Não é possível dialogar com os psicopatas do Estado Islâmico. Eles precisam ser caçados e mortos

18 dezembro 2015 às 10h30
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Os Estados Unidos, a Rússia, a França e a Inglaterra estão certos: a diplomacia não funciona com terroristas sanguinários como os integrantes do ISIS
Edmar Oliveira
Especial para o Jornal Opção
A partir dos atentados a Paris, em 13 de novembro, viramos pequenos especialistas em Islamismo, Oriente Médio, Iraque, Síria e Estado Islâmico. Nossas atenções se voltaram para o terrível alcance do terror e a facilidade com que pode nos atingir. Muito foi dito sobre o ISIS (Estado Islâmico do Iraque e Síria), sua engrenagem, seus financiadores. Já sabemos que a Arábia Saudita, o petróleo extraído de áreas ocupadas, a cobrança de impostos altíssimos nos territórios ocupados e muçulmanos milionários extremistas em todo o mundo são as principais fontes da barbárie. Reportagens e livros mostram, inclusive, o perfil dos que são atraídos para a guerra santa (jihad islâmica). É preciso apontar, entretanto, a face sombria dos jihadistas capazes de ações inimagináveis, como enjaular e queimar vivas crianças cristãs; decepar aos poucos cabeças de suas vítimas, entre risadas diabólicas e gritos de “Alá é grande!” e arrastar os corpos comemorando a crueldade; queimar homossexuais vivos; calcular e explodir-se friamente, levando junto pessoas inocentes; estuprar mulheres — inclusive grávidas —, crianças e adolescentes e depois vendê-las como escravas. Os que são capazes das maiores atrocidades são psicopatas. É o que afirma o psiquiatra Magno da Nóbrega, do Instituto da Memória e Comportamento. “Nesses casos, a psicopatia fica adormecida, aguardando o momento para se manifestar. Quando essas pessoas recebem um convite para atuar no que acreditam ser uma causa maior, o gatilho será ativado”, analisa.
Quando se trata de matar ou morrer em guerras, como a que o califado do E.I. está engajado na Síria e no Iraque, não é novidade o estupro e a matança, na parte desproposital, de crianças, mulheres e idosos. Não é possível ser absolutamente cirúrgico. Mas o que um grupo de jihadistas faz extrapola a compreensão clássica de conflitos. Outro exemplo: crianças e adolescentes que se recusam a cortar o pescoço de homens e mulheres capturados podem ter braços e pernas amputados. Note-se que até entre meninos e meninas, que estão sujeitos a doutrinação e condicionamento, há os que rejeitam a prática de tamanha barbárie. E muitos, em determinada fase da militância jihadista, deixam a máquina da morte. Os próprios sírios que não aprovam o ISIS e têm algum dinheiro enfrentam travessias — às vezes mortíferas — em desertos e mares para tentar a sorte sobretudo na Europa.
Os camicases, na Segunda Guerra Mundial, também tinham missão suicida contra navios. Embarcavam em seus aviões carregados de explosivos para atingir alvos Aliados, obviamente militares, no Oceano Pacífico. Mas não há elo entre os japoneses e os suicidas do E.I., que ficam meses — e até anos — aguardando serem acionados por superiores para se explodir e matar inocentes. A frieza é impressionante. E é curioso lembrar que, nas guerras, há soldados que atiram para cima e evitam matar. É minoria, mas vale ressaltar. Já os psicopatas do terror não têm freios. São indivíduos sem compaixão, sem vínculo afetivo, impiedosos e que apenas aguardam um sinal para manifestar formas de crueldade infernais. Têm em si a célula da loucura, pronta para agir. Exemplo: o terrorista belga Abdelhamid Abaaoud, figura de destaque dentro do ISIS, que apareceu sorridente em vídeo arrastando corpos na Síria. Foi ele o mentor dos atentados em Paris. Parecia ser normal. Quando morava na Bélgica, era gentil com vizinhos, criava um cachorrinho, transitava naturalmente. Mas, acionado interiormente pelo convite à glória celeste pelo E.I., extravasou todo o terror que trazia adormecido. A polícia francesa o mandou para o tão esperado encontro com Alá. “Psicopatas, principalmente os que conseguem controlar seus impulsos, agem normalmente, até que encontram um motivo para mostrarem-se de fato”, destaca Magno da Nóbrega. “No caso dos psicopatas do Estado Islâmico, conseguem se destacar e atrair um misto de medo e simpatia dos demais devido às atrocidades que cometem.”
Os Estados Unidos, a Rússia, a França e a Inglaterra estão certos. Não é possível dialogar com psicopatas. Os do E.I. precisam ser caçados e mortos. O bombardeio a alvos do califado na Síria e no Iraque deve continuar. Não há mais lugar seguro no mundo. Todos corremos risco, já que somos “infiéis” e não queremos trocar a civilização e abraçar o ISIS por dezenas de virgens e um lugar de destaque no mundo de Alá, o Alá apregoado pelo califa Abu Bakr al-Baghdadi (foto acima), o chefe barbudão do terror. Em recente discurso na ONU, a presidente Dilma Rousseff disse que é preciso “dialogar” com o Estado Islâmico. Depois, defendeu o ataque aos terroristas e aproveitou para apontar a pobreza como causa da adesão ao E.I. ao terror “em alguns casos”. “Não se pode dizer que a pobreza ou qualquer outra condição seja responsável pela adesão a quadros de extremo horror. Os mais ousados (do ISIS) têm neles a psicopatia adormecida, esperando para ir a campo. Ninguém é capaz de fazer o que fazem a não ser que seja psicopata”, esclarece o psicólogo Jorge Antônio Monteiro de Lima, do Instituo Olhos da Alma Sã. Jorge de Lima está certo. Os psicopatas do ISIS não têm cura e devem ser combatidos com bombas e outras ações de inteligência preventivas e ostensivas. Aliás, psicopata algum tem cura. Como os jhijadistas são covardes e se misturam a inocentes, como crianças e mulheres, e depois mostram seus corpos para culpar os aviões pelas mortes, acabam atingindo, em parte, seus objetivos propagandistas, mas os bombardeios devem continuar.
Repita-se: o mundo inteiro corre perigo. Em 2015, o terror mostrou sua face mais assustadora e deu o recado de que nós, os “infiéis”, estamos à sua mercê. Passar as mãos na cabeça de terroristas psicopatas é ajoelhar-se diante deles. No califado sírio e iraquiano, homens e mulheres de vários países são cruelmente decapitados ou queimados vivos. Que aprendamos a lição de Paris e fiquemos atentos, pois o Alá do Estado Islâmico é cruel e onipresente.
Edmar Oliveira, jornalista, é colaborador do Jornal Opção.