O pesquisador inglês Ben Lewis assegura que as piadas foram importantes para mostrar o fracasso das ações dos governantes comunistas, como Stálin e Leonid Brejnev, e para desnudar sua propaganda

Este livro garante que os piadistas foram “revolucionários” que contribuíram para minar e derrubar o sistema comunista na União Soviética e noutros países
Este livro garante que os piadistas foram “revolucionários” que contribuíram para minar e derrubar o sistema comunista na União Soviética e noutros países

“Foi-se o Martelo — A História do Comu­nis­mo Con­tada em Piadas” (Record, 430 páginas, tradução de Márcio Ferrari), de Ben Lewis, é um livro sério e, ao mesmo tempo, divertido. As piadas contribuíram para a queda do comunismo na União Soviética e nos países do Leste Europeu? É provável que sim. Elas demonstravam o desânimo da população com seus governos e suas promessas vãs. Igualdade social? A Nomenklatura, ou nova classe, tinha uma vida principesca, e o povo sabia disso e a denunciava via piadas. “Aos poucos, mas vigorosamente, as piadas minaram a força dos líderes do comunismo”, anota Lewis. Talvez haja algum exagero, mas as piadas refletiam que a União Soviética e os países satélites não funcionavam. Ou melhor, só funcionavam na propaganda. “Um dia, as pessoas se cansaram de contar piadas e se levantaram contra os cruéis governantes. (…) As piadas ‘derrubaram’ o comunismo no sentido de que eram intrínsecas à crítica do regime, num momento compartilhado pelos líderes e os cidadãos e que causou a queda.”

Os documentos indicam que mais de 200 mil pessoas foram presas por contar piadas. Há indícios de que os números foram bem maiores, pois, em alguns casos, os contadores de piadas eram também dissidentes. Portanto, eram “catalogados” como “políticos”. Muitos indivíduos foram condenados apenas porque ouviam as histórias. As condenações iam de 2 a 10 anos. “A repressão aos contadores de piadas constituiu uma parte fundamental da máquina de terror estatal. Foi a primeira fronteira de transgressão entre os Estado e seus oponentes”, anota Lewis.

Para Lewis, “o comunismo foi um movimento de invenção social, não de transformação social. E a piadas de comunista são uma desmontagem meticulosa dessa invenção”.

Detalhe: mesmo com toda pressão, os soviéticos e outros povos “colonizados” por Stálin jamais deixaram de contar piadas sobre líderes que não respeitavam e sobre um socialismo que falsificava a realidade.

Os ocidentais até podiam acreditar na maquiagem feita pelos propagandistas, mas os soviéticos sofriam as consequências da escassez de produtos básicos e da fartura de repressão política.

Piadas contadas sobre o regime de Lênin

Uma velha
camponesa visita o
zoológico de Moscou
e vê um camelo pela primeira vez.
“Meu Deus”, ela diz,
“olha o que os bolcheviques fizeram com aquele
cavalo’.”

Lênin e Stálin: os governos autoritários de ambos chocaram e geraram um humor corrosivo
Lênin e Stálin: os governos autoritários de ambos chocaram
e geraram um humor corrosivo

Depois da Revolução
de Outubro, Deus envia três
observadores para a Rússia:
São Lucas, São Jorge e São Pedro.
De lá, eles mandam telegramas para Deus:
“Caí nas mãos da Cheka” — São Lucas.
“Caí nas mãos da Cheka” — São Jorge.
“Tudo certo. Estou indo bem”
— superintendente Petrov,
da Cheka.

A estação Liski chama Moscou:
“O presidente do Comitê Militar Revolucionário, Trotski, chamando”.
“Aqui é o presidente do Comitê do Povo Soviético, Lênin.”
“Camarada Lênin, despache imediatamente dois tanques de álcool
de cereais para a estação Liski.”
“Para quê, camarada Trotski?”
“Os camponeses ficaram sóbrios”, responde Trotski. “E agora querem
saber por que o
czar foi deposto.”

Dois policiais param um
pedestre e pedem seus documentos.
Ele só tem o resultado de
seu exame de urina.
Primeiro policial:
Análise — albumina, negativo;
açúcar, negativo.
Segundo policial:
Sem açúcar. Significa que não
é especulador. Pode seguir, cidadão.
[Razão da piada: a escassez
frequente de produtos básicos,
como açúcar.

A estação Liski chama Moscou:
“O presidente do Comitê Militar Revolucionário, Trotski, chamando”.
“Aqui é o presidente do Comitê do Povo Soviético, Lênin.”
“Camarada Lênin, despache imediatamente dois tanques de álcool
de cereais para a estação Liski.”
“Para quê, camarada Trotski?”
“Os camponeses ficaram sóbrios”, responde Trotski. “E agora querem
saber por que o
czar foi deposto.”

Stálin está fazendo um discurso a uma
assembleia de trabalhadores numa grande fábrica.
“O que mais prezamos na União Soviética é a vida humana”, diz ele.
De repente, alguém tem um acesso de tosse.
“Quem está tossindo?”,
pergunta Stálin. Silêncio.
“Tudo bem, chamem o NKVD”,
diz o ditador. A polícia política de Stálin chega disparando suas armas semiautomáticas. Logo só restam sete homens de pé.
Stálin pergunta de novo: “Quem tossiu?”
Um homem levanta a mão.
“Você está com uma gripe terrível”, diz Stálin. “Pegue meu carro e vá ao hospital.”
[A piada reflete o modo de operar de Stálin,
o czar vermelho.]

Um dia Stálin está no
Kremlin e percebe que há ratos em seu gabinete. Ele reclama com o presidente Mikhail Kalinin. O presidente pensa por um momento e sugere:
“Por que você não coloca um cartaz dizendo ‘Fazenda coletiva’? Metade dos ratos vai morrer de fome e a outra metade vai fugir”.

Uma delegação georgiana
veio visitar Stálin. Chega, conversa com ele
em seu gabinete de trabalho e vai embora.
Assim que os visitantes desaparecem no fim do
corredor, Stálin começa a procurar seu cachimbo.
Abre gavetas, revira papéis, mas não o encontra em lugar
nenhum. Ele grita no corredor chamando o chefe da
polícia política, Lavrenti Beria. “Beria”, diz ele,
“Perdi meu cachimbo. Vá atrás da delegação da
Geórgia e veja se descobre se alguém levou”.
Beria sai voando pelo corredor. Stálin continua procurando
o cachimbo. Depois de cinco minutos, ele olha embaixo
da mesa e o encontra caído no chão. Chama Beria de volta.
“Está tudo certo”, diz. “Encontrei meu cachimbo.
Pode deixar os georgianos irem embora.”
“É um pouco tarde”, responde Beria.
“Metade da delegação confessou ter levado
o cachimbo e a outra metade morreu
durante o interrogatório.”

Um homem bate à porta
do apartamento do vizinho:
“Rápido, rápido, acorde e vista-se”.
De dentro, vêm os gritos de medo.
“Não se preocupe”, ele continua,
“não é nada sério. Não sou do NKVD.
Só queria avisar que seu apartamento está pegando fogo”.

[À noite, agentes da polícia política
costumavam prender dissidentes
e supostos dissidentes.]

Um bando de ovelhas
é parado por guardas na
fronteira da Rússia com a Finlândia.
“Por que vocês querem deixar a Rússia?”, os guardas perguntam.
“Por causa do NKVD”, respondem as ovelhas apavoradas. “Beria ordenou que todos os elefantes fossem presos.” “Mas vocês não são elefantes!”, dizem os guardas apontando para elas.
“Vai dizer isso para
o NKVD!”

Stálin está em sua limusine,
sozinho com o motorista.
“Deixe-me fazer uma pergunta”,
ele diz ao chofer.
“Diga-me honestamente, você ficou
mais ou menos feliz depois da Revolução?”
“Para falar a verdade, menos feliz”,
diz o motorista.
“Por quê?”, pergunta Stálin, enfurecido.
“Bom, antes da Revolução eu tinha
dois ternos. Agora só tenho um.”
“Você deveria estar contente”,
diz Stálin. “Não sabe que na África
as pessoas andam completamente nuas?”
“É mesmo?”, responde o chofer.
“Há quanto tempo foi a
revolução deles?”

Dois esqueletos se
encontram nas ruas de Kiev (Ucrânia).
“E então?”, pergunta um.
“Quando foi que você morreu?”
“Em 1932, na Grande Fome”,
o outro responde. “E você?”
“Não, eu estou vivo, graças a Deus.”
“Shhh! Não sabe que hoje em dia
não se pode agradecer a Deus?
Deve-se agradecer a Stálin.”
“E quando ele morrer?”
“Aí você pode
agradecer a Deus.”

Radek discutia com
um grupo de alunos quando
Stálin veio visitar a faculdade com
seus assessores. O ditador perguntou
a Radek se continuava a espalhar piadas sobre ele.
“Não”, disse Radek. “No momento estamos conversando sobre a redistribuição do poder depois do próximo golpe.”
“E eu vou acabar na prisão?”, perguntou Stálin.
“Não”, respondeu Radek.
“Decidimos fundar uma universidade
judaica e fazer do senhor o reitor.”
Todos riram. Molotov, o vice não oficial de Stálin, gaguejou: “Mas o camarada Stálin não é judeu”. E Radek retrucou:
“E eu sou chinês?”
[Para se vingar de Radek e suas piadas,
Stálin o nomeou reitor de uma
faculdade para comunistas
asiáticos, em 1925.]

Num campo de concentração
na Sibéria, diversos prisioneiros contam por
que cada um está ali. Um deles diz:
“Estou aqui por ter dito que Karl Radek era um contrarrevolucionário”.
O segundo diz: “Que interessante. Estou aqui por ter dito que ele não era um contrarrevolucionário”. Eles viraram para o terceiro prisioneiro e perguntaram:
“E você? Por que está aqui?”
Ele respondeu: “Eu sou Karl Radek”.
[Radek foi preso por Stálin em 1937 e “desapareceu”
em 1942. Ele era exímio piadista. Uma vez, ao chegar com Trotski num encontro, o stalinista Klimov Voroshilov disse:
“Vejam: lá vem o leão, seguido pelo próprio rabo”.
Radek replicou na bucha:
“Melhor ser o rabo de Trotski do que a bunda de Stálin”.
Irritado, Stálin o inquiriu se a piada era dele. Radek respondeu:
“Sim. Mas eu não inventei aquela sobre
você ser o líder do proletariado internacional.
“O imprudente Radek se tornou
a única pessoa conhecida a ter
contado uma piada sobre Stálin na
cara de Stálin”,
diz Ben Lewis]

Um governante
comunista (escolha um)
fica sabendo que há uma pessoa
que é responsável por 99% das piadas
sobre ele e sobre o sistema comunista. Ele chama esse homem para uma reunião em seu suntuoso gabinete. Um grande banquete é servido. “Um dia”, diz o líder,
“todo cidadão comunista
comerá assim”.
“Espere aí, achei que quem
contava as piadas era eu”,
diz o convidado.

Dois prisioneiros do
Gulag conversam sobre o motivo
de estarem confinados.
“Estou aqui por ser preguiçoso”,
diz um. “Como assim? Faltou ao
trabalho?”, pergunta o outro.
“Não. Eu estava com um amigo
contando piadas a noite inteira,
e no fim pensei: vou dormir e amanhã
de manhã eu o denuncio
à polícia.” “A preguiça foi essa?”
“Sim. Ele me denunciou
na mesma noite.”

Ainda haverá uma
força policial quando
alcançarmos o comunismo pleno?
Não, até lá as pessoas terão
aprendido a prender a si mesmas.
[Os comunistas diziam que a polícia, depois de alcançado o nirvana, o comunismo, “definharia”. As pessoas faziam piadas sobre a questão.]

Estamos daqui
a cem anos. O comunismo
foi atingido há muito tempo.
Um garotinho pergunta à avó
o que é uma “fila”.
“Havia filas durante o socialismo. As pessoas ficavam umas atrás das outras e recebiam manteiga ou salsicha.”
“Vó, o que são manteiga e salsichas?”
[Os comunistas diziam que, depois da escassez socialista, no comunismo
haveria fartura. Ninguém acreditava, como sugere a piada.]

Um concurso
internacional de mágicos.
Aparece um indiano, ele mostra a mão vazia:
“Nada nesta mão. Abracadabra!” Ele acena
a mão fechada e depois abre — surge um ovo.
“Abracadabra!” Ele fecha e a abre de novo,
e lá está uma galinha. “Abracadabra! Sumiu.”
Ele abre e fecha a mão, e está vazia novamente.
O próximo é um americano. Seguindo o mesmo esquema,
ele faz surgir uma barra de aço, uma roda, um carro em miniatura e no fim nada. Por último entra o mágico soviético. “Nada nesta mão”, ele diz, seguindo o mesmo truque.
“Abracadabra! Um secretário do Comitê Municipal! Abracadabra! Um secretário do Comitê Regional.
Abracadabra! Um secretário do Comitê Central…
e de novo! Abracadabra! Sumiram.”
[A piada “celebrava a velocidade com que
os membros do Partido” Comunista “podiam
ser promovidos e em seguida
‘liquidados’”.]

Stálin morre e não
sabe se quer ir para o céu
ou para o inferno. Pede para fazer
uma visita a cada um. No céu, ele vê pessoas dedicadas a preces silenciosas e à meditação; no inferno, as pessoas estão comendo, bebendo, dançando e, de modo geral, se divertindo. Stálin escolhe o inferno. É levado por uma série de labirintos até uma área com caldeirões ferventes. Vários demônios o agarram. Stálin começa a protestar e lembra que, em sua visita, lhe mostraram pessoas se divertindo.
“Era só propaganda”,
responde o Diabo.

Alguém pergunta
a Rabinovich:
“Você ingressou no Partido Comunista?” Ele levanta o pé, olha a sola do sapato e diz:
“Não, eu não pisei em nada”.
[A pessoa que contou a piada
foi condenada a dez anos de prisão.]

Um novo prisioneiro
chega ao campo, onde os
amedrontados prisioneiros criaram um
sistema de contar piadas simplesmente
dizendo um número. O recém-chegado
junta-se a um grupo num alojamento.
“Quarenta e três”, diz um deles, e todo mundo morre de rir.
“Cinquenta e sete”, diz outro, e há mais uma explosão de gargalhadas. O novo prisioneiro entra na conversa.
“Trinta e dois”, ele diz. Silêncio. Ninguém ri. “Trinta e três”, ele experimenta. “Trinta e quatro…
Trinta e cinco.” Continua o silêncio.
Ele olha para os novos companheiros:
“O que eu fiz de errado? Por que vocês não riem?”
“Não é nada contra você”, diz um deles.
“É o jeito que você conta.”
[Os prisioneiros acreditavam que o novo
preso era um informante.]

Dois amigos estão
andando pela rua.
“O que você acha de Stálin?”,
o primeiro pergunta ao segundo.
“Não posso dizer aqui. Precisamos ir a
algum lugar privado”
Ele conduz o amigo a uma rua escondida.
“Aqui você pode me falar”, diz o primeiro.
“Não. Não é seguro. Siga-me.”
Eles entram no pátio central de um prédio de apartamentos.
“Certo. Aqui então.”
“Não. É público demais. Siga-me.”
Os dois amigos descem uma escada
até o escuro porão do prédio.
“Aqui ninguém vai nos ouvir. Pode me
falar o que você realmente
acha de Stálin.” “Está bem.
Eu gosto bastante dele,
na verdade.”

Em algum lugar da Sibéria,
três prisioneiros estão conversando
e chegam ao porquê de suas deportações. “Estou aqui porque sempre chegava à fábrica cinco minutos atrasado — por isso me acusaram de sabotagem”,
diz o primeiro. “Estranho”, diz o segundo. “Estou aqui porque sempre chegava à fábrica cinco minutos adiantado, e por isso me acusaram de espionagem.”
“Não me digam”, diz o terceiro, surpreso. “Estou aqui porque eu chegava à fábrica pontualmente, todo dia, por isso descobriram que eu tinha um relógio fabricado no Ocidente.”

Piadas da Era Pós-Stálin

Kruchev inspeciona uma
nova exposição de arte moderna. Ele torce o nariz e olha com desdém para tudo, até que para em frente a um espelho, olhando admirado, e diz: “Excelente estátua
de um porco em
tamanho natural”.

imp3
Mikhail Gorbachev e Vladimir Putin também são citados nas piadas dos russos


É verdade
que os patriotas
tchecos pediram ajuda
ao Exército Vermelho?
Sim, é verdade, mas eles pediram em 1939,
e a ajuda só chegou
em 1968.

Brejnev visita Nixon.
Vê um telefone vermelho na
escrivaninha do presidente norte-americano
e pergunta para que serve.
“Eu posso até ligar para o Diabo com esse telefone”,
diz Nixon. Brejnev pede que ele prove. Nixon diz a um
de seus assessores que ligue. O assessor chama o Diabo, passa o telefone
para o presidente norte-americano, que conversa com o Diabo por 15
minutos e desliga. Brejnev fica impressionado. Um assessor chega e diz:
“Sr. Presidente, a conversa durou 15 minutos; isso vai
custar 1.500 dólares ao contribuinte norte-americano”.
Brejnev volta a Moscou e diz a seus assessores:
“Quero falar com o Diabo ao telefone. Se os Estados Unidos podem, a União Soviética também pode.”
E assim o assessor põe o Diabo na linha e passa o telefone a Brejnev, que conversa por cerca de 15 minutos. O líder soviético desliga, olha para o assessor e diz: “Quanto custou?”
O assessor responde: “Foram dois copeques”.
Brejnev se admira: “Só dois copeques? Cerca de 5 centavos
de dólar? Os norte-americanos pagaram 1.500 e nós,
apenas 5 centavos?” E o assessor diz: “Sim, o senhor
tem de entender que, quando telefona para
o Diabo de Washington, é ligação a
distância. Quando chama de Moscou,
é ligação local”.

É verdade que,
quando chegarmos ao
comunismo pleno, não haverá mais piadas políticas?
Sim, exceto esta.

Um homem
visita o inferno e vê
diferentes punições sendo infligidas a Hitler e a Stálin. Ele pergunta ao Diabo: “Por que Hitler está mergulhado em merda até o pescoço e Stálin só até a cintura?”
O Diabo responde:
“Porque Stálin está
apoiado nos ombros
de Lênin”.

Brejnev faz seu
discurso radiofônico
para o povo russo:
“Camaradas! Tenho
dois anúncios importantes a fazer — um alegre e um triste.
A má notícia é que durante
os próximos sete anos só
vamos comer merda.
A boa é que teremos
merda em grande
quantidade”.

Leonid Brejnev quis encomendar
um retrato que seria intitulado
“Lênin na Polônia”. Pintores russos, educados
estritamente na escola realista, não conseguiam pintar uma
cena que na verdade nunca aconteceu.
“Camarada Brejnev, gostaríamos de fazer, mas não podemos. Vai contra nossa formação”, responderam os artistas procurados por Brejnev. Finalmente, em desespero, Brejnev foi obrigado a pedir o quadro ao velho pintor judeu, Levy.
“É claro que eu prefiro retratar acontecimentos reais, mas farei o quadro para o senhor, camarada. Será uma grande honra.” Levy deu início ao trabalho.
Finalmente, chegou o dia da apresentação da obra.
Quando o pano foi retirado de cima do quadro, todos engoliram em seco: o quadro mostrava um homem na cama com uma
mulher que parecia a esposa de Lênin:
Brejnev perguntou, horrorizado: “Quem é esse homem?”
“É Trotski”, disse o artista.
“E quem é essa mulher?”. Brejnev inquiriu.
“É a esposa de Lênin, camarada Brejnev.”
“Mas onde está Lênin.”
“Ele está na Polônia”,
explicou Levy.

Brejnev está em sua dacha no mar
Negro. Um dia, de manhã cedo, ele vai à praia.
O tempo está bonito e o sol brilha. De repente,
o sol começa a falar com ele: “Bom dia,
camarada Brejnev. Não tenha medo; pode
ir nadar. Já esquentei a água para você”.
Então Brejnev vai nadar e depois se deita na areia.
“Agora, que tal um lanchinho, camarada Brejnev? Pode
voltar daqui a pouco; estarei esperando por você e
mandando as nuvens embora.”
Brejnev vai comer alguma coisa e logo volta para a praia.
“E agora”, diz suavemente o sol, “vire-se de lado e durma um pouco. Não se preocupe, eu vou lhe dar um belo bronzeado”.
Brejnev concorda e vira-se.
“Agora levante-se de novo”, o sol diz com doçura, “e vá jantar”.
Quando Brejnev volta para a praia à noitinha, o sol começou a
se pôr e já está perto do horizonte.
“Bem”, diz Brejnev, “que devo fazer agora?”
O sol não responde.
“Por que você não responde?”, pergunta Brejnev.
“Não enche o saco”, diz o sol.
“Agora eu estou no Ocidente!”

Putin está sem seu
gabinete com a cabeça
entre as mãos quando o fantasma
de Stálin aparece. Putin conta os problemas ao fantasma, reclamando
da incompetência de seus
subordinados no Kremlin.
“Isso é fácil de solucionar”, diz Stálin. “Fuzile todos os maus funcionários e pinte as paredes do Kremlin de azul.”
“Por que azul?”, pergunta Putin.
“Ah! Eu sabia que
você só estranharia a
segunda parte!”

Brejnev morre e vai
para o inferno. O Diabo
aparece e diz: “Você, Leonid, é um
comunista proeminente, um homem
de grande importância. Por isso, pode
escolher como prefere ser torturado”.
Caminhando pelo inferno, Brejnev vê Adolf Hitler imerso numa banheira de óleo fervente e Josef Stálin pendurado no pau de arara. De repente ele nota Nikita Kruchev com Brigitte Bardot sentada em seu colo. “Bom”,
exclama Brejnev alegremente.
“É essa! Quero a mesma
tortura de Kruchev!”
“Não, não pode ser”, diz o Diabo.
“Não é Kruchev que está
sendo torturado;
é Brigitte.”

Brejnev convoca
todos os cosmonautas soviéticos
e anuncia: “Camaradas, tenho
planos para ultrapassar os Estados Unidos na exploração espacial:
vocês vão pisar no Sol!”
“Mas, camarada Brejnev”, protestaram os cosmonautas, “nós vamos pegar fogo!”
“Você acha que eu sou bobo?”, responde Brejnev. “Vocês vão
pousar à noite!”

Há uma fila para comprar
vodca em Moscou, de dois a três
quilômetros, e os homens estão raivosos, culpando Gorbachev. Um deles diz: “Vou ao Kremlin matar Gorbachev” e sai.
Uma hora depois ele volta. A fila andou um pouco mas ainda está longe de chegar ao balcão. Os outros perguntam: “Matou Gorbachev?” Ele responde: “Não, a fila está maior do que esta”.

Stálin, Kruchev,
Brejnev e Gorbachev
estão em um trem. De repente
o trem para. Stálin abre a janela, furioso: “Por que paramos?”, ele berra.
“Fuzilem o condutor.”
Kruchev o interrompe:
“Não, reabilitem o condutor”.
Brejnev vai até a janela e fecha as cortinas: “Tenho uma ideia melhor. Vamos
ligar o gramofone, balançar de um lado para o outro e fingir que
o trem está andando”.
Finalmente Gorbachev fala: “Camaradas, camaradas, vamos todos
sair e empurrar”.

Uma piada antissemita
do tempo dos czares
Um dia, Jacó, um judeu russo,
escorregou na lama na margem de um rio e
caiu na água. Ele não sabia nadar e corria
o sério risco de se afogar.
Dois policiais czaristas ouviram os gritos de socorro
e correram até lá. Mas, quando viram que era um judeu,
eles riram e ficaram parados assistindo ao afogamento.
“Socorro, não sei nadar”, gritava Jacó.
“Então vai se afogar”, eles respondiam.
De repente, Jacó gritou, quase sem fôlego:
“Abaixo o czar!”
Os policiais imediatamente correram para o rio,
mergulharam, tiraram Jacó de lá e
o prenderam por perturbação
da ordem.