Vladimir Putin deveria publicar um decreto: “O time da terra de Dante deve jogar a Copa da Rússia”

Uma Copa do Mundo sem a seleção brasileira e sem a seleção argentina seria trágico, não apenas para os brasileiros e argentinos, e sim para todos que apreciam futebol de alto nível. Uma disputa sem Neymar e Messi perderia a graça. Poderia até ser competitiva, mas perderia em criatividade, arte, graça e beleza. Portugal tem Cristiano Ronaldo, mas, se tem um jogador notável, não tem um time, um conjunto. Se ficasse fora, ninguém notaria — talvez nem os portugueses.

 A Copa da Rússia não terá a participação da Itália, o que, de certa maneira, é trágico. Se o time que desclassificou a Itália fosse de alto nível, se enchesse os olhos da torcida, tudo bem. Se enche os olhos é de tédio.

A Itália, mesmo quando não está numa fase das melhores, cresce em copa do mundo, quase sempre disputando os primeiros lugares. É como a Alemanha — forte, competitiva.

A copa ideal precisa ter Brasil, Argentina, Alemanha, Itália, Espanha, França, Holanda e mais umas duas, três ou quatro seleções. A copa mundializada, quiçá pela política, é quase lamentável, com jogos sem o mínimo interesse para o público.

O ideal é que o mundo dispute duas copas — “A” e “B”, como o Campeonato Brasileiro (que tem inclusive a série C). A campeã e a vice-campeã da Copa B subiriam para a Copa A. As duas piores seleções da Capa A desceriam para a Copa B.

A copa, nos moldes atuais, com seu excessivo número de times, serve muito aos cartolas, quem sabe ao aumento da corrupção, do que aos torcedores, que, cansando-se dos jogos ruins, acabam se afastando até dos grandes jogos.

Nos últimos dez anos, tenho ouvido, cada vez mais, brasileiros dizendo, de maneira aberta, que não têm qualquer apreço por futebol. Na década de 1970, quando comecei a me interessar por futebol, era impensável alguém afirmar que não gostava de futebol. Poderia até não gostar, mas nem tinha coragem de dizer.

Vladimir Putin, o czar stalinista da Rússia, deveria baixar um decreto: “Fica determinado que a Itália vai disputar a Copa de 2018”. Sem tirar nem pôr, diria Daniil Kharms.