Maior historiador vivo do Brasil, Evaldo Cabral de Mello anuncia que não vai mais escrever livros
11 maio 2015 às 15h50
COMPARTILHAR
“Velhice é um negócio muito estranho. Você perde a curiosidade, perde a saúde. Perde, o que é mais grave, a memória”
Rafael Cariello, da revista “Piauí”, escreveu um belo perfil — “O casmurro” — do maior historiador brasileiro vivo, Evaldo Cabral de Mello, de 79 anos, autor dos livros “A Outra Independência” e “Olinda Restaurada”. O irmão do poeta João Cabral de Melo Neto, ambos diplomatas, disse que não vai escrever mais livros.
“Eu já não escrevo. Já peguei meus livros e já me desfiz deles. Não vou escrever mais. Não tenho mais condições de saúde. E a cabeça já não funciona com rapidez e a lucidez de uma pessoa jovem”, afirma Evaldo Cabral de Mello.
O repórter insistiu, ecoando o interesse de historiadores e leitores das valiosas obras de Evaldo Cabral de Mello, e a resposta não mudou: “Não. Não tenho condições. Não tenho mais prazer em escrever. Não tenho mais curiosidade. A velhice é um negócio muito estranho. Você perde a curiosidade, perde a saúde. Perde, o que é mais grave, a memória. Há dois ou três anos, quando me detectei trocando fatos, episódios, pensei: está na hora de parar. É um negócio que você fica meio deprimido”. O pesquisador contou que toma medicamento para depressão.
O escritor americano Philip Roth, de 82 anos, escreveu um pequeno romance, “Homem Comum”, no qual o narrador sugere que “a velhice é um massacre”. Difícil discordar.