Tevês americanas chegaram a financiar a construção de túneis com o objetivo de ter exclusividade na divulgação das fugas

Foto: Divulgação

Ditaduras, por mais cruentas que sejam, não conseguem segurar as pessoas. Reprimem, prendem e, até, matam. Mas as pessoas resistem. Os comunistas criaram o Muro de Berlim para separar as duas Alemanhas — a socialista e a capitalista. A Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental (socialista) não poderiam se comunicar. Era a determinação da política stalinista sem Stálin. Mas os indivíduos reagiram e até construíram túneis — debaixo do muro — para liberar parentes, namorados e amigos. A história é contada no livro “Os Túneis — A História Jamais Contada das Espetaculares Fugas Sob o Muro de Berlim” (Vestígio, 352 páginas, tradução de Carolina Caires Coelho), de Greg Mitchell.

Numa espécie de aventura quase quixoteca, as redes CBS e NBC, dos Estados Unidos, chegaram a financiar a construção de túneis. O objetivo era documentar e, seguida, divulgar, de maneira exclusiva, as fugas cinematográficas.

O presidente John Kennedy não autorizou a ação das redes de televisão. “Um muro é melhor do que uma guerra”, disse o líder democrata. “Nós não nos importamos com Berlim Oriental”, acrescentou. Importavam, sim, mas os Estados Unidos não tinham força suficiente, no sentido de dissuasão, para se contraporem a ação comunista no Leste Europeu. Então, no lugar de intervir, era mais inteligente manter-se a distância.