Major Curió revela pela “primeira” vez que matou dois prisioneiros na Guerrilha do Araguaia

17 outubro 2015 às 03h03
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O militar garante que Antônio Theodoro Castro e Cilon Cunha Brum foram mortos porque fugiram
A revista “IstoÉ” conta que o Sebastião Rodrigues, o major Curió [foto ao lado], de 77 anos, revelou, pela “primeira vez”, na Justiça Federal de Brasília, “que matou dois prisioneiros na Guerrilha do Araguaia” — o cearense (de Itapipoca) Antônio Theodoro Castro (havia cursado farmácia na Universidade Federal do Rio de Janeiro), o Raul (Téo, Ceará), e o gaúcho Cilon da Cunha Brum, o Simão (Comprido, Gaúcho, Guedes). Cilon teria morrido em 27 de fevereiro de 1974. Castro foi morto em janeiro ou fevereiro de 1974
Curió admitiu que os corpos foram enterrados por um capataz. No depoimento à Justiça, forneceu o local onde foram enterrados os dois guerrilheiros. O militar alega que Castro e Brum [foto ao lado] tentaram fugir e, por isso, foram mortos. Por isso, não aceita a tese de execução. Há informações de que pelo menos Brum não ofereceu nenhuma resistência.
“IstoÉ” informa que “Curió tentou se valer de um atestado médico para não comparecer ao fórum mas foi expedido contra ele mandado de condução coercitiva por meio da PF”.
“Mata! O Major Curió e as Guerrilhas do Araguaia”, de Leonencio Nossa, é o livro mais esclarecedor sobre a participação do militar na cruenta batalha que ocorreu entre o Tocantins, na época Goiás, e o Pará, entre 1972 e 1974. Saiu em 2012 pela Editora Companhia das Letras.
Leonencio registra: Curió “… deu detalhes do fuzilamento dos guerrilheiros Raul, Simão, Lauro e Carretel: ‘Não viram quando disparamos as armas’”.
A Leonencio, Curió disse: “Nunca entreguei guerrilheiro sem a presença de testemunha. Eu não as matei. Não as vi mais. Quem deve falar sobre isso é o tenente-coronel que chefiava o Centro de Triagem e Informações” (Léo Frederico Cinelli). Agora, mudou de ideia.
Curió disse que, com o apoio de Japonês, Mozart, Ivan, levou os guerrilheiros Raul [foto ao lado], Simão e Lauro, além de um morador da região, Carretel, “ligado à guerrilha”, para, supostamente, “localizar uma área de depósitos de mantimentos”. Houve um encontro entre patrulhas do Exército e os guerrilheiros, na versão de Curió, teriam tentado fugir. “Atingi Raul no peito”, admite Curió. Quer dizer, não é a primeira vez que admite que matou prisioneiro na guerrilha.
Simão “foi executado na mata”, informa o livro de Leonencio.