Livro de Masha Gessen expõe o russo Putin como chefão de regime assassino e corrupto
19 junho 2018 às 10h41
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Presidente da Rússia, além de comandar um regime que prende e mata empresários, políticos e jornalistas, seria corrupto e teria um patrimônio de 40 bilhões de dólares
Começo o comentário com um reparo ao título do livro “Putin — A Face Oculta do Novo Czar” (Nova Fronteira, 292 páginas, tradução de Maria Helena Rouanet), da jornalista russa Masha Gessen. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, comporta-se como czar, egresso da “nobreza” da KGB, pois governa o país baseado num sistema autoritário. Ressalve-se, porém, que, se próximo dos czares, também não está distante do stalinismo. Porque, apesar do simulacro de democracia, com partidos políticos e eleições — nada limpas —, as oposições não têm chance alguma de derrotar Putin ou mesmo um agregado, como Dmitri Medvedev. A violência estatal, que prende e, até, mata adversários, induz a se pensar num regime que aproxima-se do totalitarismo entronizado por Lênin e ampliado por Stálin. O Judiciário e o Legislativo estão sob controle do Executivo, quer dizer, de Putin. Então, no lugar de democracia, le mot juste é democradura. Os czares condenaram o escritor Fiódor Dostoiévski à morte, mas comutaram a pena e o escritor pôde dar à humanidade livros poderosos. O governo do integrante da KGB (“uma vez espião, sempre espião”, aprecia dizer o presidente), agora com o nome de FBS, é menos condescendente: vários “adversários” políticos, empresariais e jornalísticos, tratados como inimigos, foram assassinados na Rússia e mesmo em outros países. Masha Gessen revela, com precisão e destemor, a face cruel e venal de Putin. E exibe a cegueira do Ocidente em relação ao (quase) ditador — a mesma de Franklin D. Roosevelt, mas não de Winston Churchill, em relação a Stálin. O livro da jornalista é excelente e contundente em sua parcialidade, no caso necessária, ao examinar os atos da democradura à russa.
Na década de 1990, com a ruína do comunismo, sob Mikhail Gorbachev, assumiu o poder o democrata Boris Yeltsin. Sua tarefa, desestalinizar as estruturas econômica, política, social e cultural soviéticas, era inglória e ele não era o deus que se esperava. A população, acostumada a ser tutelada pelo Estado, exigia um capitalismo ao estilo protetor, mas o que assistiu foi a “adoção” de um capitalismo voraz e dilapidador dos bens públicos, que foram privatizados a toque de caixa, favorecendo aos chamados oligarcas, como Boris Berezovsky, Vladimir Gusinsky e Roman Abramovich (dono do Chelsea, time de futebol da Inglaterra), que se tornaram bilionários. Embora tenha produzido uma abertura impressionante na política, na economia e na cultura — até os arquivos foram abertos à consulta local e internacional (daí livros notáveis como “Stálin — A Corte do Czar Vermelho”, de Simon Sebag Montefiore, e “Sussurros — A Vida Privada na Rússia de Stálin”, de Orlando Figes) —, Yeltsin, doente, cansado e sem perspectiva, estava em baixa nos fins da década de 1990, praticamente sem saída, e se tornou odiado pela população.
Putin foi escolhido por Berezovsky
Começou uma operação para encontrar um sucessor palatável para Yeltsin. O candidato teria de prometer que, eleito, impediria que o presidente fosse processado. Boris Berezovsky, o bilionário da área de comunicação e petróleo, sugeriu o nome de Vladimir Putin, o chefe da polícia secreta russa, FSB. O oligarca diz tê-lo indicado porque recusava subornos.
Berezovsky conta que levou o nome de Putin ao chefe de gabinete de Yeltsin, Valentin Yumaschev, e disse: “Temos Putin, que integrou os serviços secretos, não foi?” Yumaschev ressalvou: “Mas a patente dele [tenente-coronel] é muito baixa”. O comentário de Masha Gessen: “Essa descrição do processo de tomada de decisão para a indicação do chefe da principal agência de segurança de uma potência nuclear é tão absurda que estou inclinada a acreditar nessa conversa”. Yeltsin, confrontado com a possibilidade de indicar Putin, fez um comentário não político: “Parece-me um bom homem, mas um tanto baixinho”.
Masha Gessen nota que “talvez o detalhe mais estranho na escalada de Putin ao poder seja o fato de que as pessoas que o entronizaram sabiam a seu respeito pouco mais que qualquer um de nós”. Na verdade, seus apoiadores, como Berezovsky, pensavam que o espião — atuou na Alemanha Oriental e fala alemão fluentemente —, “aparentemente destituído de personalidade e ambição pessoal, seria ao mesmo tempo maleável e disciplinado”. Assim, confiando nesse julgamento, Yeltsin nomeou Putin primeiro-ministro da Rússia em 9 de agosto de 1999 e, com a renúncia do líder que soterrou Gorbachev, assumiu interinamente a Presidência, até ser eleito, em maio de 2000. Cumpriu um trato: não permitiu que Yeltsin fosse processado, mas, provando que havia sido subestimado, assumiu o poder pra valer e não permitiu que Berezovsky e outros mandassem no governo. A jornalista avalia que, paralelamente ao jogo do oligarca e do grupo de Yeltsin, a KGB articulou a ascensão de seu pupilo — o que Berezovsky, talvez por vaidade ou arrogância, não percebeu.
Pirotécnico perigoso e russos assustados
Sob Yeltsin, apesar da hiperinflação e da falta de esperança, o Estado não havia se tornado terrorista. Sob Putin, para possibilitar a adoção de medidas autoritárias e o reforço do poder pessoal, a Rússia se tornou explosiva, literalmente. Bombas foram jogadas em vários lugares, com centenas de mortes. Na Chechênia, o governo russo matou e torturou. Publicamente, na televisão, Putin não suavizava a linguagem para falar dos supostos terroristas chechenos: “Vamos caçá-los até o fim. Onde quer que estejam, vamos encontrá-los e destruí-los. Mesmo que estejam no banheiro. Vamos despachá-los privada abaixo”. Nem o ditador Stálin usava linguagem tão chã.
As bombas deixaram os russos em pânico. As pessoas, com medo, exigem governantes fortes. Daí Putin, um político anódino mas durão, ter sido eleito com facilidade. As pesquisas de Masha Gessen concluem: a tática da FSB, para alavancar Putin, deu certo. As explosões haviam sido provocadas pela polícia “secreta”.
Ao assumir a Presidência, em maio de 2000, Putin passou a jogar duro. No segundo dia de governo, “forças da polícia especial invadiram a sede da Media-Most, de Vladimir Gusinsky” (banqueiro e magnata da mídia). Seria o equivalente à presidente Dilma Rousseff mandar invadir a sede das Organizações Globo. Logo depois, o bilionário Gusinsky foi preso e, solto, deixou o país, tornando-se “o primeiro refugiado político do regime de Putin”. Motivo da perseguição: ousara fazer jornalismo crítico e, mais, não apoiara Putin para presidente. Para destruir os empresários, Putin põe a polícia e a receita federal para investigá-los à exaustão. Em seguida, conta com a falta de independência e lisura do Judiciário para condená-los e tomar seus bens.
Masha Gessen, que trabalhara para Gusinsky na revista “Itogi”, ficou marcada como um jornalista “crítica” e “incômoda”. Começou a ser perseguida: “Não demorou muito e percebi que havia um homem em cima de uma escada diante da porta do meu apartamento — vinte e quatro horas por dia. (…) O telefone da minha casa foi desligado”. Era uma tática da KGB, com o objetivo de fazê-la “entender que nunca estava a salvo e nunca estava só”. Assustada, a repórter trocou a publicação russa pela revista americana “U. S. News & World Report”.
Quando ocorreu o desastre do submarino nuclear Kursk, com 118 tripulantes, Putin, curtindo férias, demorou a aparecer na região do acidente e tampouco permitiu que especialistas noruegueses fizessem uma tentativa para salvar os sobreviventes. Quando foram autorizados, era tarde: não havia mais nenhum sobrevivente. Putin arranjou desculpas, mas nenhuma convenceu a população e a mídia. O âncora de televisão Sergei Dorenko disse que Putin mentia, o que o deixou histérico.
O presidente chamou o patrão de Dorenko, Berezovsky, “e pediu que o oligarca abrisse mão de sua cota” no canal 1. O empresário não aceitou. Então, foi expedido um mandado de prisão e Berezovsky teve de abrir mão de sua participação no canal 1. “Três meses depois da posse, dois dos homens mais ricos da Rússia [Gusinsky e Berezovsky] tinham sido privados de sua influência e chutados para fora do país. Menos de um ano depois da subida de Putin ao poder, todas as três redes nacionais de TV eram controladas pelo Estado.” O recado é preciso: ninguém, nem mesmo os oligarcas, deve desafiar o novo dirigente, que está acima da lei. Jornalistas e ativistas de oposição tiveram seus apartamentos arrombados. O apartamento de Masha Gessen foi “assaltado”.
Campeão de xadrez é perseguido por Putin
Putin não atuou apenas para diminuir a força dos oligarcas. Trabalhou também para reduzir o poder dos políticos. Para fortalecer o que chama de “poder vertical”, o presidente assinou um decreto, seis dias depois da posse, para estruturar a composição da Federação, “ou o início do desmantelamento das estruturas democráticas do país. Um desses projetos substituía os membros eleitos da Câmara Alta do Parlamento por representantes nomeados: dois de cada uma das oitenta e nove regiões da Rússia, um deles indicado pelo governador local e um pelo legislativo. Outro projeto permitia que governadores eleitos fossem destituídos do seu cargo por simples suspeita de infrações, sem necessidade de uma decisão judicial. O decreto determinava sete delegados para sete grandes territórios do país, cada um deles incluindo cerca de dez regiões, todas com governador e assembleia legislativa eleitos. Tais delegados, nomeados pelo presidente, teriam por função supervisionar o trabalho dos governadores eleitos”. Em suma, os governadores praticamente tinham eminências pardas, não eleitas, tutelando-os. De algum modo, “a União Soviética havia sido restaurada”. Putin “estava construindo uma tirania da burocracia”.
Nascido em 1963, o banqueiro e magnata do petróleo Mikhail Khodorkovsky era o homem mais rico da Rússia, dono da Yukos, “um conglomerado petrolífero cujas reservas estavam entre as maiores do mundo”. Bilionário, Khodorkovsky decidiu “criar uma sociedade civil na Rússia”. Ele “instituiu uma fundação e a batizou de Rússia Aberta. Inaugurou cyber cafés no interior para que as pessoas pudessem aprender coisas e falar umas com as outras. Criou centros de treinamento para jornalistas pelo país afora e patrocinou viagens de estudos de um mês a Moscou para os mais talentosos jornalistas da TV. Fundou um colégio interno para crianças carentes”. Deu milhões de dólares para a Universidade Estatal Russa de Humanidades. Modernizou a Yukos para torná-la “a primeira corporação multinacional russa”.
Putin começou a acompanhar com interesse a “desenvoltura” social de Khodorkovsky, de 37 anos, e, acreditando que ele se tornaria um rival político de peso, decidiu atacar. “Em julho de 2003, Platon Lebedev, presidente da conselho da empresa-mãe da Yukos, o Grupo Menatep, foi preso.” O sócio do empresário, Leonid Nevzlin, fugiu para Israel. Khodorkovsky foi para os Estados Unidos, mas voltou e continuou sua pregação pela modernização da Rússia, sugerindo que a economia, baseada na exportação de petróleo e gás, deveria ter como suporte conhecimento e tecnologia. Ao contratar a marqueteira Marina Litvinovich, que o ensinou a falar para as massas, cavou sua sepultura literalmente. Preso em outubro de 2003, acusado de fraude e evasão fiscal, foi condenado a 14 anos de prisão. “Ele foi preso porque era um ser humano independente. Porque se recusou a se curvar. Porque continuou sendo livre. Este Estado pune as pessoas por serem independentes”, disse uma fonte de Masha Gessen.
Em 2005, Garry Kasparov, “o maior campeão de xadrez de todos os tempos”, decidiu que iria “restaurar” a democracia na Rússia. Peregrinou pelo país, mas não conseguia locais para se pronunciar (e mesmo se hospedar) e ainda era agredido por jovens apoiados pela polícia. “Pela Rússia inteira, todos os locais que ele alugava acabavam apresentando algum problema”, conta Masha Gessen. O piloto de seu avião não obtinha autorização para decolar. Sua especialista em marketing, Marina Litvinovich, que havia trabalhado para Putin, foi espancada.
Em 7 de outubro de 2006, a jornalista Anna Politkovskaya, que denunciara a violência na Chechênia e as explosões fabricadas pelo governo russo para “intensificar o medo e o horror” — e forçar a aceitação do Estado forte —, foi assassinada “a tiros no elevador” do edifício no qual morava. No mesmo dia, Putin fez 54 anos.
“Os jornalistas começaram imediatamente a denominar o assassinato” de Anna Politkovskaya [como] “seu presente de aniversário.”
Frise-se que as investigações da polícia russa são sempre suspeitas. No geral, os policiais encontram os culpados dos crimes, mas os culpados errados. Os do Kremlin são preservados, nem acusados são.
Em 2006, cada vez mais ousado, Putin teria mandado a KGB-FSB matar o ex-espião russo Alexander Litvinenko, em Londres. Litvinenko, de 41 anos, havia se aliado a Berezovsky e se tornado “inimigo” de Putin. Morreu envenenado com polônio-210, substância, que além de “manufaturada exclusivamente na Rússia”, é controlada pelo Estado.
Alexander Litvinenko era visto por Putin como “traidor” e tudo indica que foi uma vingança pessoal. “A verdade pura e simples é que a Rússia de Putin é um país onde rivais políticos e críticos declarados são, muitas vezes, mortos e, ao menos de vez em quando, a ordem vem diretamente do gabinete do presidente”, critica Masha Gessen.
Corrupto, autoritário e bilionário
A imagem de Putin autoritário, disciplinado e esportista é consagrada internacionalmente, mas a de corrupto é pouco conhecida. Pois Masha Gessen descobriu que, mesmo quando auxiliar do prefeito de São Petersburgo, o agente da KGB já estava envolvido com corrupção. A prefeitura exportou vários produtos, como alumínio, petróleo e algodão, no valor de “quase 100 milhões de dólares”, em troca de alimentos. Só que, embora o dinheiro tenha sido recebido — não pelo Erário —, os produtos alimentícios não chegaram. Há indícios de que Putin tenha ficado com parte do dinheiro. Chegaram a pedir sua demissão, mas o prefeito manteve-o no cargo.
Mais tarde, a política Marina Salye escreveu um artigo, “Putin é o presidente de uma oligarquia corrupta”. Resultado: ameaçada por Putin, “Salye juntou as suas coisas e se mudou” para uma aldeia, “a 12 horas de Moscou”. Teve sorte: permanece viva. Outros críticos, como Sergei Yushenkov, foram assassinados. O ex-prefeito de São Petersburgo Anatoly Sobchak, ex-protetor de Putin, foi envenenado e morreu. Motivo: falava e sabia demais sobre Putin.
Sob Putin, a Rússia, segundo a Transparência Internacional, se tornou “mais corrupta que 86% dos países do mundo: agora, ela” figura “entre a Papua Nova Guiné e o Tadjiquistão”. O economista Andrei Illarionov constata que “a Rússia tornou-se o contrário de uma economia liberal: um Estado beligerante, sem liberdade, comandado por um grupo corporativo”.
A linguagem de Illarionov é chique. O que quer dizer é mais vulgar: Putin e seu bando tomaram os bens dos oligarcas, aparentemente para o Estado, mas há uma máfia que comanda (e assalta) a nação e que, na prática, é dona de quase tudo. “Putin”, afirma Masha Gessen, assumiu “o seu lugar como chefão da máfia. (…) Como todos os chefões mafiosos, ele praticamente não” faz “distinção entre a sua propriedade pessoal, a do seu clã e a daqueles que” têm “obrigações com o clã. Como todos os chefões mafiosos, ele” acumula “riqueza por meio de roubos deslavados, como aconteceu com a Yukos, cobrança de pretensas dívidas e pondo os seus cupinchas onde quer que” hajam “bens ou dinheiro a serem desviados. Em fins de 2007”, a fortuna pessoal de Putin era estimada em 40 bilhões de dólares. Ele é mais rico do que o brasileiro Eike Batista, embora, evidentemente, não apareça na lista dos bilionários da “Forbes”.
Masha Gessen conta que Putin é dono de uma empresa, a Rosinvest, registrada na Suíça. O presidente construiu um palacete no Mar Negro, com ampla estrutura, como se fosse quase uma pequena cidade, a um custo de mais de 1 bilhão de dólares.
O comportamento de Putin é estranhíssimo, possivelmente o de um cleptomaníaco. O relato de Massa Gessen: “Em junho de 2005, ao receber um grupo de empresários norte-americanos em São Petersburgo, ele embolsou um anel com cento e vinte e quatro diamantes que Robert Kraft, dono do New England Patriots, recebeu pela conquista do Super Bowl por seu time. Putin pediu para ver o tal anel, experimentou-o — quando teria comentado: ‘Eu poderia matar alguém com isso’ —; então, enfiou a joia no bolso e saiu da sala bruscamente”.
No mesmo ano, Putin esteve no museu Guggenheim, em Nova York. “A certa altura, seus anfitriões mencionaram uma curiosidade que um outro convidado russo dera de presente ao museu: uma réplica em vidro do fuzil automático Kalashnikov cheia de vodca. Esse suvenir de mau gosto custa cerca de 300 dólares em Moscou. Putin fez um aceno de cabeça para um dos seus guarda-costas que pegou o Kalashnikov de vidro e saiu da sala com ele, deixando todos os presentes boquiabertos”. Sim, Putin roubou o Guggenheim, e uma peça de mau gosto.
Masha Gessen diz que pleonexia — “o desejo insaciável de possuir o que, por direito, pertence a outros” — é a “doença” de Putin. Formado em Direito, Putin escreveu uma tese sobre “economia dos recursos naturais”. “Um pesquisador do Instituto Brookings, de Washington, resolveu estudar aquela tese: disse que o que encontrou foram umas dezesseis páginas de texto de nada menos que seis gráficos literalmente copiados de um livro norte-americano. Putin nunca admitiu a existência de qualquer acusação de plágio.”
O que Putin de fato quer? Ficar ainda mais rico. Mas seu projeto principal, segundo Masha Gessen, é “transformar” a Rússia “num modelo em grande escala da KGB”, sem lugar para dissidentes “ou sequer para atores independentes. (…) 15% da população carcerária da Rússia” é composta “de empresários”.
Mas tudo está perdido? No final do livro, a repórter diz que não e mostra que a Rússia começa a reagir e a criticar Putin, apesar da repressão e do medo. As pessoas saíram às ruas, em 2011, para protestar contra as eleições e o governo autoritário e corrupto. A grande mãe Rússia está despertando mais uma vez.
Masha Gessen (que vive com uma companheira russa) sabe que sua cabeça está a prêmio. Mas parece não temer a fúria de Putin. Talvez acredite (demais) no ressurgimento da sociedade civil russa.
[Publicado no Jornal Opção, na edição nº 1927, de 10 a 16 de junho de 2012]