Morreu Adalberto “Sabãozinho”, titular do melhor Goiás de todos os tempos
10 setembro 2023 às 00h16
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Eram outros tempos, pouco midiáticos, sem redes sociais e smartphones. Tão estranhos que os grandes craques do futebol brasileiro jogavam por aqui mesmo. Jogar na Europa não era um sonho, embora fosse uma possibilidade – para poucos, como, naquele início dos anos 80, tinha sido para Falcão, que, na Itália, virou o “Rei de Roma”.
Foi nesse contexto que o Goiás conseguiu sua primeira grande façanha nacional: com um time cuja maioria era toda formada de jogadores de suas categorias de base – os chamados “pratas da casa” –, a equipe chegou ao 5º lugar na 1ª divisão de 1983, quando a competição se chamava Taça de Ouro.
Naquele campeonato, o Goiás enfrentou alguns dos maiores times do País e avançou na competição deixando para trás times como Fluminense (que seria campeão brasileiro no ano seguinte), Corinthians (então campeão paulista e com jogadores como Sócrates, Casagrande, Zenon e Wladimir) e Guarani, este ainda com um time respeitável depois da conquista nacional cinco anos antes.
A base do Verdão era Edison; Zé Teodoro, Gilson Jáder, Marcelo e Adalberto; Carlos Alberto, Luvanor, Nei e Washington; Cacau e Braz. Apenas o goleiro Edison, o meia Washington (que chegara a ser considerado o “novo Pelé”) e o atacante Braz não eram “crias” do futebol local. Um time tão bom que no banco ficaram os artilheiros Dario, o Dadá Maravilha, tricampeão no México em 1970, e Bill, que saíra de Goiás para jogar no Vasco e no México.
O lateral Adalberto, o “Sabãozinho” – que na verdade era versátil, um curinga, como se dizia, por jogar em várias posições – morreu neste sábado, 9, em Goiânia. Ele tinha 62 anos e tratava um câncer no fígado. Em 83, era um dos seis garotos da casa e, embora tenha assumido um papel de coadjuvante num time em que brilharam Zé Teodoro, Cacau e, principalmente, Luvanor, foi fundamental para dar consistência e equilíbrio àquela equipe. Depois de empatar com o Flamengo de Zico, Júnior e cia. no Serra Dourada (1 a 1) e garantir a vaga nas quartas-de-final vencendo o Guarani em Campinas, o time dirigido por Paulo Gonçalves – também “prata da casa” e realmente “professor”, já que lecionava na Universidade Federal de Goiás (UFG) –, o Verdão foi eliminado pelo Santos em dois jogos que terminaram empatados.
O Santos seria vice, o Flamengo, bicampeão. E o Goiás venderia Luvanor para o italiano Catania por uma boa grana à época, dinheiro que serviria à aquisição da área do CT Parque Anhanguera, que alavancaria a estrutura do clube.
Se tomarmos a qualidade dos jogadores esmeraldinos em relação ao rol dos elencos adversários, pode-se dizer que aquele time foi o melhor da história do clube? Futebol é polêmica, sempre – tanto que tem gente que acha que Cristiano Ronaldo é melhor que Messi, que Zidane jogou mais bola que Zico e que Maradona fez mais que Pelé.
Sopesando tudo, guardadas as devidas proporções e o fato de ter sido uma equipe praticamente formada pelo próprio clube, dá para afirmar, sim.
Em maio, ao fazer o que seria seu último aniversário, Adalberto participou do programa Ídolos do Esporte, da TV Brasil Central, apresentado pelo radialista Dante Keller. Em uma espécie de podcast televisionado, ele contou boa parte da história de formação, na década de 70, daqueles garotos – lapidado pelo treinador da base, Marcius Fleury, o Marcinho – que anos mais tarde brilhariam nacionalmente.
Foi provavelmente o último registro na imprensa do ex-jogador. Na tarde do sábado, 9, o Goiás soltou uma nota de condolências em suas redes sociais:
“É com muito pesar que o Goiás Esporte Clube lamenta o falecimento do seu ex-jogador histórico Adalberto dos Santos, o Sabãozinho, que ocorreu neste sábado (9).
Adalberto foi uma figura marcante no Esmeraldino. Chegou no clube na base em 1971 e conquistou títulos em todas as categorias no Verdão, desde a formação ao profissional.
O lateral-esquerdo ficou marcado por muitas assistências e dribles desconcertantes, que ficarão eternamente vivos na memória do torcedor esmeraldino.”