Na escolha do maior entre os três Ronaldos do futebol, prevaleceu o melhor
16 julho 2016 às 11h45

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Uma enquete daquelas sem qualquer utilidade prática, mas interessante, foi divulgada pelo portal Globoesporte.com e mostrou que os tempos atuais podem não contaminar ou fechar totalmente a visão e o julgamento dos analistas. A pergunta foi: quem é o maior dos Ronaldos no futebol? Os nomes em questão foram Cristiano Ronaldo, o CR7; Ronaldo Fenômeno, o maior artilheiro brasileiro em Copas; e Ronaldinho Gaúcho, duas vezes o melhor do mundo.
O português acaba de se tornar campeão europeu, o maior título da história do esporte para seu país. Em vez de ouvir internautas – que, mesmo no Brasil, por causa do enorme número de fãs (por um fenômeno da globalização, os maiores ídolos nacionais entre os jovens, no futebol, são o argentino Messi e o lusitano Cristiano Ronaldo), provavelmente não votariam com isenção –, o portal foi pegar a opinião de ex-jogadores, técnicos e jornalistas especializados de 19 países de todos os continentes.
O resultado foi o mais justo: o Fenômeno ficou com 59,1%; Cristiano, com 36,6%; e Gaúcho com 5,6%. O mais interessante do levantamento foi o fato de ter sido voto aberto – ou seja, os votantes se viram, também, expostos a um tipo de avaliação. De 19 votos de personalidades brasileiras, 13 votaram no Ronaldo brasileiro e 5 no português – nenhum em Ronaldinho. Dois técnicos (Carlos Alberto Parreira e Luiz Felipe Scolari, os que comandaram os dois últimos títulos do País em Copas) e o jornalista Galvão Bueno preferiram não opinar, sendo classificados como “em cima do muro”.
Outros, sem medo de polêmica, se expuseram muito. O ex-craque Tostão, também exímio jogador de palavras – é sem dúvida um dos grandes analistas do futebol no País e o que melhor sabe escrever – justificou assim seu voto em Cristiano Ronaldo: “O Fenômeno foi melhor, pelo repertório, pela inventividade, mas o maior foi Cristiano Ronaldo, pela regularidade, pelas conquistas e pelo tempo maior que esteve (e ainda está) no auge.”
Enquetes, muitas vezes, não são mais do que isso: enquetes. Fomentam polêmicas sem fim, especialmente no esporte. Mas valem exatamente para gerar essas discussões, de que cada um sairá com a mesma opinião que entrou.
No fim, a escolha acaba sendo justa: Ronaldo Nazário de Lima, o “Fenômeno”, foi mesmo o melhor. Ainda que Cristiano Ronaldo seja um grande jogador e tenha se mostrado decisivo para seus clubes e para sua seleção – não fosse pelo desempenho dele, provavelmente o número de Copas disputadas por Portugal seria menor, bem como menor seria o número de finais de Eurocopas –, não há como competir com o histórico e com a saga da carreira do camisa 9 brasileiro. Romper totalmente os ligamentos de ambos os joelhos e, depois disso, ser o artilheiro de uma Copa do Mundo é uma façanha que Cristiano não terá condições de repetir – e creio que nem gostaria. Para tirar a dúvida sobre quem seria “o maior Ronaldo”, o jornalista da ESPN André Kfouri, filho do renomado Juca Kfouri, respondeu de forma bem sensata e prática: “O maior dos Ronaldos? Cristiano tem a melhor carreira, mas Ronaldo Nazário era mais genial. Uma boa maneira de resolver essas situações hipotéticas é responder à seguinte pergunta: qual dos três, no auge, você escolheria para seu time? Eu escolheria o Nazário.” Faz sentido.
E sobre Ronaldinho Gaúcho? Este seria muito maior jogador do que acabou se tornando, diante dos olhos dos críticos, se tivesse encerrado sua carreira há pelo menos cinco anos.