A reportagem “Padre é funcionário fantasma da Assembleia há 20 anos”, que ocupou quase uma página, merecia manchete na capa do “Pop”, mas ganhou apenas uma chamada minúscula. Um repórter conta que um funcionário do jornal, ligado à renovação carismática, teria convencido o editor da primeira página a não carregar “nas tintas”. O que importa mesmo é que a matéria de Márcia Abreu é correta. A repórter conta que o padre católico Luiz Augusto Ferreira, da Igreja Santa Terezinha do Menino Jesus, recebe R$ 11,8 mil (R$ 141 mil por ano), mas não frequenta a Assembleia Legislativa de Goiás.

A denúncia é grave, mas o padre diz que não toca no dinheiro e que não deixou o cargo para usar o Ipasgo. Não se está sugerindo que o padre é corrupto, parece não ser o caso, mas no Brasil cobra-se uma ética rigorosa dos políticos, mas não dos demais cidadãos. Luiz Augusto, um religioso que dizem sério, deveria pelo menos ter dito: “Errei”. Há algum tempo, o rabino Henry Sobel quase foi destruído por reportagens implacáveis.

Ressalvas breves, que não comprometem o texto: a repórter escreve Assembleia Legislativa, mas não acrescenta “de Goiás”. Seria um sintoma de que os repórteres avaliam que o jornal não está, ao menos integralmente, na internet? Márcia Abreu escreve: “O presidente da Assembleia, Hélio de Sousa, através de sua assessoria”. “Através” de sua assessoria não é possível. Deve se usar “por meio” ou “por intermédio”. E, no caso, Helio não tem acento.