Na Netflix, nudez de Scarlett Johansson embala poema visual do “novo Kubrick”
17 junho 2016 às 21h37
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O filme deixa o seguinte enigma: era uma alien que tinha um corpo, mas não tinha alma ou ela tinha alma, mas não tinha um corpo?
Danin Júnior
Especial para o Jornal Opção
Dica para o final de semana: desde 15 de junho está disponível na Netflix o extraordinário filme “Sob a Pele” (2014), do diretor inglês Jonathan Glazer. É imperdível por alguns motivos:
1) Conhecido por dirigir clips icônicos de bandas incríveis — “Karma Police” (Radiohead), “Karmacoma” (Massive Attack), “Into My Arms” (Nick Cave and the Bad Seeds), “The Universal” (Blur) etc. —, Glazer é tão talentoso que já foi chamado de “herdeiro de Stanley Kubrick” e ele deixa isso claro em “Sob a Pele”.
2) Neste filme, a influência de Kubrick aparece em tantos aspectos: na escolha do plot (uma ficção científica lúgubre, com alta carga psicológica), na condução lenta (quase paranoica) e na fotografia maravilhosa (as imagens contam a história toda, muito mais que as palavras, como se fosse um poema visual) — Kubrick era, antes de tudo, um excepcional fotógrafo de ofício.
3) Vemos Scarlett Johansson no caminho cada vez mais sólido para se tornar uma grande atriz. Pela primeira vez em sua carreira, o público pode vê-la inteiramente nua. E isso só ressaltou sua capacidade dramática, pois o silêncio profundo e intenso de “Sob a Pele” exigiu que ela usasse todos os seus recursos para dar credibilidade às cenas muito longe de convencionais.
4) Analisando a história e arriscando um spoiler, eu diria que o filme deixa o seguinte enigma: era uma alien que tinha um corpo, mas não tinha alma ou ela tinha alma, mas não tinha um corpo? Os psicólogos certamente poderão traduzir essa dúvida usando a nomenclatura de diversos transtornos.
Vá lá, assista e me ajude a entender o que se passa!
Danin Júnior, jornalista, foi editor do Jornal Opção.