Major Curió revela que ordem para matar na Guerrilha do Araguaia foi do Palácio do Planalto
07 maio 2018 às 17h56
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O general Milton Tavares, ligado ao ministro do Exército, mantinha um oficial no cenário da guerrilha, o coronel Léo Frederico Cinelli, com o objetivo de matar todos os guerrilheiros
“Mata! — O Major Curió e as Guerrilhas no Araguaia” (Companhia das Letras, 443 páginas), do jornalista Leonencio Nossa, é um livro fundamental sobre o conflito ocorrido de 1972 a 1974 entre militantes do Partido Comunista do Brasil e as Forças Armadas, com predominância do Exército, numa região que abrange dois Estados, Tocantins (na época, Goiás) e Pará, e alguma ramificação no Maranhão.
Leituras apressadas certamente concluirão que o trabalho, por utilizar o famoso dossiê do major Sebastião Rodrigues de Moura, Curió, é “dependente” de suas informações. Não é. O arquivo do militar é a base para uma investigação rigorosa e nuançada sobre o combate e suas consequências. Pode-se dizer que Leonencio Nossa serve-se do cobiçado dossiê, mas não serve ao tenente-coronel. Há momentos em que o repórter rigoroso confronta as versões e apresenta outras, nuançando as situações apresentadas.
Há aspectos interessantes, mas, como o foco é a Guerrilha do Araguaia (com iniciais maiúsculas), tendem a escapar aos resenhistas. Nota-se que a região era menos isolada do que diagnosticou o Partido Comunista do Brasil. A área estava ocupada e com vários tipos de problemas, como conflitos agrários. Talvez até pelo simbolismo de uma guerra contra comunistas, com grande movimento de tropas, as outras guerrilhas — daí a propriedade do título — foram esquecidas. Havia uma guerrilha antes da “principal”, a “escolhida” para figurar na história”, e outra guerrilha posterior ao conflito, que persiste até hoje, com mortes de camponeses e religiosos. Uma informação curiosa: a guerrilha tinha seu guia espiritual, Pedro do Olho Só, que depois bandeou-se para o lado dos militares. Que comunistas-ateus e anticomunistas-religiosos tenham compartilhado o mesmo guia espiritual, em ocasiões diferentes, não deixa de ser o aspecto cômico da tragédia.
O autor percebe que os comunistas, embora tenham conquistado o apoio de camponeses, trataram (tratam) eles como aliados aparentemente de segunda categoria, como “elementos da massa” — um grupo à parte. Tudo indica que os guerrilheiros desconfiavam do nível de consciência do povo para o qual tentavam fazer a revolução. A obra relata a história de um jovem que entrou para a guerrilha à força. Chegou a ser espancado, pois os comunistas suspeitavam que não tinha condições morais e intelectuais, por não ser esquerdista escolado, de se tornar guerrilheiro.
Outra questão: os generais não falam sobre a Guerrilha do Araguaia, exceto episodicamente, como se não tivessem qualquer responsabilidade sobre o que aconteceu na selva. Devido ao silêncio dos comandantes, que sugerem que a barbárie do Araguaia teria sido “coisa de militares e mateiros” sádicos, alguns oficiais decidiram falar. Eles estão dizendo, como Curió, que as ordens para não deixar sobreviventes eram oriundas de Brasília, do comando do Exército e do presidente da República (a lei era “institucional”, não era da selva). Mesmo comandando a distância, o chefe do Centro de Informações do Exército, general Milton Tavares, Miltinho, não queria sobreviventes. “A ordem dos escalões superiores era [para] exterminar a guerrilha”, confirma Curió — daí o “Mata!” do título do livro. O coronel-aviador Pedro Correia Cabral, entrevistado pelo Jornal Opção, em 1997, disse o mesmo: “As ordens para matar eram de Medici” (presidente substituído pelo general Ernesto Geisel). O livro “Lei da Selva” (Geração Editorial, 386 páginas), dissertação de mestrado apresentada na Universidade de Brasília pelo jornalista Hugo Studart, conta que Miltinho pediu ordens para o ministro do Exército, Orlando Geisel, e este disse que conversaria com o presidente Emilio Garrastazú Medici. Depois, convocou o general e disse: “Não sai ninguém da área”. Era a ordem para matar todos os guerrilheiros, inclusive os prisioneiros.
Miltinho recebe Curió no aeroporto
O leitor que duvidar da forte ligação entre Curió e a cúpula do Exército deve ler a página 173. Mesmo ferida, a guerrilheira Sônia, Lúcia Maria de Souza, travou um combate duro com o grupo dos majores Lício Maciel e Curió, em outubro de 1974. Ela atirou e feriu Lício Maciel, no rosto e numa mão, e Curió, num braço. O sargento José Conegundes, Cid, perguntou: “Qual é o seu nome?” A jovem respondeu: “Guerrilheira não tem nome”. Foi metralhada por Cid e pelo subtenente João Pedro do Rego, Javali Solitário. Na versão de Curió, a resposta da guerrilheira é maior: “Deus, o que é isso? O que é isso? Guerrilheiro não tem nome. O que é isso…”. Em Brasília, “Curió foi recebido no aeroporto por Miltinho”. Sim, o poderoso Miltinho, chefe do Centro de Informação do Exército, ligado ao presidente Emilio Garrastazú Medici e ao ministro do Exército, Orlando Geisel, não enviou representante, foi pessoalmente receber o “herói” Curió no aeroporto.
“General, quero voltar para o combate”, disse Curió ao homem, Miltinho, que havia dado a ordem para acabar com a guerrilha e liquidar os comunistas fisicamente. “Só quando você der uma cortada numa bola de vôlei”, frisou o general. “Após vinte dias de tratamento, Curió foi ao gabinete de Miltinho com uma bola de vôlei. Na frente do general, pediu ao coronel Léo Etchegoyen que levantasse a bola. Curió fez o corte. A bola bateu na cortina”, relata Leonencio Nossa. Miltinho: “Etchegoyen, bota esse maluco no primeiro avião para o Araguaia”. A informação do livro mostra a intimidade de um general de proa, do grupo do ministro do Exército, com um dos “executores” dos guerrilheiros no Araguaia.
Por falar “muito”, por ter se apresentado como o militar que liquidou a Guerrilha do Araguaia — o exagero até agradava os comandantes militares, como os presidentes Emilio Garrastazú Medici e Ernesto Geisel, os ministros do Exército, Orlando Geisel, Dale Coutinho e Sylvio Frota, além do chefe do Centro de Informações do Exército —, Curió ficou com má fama e, ao longo do tempo, se tornou uma figura “execrável”. Na página 410, Leonencio Nossa apresenta o “Organograma dos comandantes do Araguaia”, citando os militares acima, e acrescentando outros nomes. Uma das revelações é o nome do tenente-coronel Léo Frederico Cinelli como chefe do Centro de Informações e Triagem (em Marabá). O nome já havia sido mencionado no livro “O Coronel Rompe o Silêncio” (Objetiva, 233 páginas), depoimento do coronel Lício Augusto Ribeiro Maciel ao jornalista Luiz Maklouf Carvalho, mas Leonencio adiciona informações. A rigor, Léo Cinelli era o chefão do combate à Guerrilha do Araguaia — o homem de Miltinho Tavares no cenário da guerrilha. Seu nome não é citado nos principais livros que contam a história da guerrilha: “Lei da Selva — Estratégias, Imaginário e Discurso dos Militares Sobre a Guerrilha do Araguaia”, de Hugo Studart, “Operação Araguaia — Os Arquivos Secretos da Guerrilha” (Geração Editorial, 656 páginas), de Eumano Silva e Taís Morais, “A Ditadura Escancarada” (Companhia das Letras, 507 páginas), de Elio Gaspari, e “Sem Vestígios — Revelações de um Agente Secreto da Ditadura Militar Brasileira” (Geração Editorial, 239 páginas), de Taís Morais.
O relato de Curió sobre Léo Cinelli, um oficial “fascinado por Platão”: “O comando da Casa Azul [o centro do poder no Araguaia] gerenciava as áreas sul, do Sarazal para baixo, operada pelos paraquedistas, e norte, para cima, operada por nós, tropas convencionais. No papel, quem mandava era Flávio de Marco, o doutor Caco, subordinado ao ministro do Exército, Orlando Geisel. De Marco era figura decorativa. Quem mandava mesmo era o oficial do Centro de Triagem [Cinelli], a ss, subordinado apenas ao general Milton Tavares, o Miltinho, do Centro de Informações do Exército. A ss tinha plenos poderes”.
Militares pagavam por cabeças cortadas
A selvageria dos mateiros, que cortavam o “bico do papagaio” dos guerrilheiros, era incentivada e financiada pelos oficiais do Exército, que tinham autorização de Brasília para o massacre
“O horror! O horror! O horror!” O que está dito no romance “Coração das Trevas”, do escritor anglo-polonês Joseph Conrad, serve para o final da Guerrilha do Araguaia (1972-1974). No início, havia uma guerra e algumas mortes decorreram dos combates, nos quais os dois lados corriam riscos. Na guerra, costuma-se dizer, chumbo trocado não dói. A partir de certo momento, quando não havia mais guerra e guerrilheiros trafegavam famintos pela selva, à procura de alimentos — alguns se renderam enganados pela propaganda militar de que, se se entregassem, seriam bem tratados —, um grupo de militares, com autorização do governo militar, começou a carnificina, torturando e matando os jovens esquerdistas que acreditaram insanamente na teoria do foco do Partido Comunista do Brasil. (O médico Paulo Paquetá, um dos guerrilheiros sobreviventes, diz que a cegueira era tão grande que alguns de seus companheiros acreditavam na infalibilidade da Comissão Militar. Os ateus constituíram uma espécie de religião laica.) Matar prisioneiros indefesos, que não ofereciam mais qualquer resistência e perigo, é inominável, não há justificativa plausível.
Em 1997, quando o ex-soldado Goiamérico Felício, hoje professor da Universidade Federal de Goiás, disse ao Jornal Opção que pelo menos um militar cortava orelhas de prisioneiros e as exibia no cinto, o ex-sargento José Pereira concedeu uma entrevista ao jornal e contestou-o. O excelente livro “Mata! — O Major Curió e as Guerrilhas do Araguaia” (Companhia das Letras), do jornalista Leonencio Nossa, apresenta um depoimento do tenente da reserva José Vargas Jiménez, que “viu os corpos de Zé Carlos, Alfredo, Zebão e Landim expostos ao sol”: “Estavam cheirando mal. Um dos meus soldados foi até um dos cadáveres e com sua faca cortou um dos dedos, retirou o resto da carne que já estava em decomposição, ficando somente com os ossos, que pendurou no seu pescoço, dizendo: ‘Esse amuleto é meu troféu de guerra!’”.
O mateiro Sinésio Martins Ribeiro relata que Arildo Valadão, Ari, teve a cabeça cortada e levada para os militares. “Na guerra, não se falava em arrancar cabeça. A gente falava que era bico do papagaio.” Um comandante militar não quis receber a cabeça do guerrilheiro: “Não quero nem ver”. Outro comandante, “o doutor César, codinome do oficial José Teixeira Brant, pagou pela cabeça de Arildo”. (César atuou também na famosa Casa da Morte, em Petrópolis, de onde apenas uma presa, Inês Etienne, escapou com vida, porque simulou que havia aderido à causa dos militares.)
O guerrilheiro Adriano Fonseca Fernandes Filho, Chicão, morto pelo guia Raimundo Severino, teve a cabeça cortada “por ordem” do doutor Silva (o sargento Ulke). “O corpo de Chicão” — sem a cabeça, que foi levada para Marabá, para identificação — “ficou na mata”. Em seguida, mataram Jaime Petit. Relato do mateiro Sinésio Martins: “Tiramos o bico do papagaio”.
Áurea Valadão, capturada e sem oferecer nenhum perigo, recebeu um tiro no peito. O sargento Santa Cruz relata que Suely Yumiko Kanayama, Japonesa ou Chica, “foi interrogada [torturada] na base [militar] e depois recebeu injeção letal”.
A execução da guerrilheira Dina
A geóloga Dinalva Oliveira Teixeira, Dina, é um mito da Guerrilha do Araguaia. A população da região dizia que atirava bem e que virava borboleta. Era a Osvaldão de saia. Curió tenta enrolar Leonencio Nossa e diz: “Eu já lhe contei como matei a Dina num combate”. O repórter contrapõe: “Viram a Dina presa. Não morreu em combate. Foi executada de forma covarde. O mesmo ocorreu com Luiza Garlippe, a Tuca”. Curió “corrige” a informação: “Não atirei. A Dina e a Tuca foram capturadas vivas. Um camponês revelou que escondia as duas. Elas queriam fugir da área. Combinei com ele o dia em iria ajudá-la a sair do Araguaia”. Com um tenente e o mateiro Arlindo Piauí, prenderam Dina e Tuca. “A Dina chegou a sacar a arma, revólver niquelado, com cabo de madrepérola.” Leonencio assinala que muitos dos feitos de Dinaelza Soares Santana Coqueiro, Maria Dina, foram atribuídos a Dinalva Teixeira. Ao ser presa, cuspiu no rosto de Curió e disse: “Vocês foram truculentos, covardes”. Foi executada pela equipe do major.
Dina, ao contrário do que “disseram por aí, não estava grávida”, na versão de Curió. “Nunca entreguei guerrilheiro sem a presença de testemunha. Eu não as matei. Não as vi mais. Quem deve falar sobre isso é o tenente-coronel que chefiava o Centro de Triagem e Informações”, afirma o coronel. O nome do oficial é Léo Frederico Cinelli, que não quis apresentar sua versão ao repórter.
Uma história curiosa sobre Osvaldão: em 1970, Vavá Mutran, dono de um castanhal, convidou-o para disputar mandato de vereador em São João do Araguaia. Detalhe: pela Arena. Apesar do mito, Osvaldão, por ter sugerido um recuo, passou a ser considerado pelos líderes da guerrilha como “homem defensivo”.
A história da morte de Mundico — que, ao proteger Áurea, teria provocado a fúria de Dina — tem pelo menos duas versões. Primeira: teria sido justiçado por Dina. Segunda, apresentada pelo livro de Leonencio Nossa: “Certo dia, Mundico apareceu morto com tiro disparado da própria espingarda”. Ele teria se matado. Soldados desenterraram o corpo e, para identificá-lo, cortaram sua cabeça. Eles estavam “em busca de um colega desaparecido”.
General Miltinho ficou com pistola de Osvaldão
“No Araguaia, Curió presenteou o general Miltinho [Tavares] com a pistola Royal 7.63 milímetros, da alemã Luger, que era de Osvaldão [Osvaldo Orlando da Costa], e ao general [Antônio] Bandeira entregou o revólver com cabo de madrepérola de Dina [Dinalva Oliveira Teixeira].
“Curió recebeu das mãos do ministro do Exército, Orlando Geisel, a Medalha do Pacificador, homenagem ao duque de Caxias. O cerimonial pediu a Curió que cortasse os cabelos para ir à solenidade. Voltava a usar uma farda, costume que perdera desde a Operação Sucuri. Nas entrevistas, Curió costuma dizer que ‘muita gente’ tem a medalha, mas só a dele traz a palma — a medalha com a figura de uma palma tem mais valor simbólico. Outros treze agentes receberam a medalha com palma.”
(Trecho extraído do livro “Mata! — O Major Curió e as Guerrilhas do Araguaia”, página 218, do jornalista Leonencio Nossa, repórter do jornal “O Estado de S. Paulo”. O título “General Miltinho ficou com pistola de Osvaldão” é de responsabilidade do Jornal Opção.)
Unidade do livro é “costurada” com rara mestria
O livro de Leonencio Nossa é muito bem escrito e amarrado. À primeira vista, parece fragmentário. Na verdade, tem unidade, costurada com rara mestria. Não deixa de ser instigante que, embora pouco afeito a questões teóricas, às vezes escreve mais como antropólogo do que como jornalista e historiador. Há uma ligeira estocada nos filhos de militares que escreveram sobre a guerrilha.
As aproximações que faz entre outras guerrilhas, como Canudos e Cabanada, são excepcionais. Descobre parentescos e nomes parecidos entre os participantes das várias guerrilhas com precisão.
Há alguns erros, que podem ser corrigidos nas próximas edições. Micheas Gomes Almeida, o Zezinho do Araguaia, não é goiano. É paraense. Mas procede que sua militância no PC do B se deu em Goiás. O nome é Michéas, com acento. O índice onomástico relaciona Micheas Almeida e Miqueias Gomes de Almeida. É uma pessoa só. O índice menciona o goiano Divino Ferreira de Souza apenas na página 414. Ele é citado, como Nunes, seu codinome, nas páginas 133, 135 e 163. O personagem de Guimarães Rosa, no romance “Grande Sertão: Veredas”, não é José “Rebelo”, e sim Zé Bebelo.
Major Curió garante que “tentaram” matá-lo
O militar diz que Helio Navarro, Edinho, foi morto pelos militares depois de ter sido preso
A história do guerrilheiro Helio Luiz Navarro de Magalhães, Edinho, é uma das mais controversas. Militantes da esquerda dizia que havia sobrevivido e chegaram a sugerir que lidava com garimpo em Mato Grosso. A versão do Major Sebastião: “Edinho está morto. Ele era um jovem idealista. Queria salvá-lo. Ele e o Duda caíram numa emboscada. Mesmo preso, Duda vivia rindo. Ele dizia: ‘Sou tão novo para entrar nessa fria’. Um militar falou: ‘É novo mesmo que tu vais morrer’. Duda ria. Era muito brincalhão e extrovertido. Edinho era sério. (…) Edinho e Duda não poderiam ter aquele fim. Me falaram que o Edinho ia para Brasília. Não foi. Quando soube que eles tinham sido mortos, fui lá falar com o chefe da ss. Foi minha briga com o tenente”. Edinho, filho de militar, teria sido morto em 14 de março de 1974.
Uma história estranha contada por Curió: “O Edinho me contou que o Ângelo Arroyo, um dos líderes da guerrilha, pôs um facão em cima de um mapa e disse: ‘Vou sair para cá, porque tenho uma missão’. E mandou os dois [Edinho e Duda] para a área onde o Exército estava. Arroyo seguiu outro rumo. Era contrainformação. Os dois seriam presos e contariam qual o rumo tomado por ele”.
Curió garante que, talvez por falar que tinha um dossiê, e que pretendia um livro, “tentaram” mata-lo, fabricando um acidente de avião. Como “queima de arquivo”. “Mataram outros. O Ivan foi morto no Rio. Falou demais.” Ivan era o agente Joaquim Artur Lopes de Souza, “personagem” principal do livro “Sem Vestígios”, da jornalista Taís Morais. Foi assassinado a pauladas, no Rio de Janeiro.
Militar participou da execução do ex-sargento Onofre Pinto
O livro “Onde Foi Que Vocês Enterraram Nossos Mortos?” (Travessa dos Editores, 366 páginas), de Aluízio Palmar, conta a história de como o ex-sargento Alberi Vieira dos Santos (a)traiu o ex-sargento Onofre Pinto, da Vanguarda Popular Revolucionária, e revela que a ordem para matar era, mais uma vez, do indefectível general Milton Tavares, do Centro de Informação do Exército e homem de confiança do ministro do Exército, Orlando Geisel. A história de Palmar é confirmada pelo livro de Leonencio Nossa.
O oficial José Teixeira Brant, que comandou a execução da guerrilheira Dina (Dinalva Conceição Oliveira Teixeira), dirigiu a patrulha que massacrou guerrilheiros no Paraná, entre eles o argentino Enrique Ruggia. “Onofre foi capturado. Por telefone, Miltinho determinação sua execução. O corpo foi jogado no Rio São Francisco Falso, onde se formou o lago de Itaipu.” Sebastião Curió estava no local. “Participei apenas em parte”, ressalva.
[Resenha publicada na edição 1930 de 1 a 7 de julho de 2012]
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