Livro resgata a história dos nazistas que escaparam para a Argentina, Paraguai e Brasil

24 setembro 2016 às 10h12
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Judeu que sobreviveu ao campo de extermínio identificou os nazistas Franz Stangl e Gustav Wagner. Ele morava em Goiânia
“Nazistas Entre Nós — A Trajetória dos Oficiais de Hitler Depois da Guerra” (Contexto, 191 páginas), do historiador e jornalista Marcos Guterman, é um excelente relato sobre a presença de importantes aliados de Adolf Hitler na Argentina, no Paraguai e no Brasil. Aponto um senão: o capítulo sobre Albert Speer, que nunca esteve na América Latina, escapa ao escopo do livro.
Guterman relata que, além da proteção do presidente da Argentina, Domingo Perón, vários nazistas, como Klaus Barbie, Josef Mengele, Adolf Eichmann, Franz Stangl e Gustav Wagner, conseguiram escapar e sobreviver em vários países porque conseguiram o apoio de padres e bispos da Igreja Católica e também dos governos da Alemanha e dos Estados Unidos. Dada a Guerra Fria, a batalha travada entre Estados Unidos e União Soviética, nazistas experimentados, sobretudo da área de espionagem-informações, foram aproveitados pelas potências capitalistas. Nazistas, mostra o livro, moraram nos Estados Unidos, vinculados à CIA e ao FBI, sem nenhum problema. Cientistas nazistas também foram recrutados pelo governo americano.
Franz Stangl e Gustav Wagner viveram tranquilamente no Brasil — o primeiro trabalhou na Volkswagen — e só foram descobertos e denunciados graças aos caçadores de nazistas. O judeu Stanislaw Szmajzner, um dos líderes da revolta do campo de extermínio de Sobibor, na Polônia, morava em Goiânia quando leu informações sobre as prisões dos dois nazistas. Ele foi decisivo para identificá-los.