Só há uma profissão no jornalismo: a de repórter. Editor é cargo — não é profissão. Aqueles profissionais que perdem o hábito de escrever, sem estabelecer conexões diretas com a realidade, podem até, eventualmente, se tornarem chefes, mas dificilmente continuarão repórteres.

Marcos Aurélio entrevista o então deputado federal Ronaldo Caiado, em 2009 | Foto: Arquivo pessoal

Marcos Aurélio Silva, de 38 anos, goiano de Hidrolândia, é, acima de tudo, um repórter. Dos mais atentos. Fala com todo mundo, é criterioso ao expor o que lhe disseram, confrontando versões e dando aos leitores a informação mais precisa. Trata-se de um checador sério e rigoroso.

Marcos Aurélio com os editores da edição Online, Aline Bouhid e PH Motta | Foto: Jornal Opção

No Jornal Opção, nos últimos dois anos, Marcos Aurélio operou como repórter, editor-executivo — ao lado de Elder Dias, outro excelente jornalista e caráter — e, na coluna Ponto de Partida, como articulista.

Formado em Jornalismo pela Fasam, Marcos Aurélio começou a trabalhar no diário “O Estado de Goiás”. Lá permaneceu oito anos. Era zagueiro e atacante, quer dizer, fazia tudo. O jornal deixou de circular.

A experiência com assessoria começou na Câmara Municipal de Anápolis, onde ficou um ano. Depois, trabalhou na assessoria de imprensa do deputado federal Rubens Otoni, do PT. “Rubens é municipalista e um deputado infatigável”, assinala Marcos Aurélio.

Durante quatro anos, Marcos Aurélio assessorou o então prefeito de Anápolis, Antônio Gomide, do PT. “Eleito e reeleito, Gomide foi um gestor eficiente e correto. Por ter autoridade, ele sabe gerir uma equipe e tirar o melhor dela, o que, creio, é o papel do verdadeiro líder”, sublinha.

Euler de França Belém e Marcos Aurélio Silva entrevistam o senador Jorge Kajuru | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Sempre em busca de experiências novas, o que o tornou um profissional cada dia mais completo e complexo, Marcos Aurélio começou a trabalhar na TV Record, em Goiânia, em 2013. “Entrei como produtor. Fui editor, editor-chefe e, por fim, coordenador de rede.”

Os dez anos em que trabalhou na Record transformaram o jornalista, que se tornou ainda mais profissional. “Tudo em televisão é rápido, para ontem — o que me transformou num jornalista mais ágil na apuração. A Record foi uma grande experiência.”

Marcos Aurélio diz que “a estrutura da emissora é ampla e a cobertura é feita em todo o Estado. Nós fizemos grandes coberturas, que foram acolhidas na rede, em termos nacionais, com extremo sucesso. Cito a prisão do serial killer Tiago Henrique Gomes da Rocha, que matou várias mulheres e foi preso em 2014; a morte do cantor Cristiano Araújo; a procura do criminoso Lázaro Barbosa e as mortes dos políticos Maguito Vilela e Iris Rezende, em 2021”.

Marcos Aurélio Silva e Italo Wolff entrevistam a secretária de Cultura, Yara Nunes | Foto: Leo Iran

Em 2022, na Record, Marcos Aurélio pôde mostrar outra faceta de seu imenso talento. Convocado pela direção, ele fez comentários sobre pesquisas eleitorais. “Foi uma realização”, conta.

Em 27 de janeiro de 2020, ainda que permanecendo na Record, Marcos Aurélio voltou ao jornalismo impresso — talvez sua maior vocação. Ao receber um convite da jornalista Mayara Carvalho, então editora do Jornal Opção Online — sim, o Jornal Opção é diário —, o jornalista não pestanejou. Assumiu a edição do jornal no período vespertino. Ficou seis meses e, convidado para substituir Rodrigo Hirose — outro profissional de primeira linha, que voltou ao “O Popular” —, não titubeou. Ficou dois anos como editor-executivo.

Um dos maiores desafios de Marcos Aurélio foi, ao lado dos colegas, tornar o jornal factível durante a fase aguda da pandemia da Covid-19, quando todos os repórteres começaram a trabalhar a partir de suas casas. “Fazer o jornal no sistema de home office parecia muito difícil, mas, com habilidade e compreensão de todos, conseguimos manter a qualidade das reportagens e das análises.”

Marcos Aurélio apresentando e discutindo pesquisa eleitoral na eleição de 2022 | Foto: Arquivo pessoal

Convidado para ser o titular da coluna Ponto de Partida, Marcos Aurélio diz que demorou um pouco para engrenar. “Comecei a observar bem os artigos dos colegas e de articulistas de outros jornais. Logo eu estava escrevendo sobre qualquer assunto, e com ampla liberdade, como ocorre no Jornal Opção. Nosso lema no jornal foi sempre escrever criticamente, mas com responsabilidade.” De fato, o jornalista é um articulista posicionado e, ao mesmo tempo, equilibrado.

Depois, convocado para me auxiliar na coluna Bastidores, ao lado de Elder Dias, Marcos Aurélio revelou-se um autor de notas de excelente qualidade. “Percebi, de cara, que a coluna Bastidores contempla dois aspectos importantes. Primeiro, notas analíticas, expondo e examinando o quadro político. Segundo, dando informações exclusivas, sempre um passo adiante dos demais jornais. Por isso a coluna é tão lida e citada, em todo o Estado, e até copiada.”

Italo Wolff: editor-executivo do Jornal Opção | Foto: Facebook

“No Jornal Opção, como repórter, editor, articulista e colunista, aprendi que é preciso ficar em constante contato com as fontes, ouvindo-as repetidas vezes. E é preciso cativá-las. Posso dizer que aprendi isto no Jornal Opção”, pontua Marcos Aurélio, que é casado e tem uma filha.

Ah, sim, eu ia me “esquecendo” de informar: em busca de novas experiências e desafios, Marcos Aurélio deixou o Jornal Opção na semana passada e vai trabalhar como assessor de imprensa de Daniel Vilela. O vice-governador terá um craque ao seu lado: inteligente, discreto e agregador. Gente do bem e de bem.

Na redação, ao conversar comigo e com Patrícia Moraes, Marcos Aurélio nos ouviu dizer: “Boa sorte. Pense não em adeus, e sim em até logo”.

Na redação, Marcos Aurélio foi substituído pelo jornalista Italo Wolff, que, além de escrever bem, é um sábio na área de ciências e um tradutor (e leitor, por exemplo, de Cormac McCarthy e Ludwig Wittgenstein) de primeira linha, notadamente do inglês. Poucas vezes vi um jornalista tão concentrado no que faz e tão rigoroso em suas reportagens e artigos.