Mais que um livro, “Ócio Criativo”, de Domenico De Masi, deveria ser um guia

10 setembro 2023 às 01h03

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Trabalho e lazer integrados; desenvolvimento pessoal; equilíbrio entre vida pessoal e profissional; economia do conhecimento; importância da contemplação. Esses são pontos-chave do conceito de ócio criativo, que foi elaborado pelo sociólogo italiano Domenico De Mais, que morreu neste sábado, 9.
Com um pé no estilo de vida dos filósofos da Grécia Antiga, seu pensamento representou uma mudança de paradigma na maneira de ver tempo livre e produtividade. Para o intelectual – que era amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), inclusive tendo-o visitado na prisão em Curitiba –, o ócio não é apenas uma pausa do trabalho, mas uma oportunidade para o autodesenvolvimento, a criatividade e a realização pessoal.
Um conceito que tem influenciado as discussões sobre gestão do tempo e bem-estar no trabalho em todo o mundo e sua aplicação, pelo menos em parte, por gigantes do mundo empresarial, como o Google.
Em junho deste ano, Lula retribuiu a visita ao amigo: encontrou-se com De Masi em Roma e conversaram sobre a conjuntura política no Brasil e na Itália, além da premência da paz na Europa e mundo todo.
Um dos pensadores mais influentes do final do século passado, ele foi professor emérito de sociologia do trabalho na Universidade Sapienza de Roma e reitor da Faculdade de Ciências da Comunicação da mesma instituição. De Masi morreu aos 85 anos, em Roma. A sua maneira, foi produtivo até o fim da vida. Segundo a imprensa italiana, ele descobriu que estava doente apenas em 15 de agosto, durante suas férias em Ravello, na Costa Amalfitana.
Entre suas obras, além de O Ócio Criativo, 1995, também estão Desenvolvimento Sem Trabalho, A Emoção e a Regra e O Futuro do Trabalho. O sociólogo nasceu em Rotello, uma pequena comuna de 1,3 mil habitantes, e tinha o título de cidadão honorário do Rio de Janeiro.