Morre o jornalista Luiz Carlos Figueiredo, marido da historiadora Janaína Amado

19 março 2018 às 18h43

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O jornalista e pesquisador tinha 78 anos. Ele lutava contra uma fibrose pulmonar idiopática

O jornalista Luiz Carlos Figueiredo morreu na sexta-feira, 16. Ele foi editor de Economia do jornal “Folha de Goiaz”. Ex-colegas dizem que era “competente”, “exigente” e “íntegro”. A notícia tinha de ser bem apurada e, ao mesmo tempo, bem escrita. Depois do jornalismo, enveredou, ao lado de sua mulher, Janaína Amara — doutora em História que deu aulas na Universidade Federal de Goiás (UFG) e na Universidade de Brasília (UnB) —, pela escritura de livros de história. A dupla se tornou divulgadora da história do Brasil com livros às vezes simples mas com pesquisa rigorosa, escritos numa prosa praticamente literária, dada a ampla formação cultural tanto de Janaína Amado (sobrinha de escritor, Jorge Amado, e de pais escritores) quanto de Luiz Carlos Figueiredo. Entre os vários livros publicados estão “A Formação do Império Português — 1415-1580”, “O Brasil no Império Português” e “A Magia das Especiarias”.
No Facebook, Janaína Amado deixou um belo depoimento sobre seu relacionamento de 47 anos com Luiz Carlos Figueiredo:
“Amor
Quando nos conhecemos, ele tinha 30 anos, e eu, 23. Todos — rigorosamente todos — os meus amigos disseram que aquele relacionamento jamais daria certo. Aparentemente tinham razão, pois não existiam dois seres mais diferentes entre si: ele, do interior de São Paulo, filho de eletricista, ex-seminarista (sete anos com os jesuítas), formado em Letras e em Filosofia (tomista), focado no trabalho, jornalista, exigente, rígido nos julgamentos apesar do coração enorme; eu, filha de intelectuais comunistas, baiana criada no Rio, formada em História (marxista!), desorganizada, divorciada, praieira, participante dos movimentos de esquerda.

Pois fomos extremamente felizes durante 47, quase 48 anos: nos amamos, publicamos cerca de doze livros em coautoria — ele se apaixonou por História —, tivemos um filho, o Bernardo, trouxemos a filha dele, Janice, para perto de nós, nos mudamos um monte de vezes, no Brasil e no exterior, principalmente nos divertimos muito, junto às nossas famílias e aos numerosíssimos amigos.
Só não fomos felizes por mais tempo porque ontem de madrugada Luiz, após uma luta árdua contra uma fibrose pulmonar idiopática, faleceu.

Tudo em mim dói.
Mas continua aqui comigo o ser humano incrível que ele foi. O tempo tirou-lhe a severidade (aprendida no seminário), deixando à mostra o que era genuinamente dele: a vontade de viver, a imensa alegria, a curiosidade intelectual incansável, a solidariedade com todo e qualquer ser, o amor à família, a generosidade, a teimosia, a capacidade de se doar…
Até mais, meu querido Luiz, meu amor.
As fotos, tiradas por nossa amiga Madalena Schwartz, são de 1970.”