A Veja” relata que “os gurus do mercado financeiro passaram a alimentar nos últimos dias outra fantasia: o retorno do câncer de Lula”

Robson Bonin, editor da coluna “Radar”, da revista “Veja”, publicou uma nota na terça-feira, 26, com o seguinte título: “O câncer de Lula voltou? O mais novo boato na Faria Lima” (rua do capital financeiro em São Paulo).

Segundo a “Veja”, “os gurus do mercado financeiro passaram a alimentar nos últimos dias outra fantasia: o retorno do câncer de Lula”. No Facebook, recentemente, um jornalista também publicou um longo texto sobre o assunto.

Porém, aliados de Lula da Silva sustentam que se trata de mais uma fake news sobre o ex-presidente; no momento, o mais forte candidato a presidente da República (lidera todas as pesquisas sérias de intenção de voto). Aos 76 anos, garantem auxiliares, o petista-chefe “está em plena saúde”. Terá 77 anos no ano da eleição. E, se for eleito, terminará o mandato com 81 anos.

Lula da Silva: em debate a sua saúde | Foto: Twitter do petista

A revista lembra que, em 2011, Lula da Silva se tratou de um câncer na laringe. “O tratamento foi um sucesso e ele, segundo os exames de rotina, está curado”, relata Robson Bonin.

A motivação do boato é, claro, reduzir a popularidade de Lula da Silva e criar expectativa de poder para um candidato da terceira via. Ora, se o candidato da terceira via — Rodrigo Pacheco (o novo queridinho do mercado financeiro), Sergio Moro, Luiz Henrique Mandetta, João Doria, Eduardo Leite, José Luiz Datena — precisa, para crescer, de fakes news, é sinal de que, na verdade, não está nada bem.

Agora, uma pergunta decisiva: se é boato, nós, das revistas e dos jornais — inclusive o Jornal Opção —, ao abrirmos espaço para a maledicência, no lugar de condená-lo, não estamos contribuindo para divulgá-lo e, portanto, para torná-lo notícia? Não seria melhor ignorá-lo ou localizar sua origem (porque é impreciso falar genericamente da Faria Lima) e explicitá-la?

Susan Sontag

Os que espalham o suposto boato de que Lula da Silva está com câncer deveriam ler os ensaios “Doença como Metáfora” e “Aids e Suas Metáforas”, da ensaísta americana Susan Sontag e publicados num único volume pela Editora Companhia das Letras, com tradução de Paulo Henriques Britto e Rubens Figueiredo.