corte do país estar entre os candidatos a desembargador gerou constrangimento entre os conselheiros da OAB. Muitos se sentiram desconfortáveis em rejeitar o nome da advogada, já que a votação foi aberta”.
O centenário jornal trata os advogados do Conselho da OAB-RJ como incapazes, ineptos e, até, infantis. Ora, mesmo com votação aberta, o senso ético dos advogados — ética é uma palavra que tanto mencionam — deveria ter prevalecido. Se avaliavam que Marianna Fux não tinha qualificações para ocupar o cargo de desembargadora — e ninguém provou nada contra sua qualificação profissional (disseram apenas que não tinha o tempo suficiente de atuação como advogada) —, por que os advogados do Conselho a incluíram entre os seis nomes que enviaram para o Tribunal de Justiça?
Portanto, como não há meninos na história, os principais responsáveis pela indicação de Marianna Fux para o cargo de desembargadora — vale dizer que trabalhou no escritório de um advogado altamente reputado, Sérgio Bermudes — não são os desembargadores do Rio de Janeiro e o governador Luiz Fernando Pezão. Os responsáveis são os advogados que integram o Conselho da OAB-RJ. Com um pouco de coragem, bastava não ter incluído Marianna Fux na lista sêxtupla. Quiseram agradar o ministro Luiz Fux? É provável.
O “Estadão” registra uma informação que outros jornais não deram (pelo menos não destaque): “No mesmo dia em que a filha entrou na lista da OAB, Fux autorizou abertura de inquérito no STF para investigar o secretário de Coordenação de Governo do município do Rio, Pedro Paulo Carvalho Teixeira, por lesão corporal”. O peemedebista, nome indicado pelo prefeito Eduardo Paes para disputar a Prefeitura do Rio de Janeiro, em 2 de outubro deste ano, agrediu Alexandra Marcondes, quando esta era sua mulher.