Suas fotografias, tão atentas aos fatos, eram reportagens, às vezes mais importantes do que os textos escritos. Tanto que foi premiado com o Esso e o Vladimir Herzog

Sabe a expressão “é o cara!”? Pois é, como se tornou lugar-comum, perdeu sua energia criativa. Mas, quando se tratava do repórter Dida Sampaio (nascido Francisco de Assis Sampaio, no Ceará), continuava valendo. O professional, que morreu na sexta-feira, 25, aos 53 anos, em Brasília, era o Cara — com “C” maiúsculo. Suas fotografias, de tão atentas aos fatos, eram reportagens, às vezes tão ou mais importantes do que os textos escritos (não eram adornos). Tanto que foi premiado com o Esso, duas vezes, e o Vladimir Herzog, três vezes.

Dida Sampaio: um repórter fotográfico notável | Foto: O Globo

Além de “O Estado de S. Paulo”, Dida Sampaio brilhou nas páginas do “Jornal de Brasília” e do “Correio Braziliense”.

Depois de um aneurisma cerebral e um AVC, ocorrido no dia 11 de fevereiro, Dida Sampaio havia sido internado no Hospital Brasília. Passou por cirurgias, chegou a melhorar, mas acabou não resistindo. O fotógrafo era casado com Ana Sampaio e tinha três filhos, Raissa, Gabriela e Felipe.

Dida Sampaio: prêmios Esso e Vladimir Herzog | Foto: Reprodução

Além do talento múltiplo — aquele que o levava a ver além do fato cru —, Dida Sampaio era apontado, pelos colegas, como uma pessoa generosa. Seu trabalho jornalístico era uma aula para quem quisesse enxergar além do trivial, mas ele ia além: pegava os novatos pela mão e dizia quais caminhos eram melhores para se tornar um bom profissional. Ele sugeria que era preciso trilhar o caminho da competência e da ética — sempre irmanadas.

Repórter fotográfico intimorato, sem receio de fazer o que devia feito, Dida Sampaio chegou a ser agredido — foi xingado e chutado — por manifestantes bolsonaristas. Mas ele sabia que os políticos autoritários passam, como os passarinhos, mas que o bom jornalismo se torna história, quer dizer, permanece.