Morre a artista plástica Marianne Peretti, criadora dos vitrais da Catedral de Brasília
29 abril 2022 às 21h26

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“Era tudo de repente e tudo muito rápido, porque a cidade estava sendo inventada e tínhamos de nos adaptar a esse ritmo, de fazer o melhor em pouco tempo”

“Me emocionava vê-la durante meses debruçada a desenhar os vitrais. Eram centenas de folhas de papel vegetal que coladas representavam um gomo da catedral. Marianne Peretti é uma artista de excepcional talento, os vitrais maravilhosos que criou para a Catedral de Brasília são comparáveis pelo seu valor e esforço físico às obras da renascença. Sua preocupação invariável é inventar novas coisas, influir com seu trabalho no campo das artes plásticas.” — Oscar Niemeyer

Há uma história de Brasília ainda pouco contada: a daqueles criadores que, embora importantes para a beleza e identidade da cidade, acabaram soterrados pela fama de Lucio Costa e, sobretudo, de Oscar Niemeyer. Pouco se fala, por exemplo, do engenheiro Joaquim Cardozo, espécie de rei dos cálculos, que foi decisivo para as obras do arquiteto Niemeyer terem sustentação adequada e duradora. Há também Marianne Peretti, a artista plástica que criou os magníficos vitrais da Catedral da capital. Nascida na França, em 1927, ela morreu na segunda-feira, 25, aos 94 anos, em Recife, onde morava. Foi sepultada em Brasília no Campo dos Pioneiros na sexta-feira, 29.

A respeito da construção da capital no Planalto Central, no interior do Estado de Goiás, Marie Anne Antoinette Hélène Peretti disse, certa feita: “Era tudo de repente e tudo muito rápido, porque a cidade estava sendo inventada e tínhamos de nos adaptar a esse ritmo, de fazer o melhor em pouco tempo”.

O primeiro vitral feito por Marianne Peretti está na capela do Palácio do Jaburu. Uma de suas obras, localizada no Senado, teve de ser restaurada. A artista também é criadora dos vitrais da Catedral Metropolitana e do Panteão e dos painéis dos salões do Congresso Nacional, do Superior Tribunal de Justiça e do Memorial JK.

Filha da modelo francesa Antoinette Louise Clotilde Ruffier e do historiador pernambucano João de Medeiros Peretti, Marianne Peretti estudou desenho e pintura em Paris. Ela veio com os pais para o Brasil, em 1956, quando tinha 29 anos. Apaixonou-se pelo país, de onde não saiu mais, radicando-se em Pernambuco. Oscar Niemeyer era um de seus principais admiradores. Os dois trabalharam juntos por décadas.
