Livro de Richard Evans muda explicação das causas da Segunda Guerra Mundial

19 julho 2025 às 21h01

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Os melhores historiadores da Segunda Guerra Mundial (1939-1940) são britânicos: Andrew Roberts (autor de uma síntese extraordinária da batalha entre democratas e ditadores entre 1939 e 1945), Antony Beevor (postula que a guerra começou na Ásia, em 1935), Ian Kershaw (notável biógrafo de Hitler), Laurence Rees (autor de um livro excepcional sobre o Holocausto), Martin Gilbert, Richard Evans (sua trilogia sobre a Segunda Guerra Mundial é simplesmente a melhor) e Richard Overy.
Um dos melhores livros de Richard Overy é “Ditadores — A Rússia de Stálin e a Alemanha de Hitler” (José Olympio Editora, 840 páginas, tradução de Marcos Santarrita). O historiador não diz que um ditador era “melhor” do que o outro. Porque não era. Mas aponta que Stálin era mais cruel com seus próprios companheiros — ex ou não — do que Hitler. A ferocidade do comunista superava, por vezes, a do nazista.
Agora, Richard Overy volta às livrarias brasileiras com um livro alentado: “Sangue e Ruínas — A Grande Guerra Imperial, 1931-1945” (Companhia das Letras, 1136 páginas, tradução de Berilo Vargas, Débora Landsberg e Pedro Maia Soares).

O cartapácio não é nada barato: 259,90 reais. Mas, quando se trata deste pesquisador inglês — que está sempre acrescentando informações novas —, o valor é quase irrisório. Porque suas obras, quando não mudam o debate historiográfico, ampliam a qualidade da pesquisa, sempre acrescentando fatos e interpretações novos.
Note, leitor, o recuo histórico: no lugar de 1939, a data da invasão da Polônia — que seria o início da Segunda Guerra Mundial —, o pesquisador inglês coloca 1931.
Aos 77 anos, e ainda altamente produtivo, Richard Overy é professor de história na Universidade de Exeter.
Comentário da editora Companhia das Letras
“Provocante e original, ‘Sangue e Ruínas’ nos convida a olhar a Segunda Guerra Mundial de outra forma.

“A historiografia tradicional sobre a Segunda Guerra Mundial costuma considerar Hitler, Mussolini e as Forças Armadas japonesas como as causas do conflito. Em ‘Sangue e Ruínas’, o célebre historiador Richard Overy propõe uma nova abordagem para o período, reformulando suas origens e consequências e entendendo esses atores como frutos de um cenário mais amplo.
“O autor defende que essa foi na verdade a ‘grande guerra imperial” — o resultado violento de quase um século de expansão global que atingiu seu auge na década de 1930 e no início da década de 1940, se tornaria a maior e mais custosa guerra da história humana e culminaria com o fim, em 1945, de todos os impérios territoriais.
“Ao longo de todo o volume, desvela-se a maneira como o conflito foi viabilizado, financiado e moralmente justificado, além do custo alto para os envolvidos e do grau excepcional de crime e atrocidade do período — tão mortal para os civis quanto para os militares.”
Trechos de resenhas de três jornais
O resenhista do “New York Times” escreveu: “Um feito estupendo. […] ‘Sangue e Ruínas’ disseca as estruturas da guerra com os bisturis mais afiados”.
“Wall Street Journal” corroborou: “Richard Overy oferece um poderoso lembrete do horror da guerra e da ameaça representada por ditadores com sonhos imperialistas”.
“O livro se recusa a tratar o Pacífico como ‘um apêndice’, conforme algumas historiografias costumam fazer. Em vez disso, entende a Segunda Guerra Mundial como um verdadeiro ‘evento global’”, comentou “The Atlantic”.
Resenha de livro de Andrew Roberts (https://tinyurl.com/4yd7d63h).
[Email: [email protected]]