Livro de Leonencio Nossa revela Roberto Marinho como “centrão” do jornalismo brasileiro

21 junho 2025 às 21h01

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Roberto Marinho é um personagem singular do jornalismo, do empreendedorismo e da política brasileiros. Um homem de magnitude na história do país. Como lidar com um indivíduo tão complexo e difícil de abordar? Muito difícil; por vezes, impossível.
Mas o jornalista Leonencio Nossa — na verdade, um historiador consciencioso — consegue apreender as várias faces do homem, a partir de sua diversidade e de sua unidade. Distancia-se mais para aproximar-se e entender do que para fazer juízo de valor de matiz ideológico.
O livro “Roberto Marinho — A Globo na Ditadura: dos Festivais às Bombas do Riocentro” (Nova Fronteira, 604 páginas), de Leonencio Nossa, é um portento editorial. É uma grande história do país contada a partir da vida de um homem que, amparado por outros indivíduos, constituiu um grande jornal, “O Globo”, e a TV Globo, a mais profissionalizada rede de televisão do país.

Trata-se do segundo volume. Um terceiro será apresentado, no devido tempo, aos leitores.
Sobretudo, é uma narrativa muito bem escrita, com sabor de crônica. A densidade se torna agradável dada a leveza da escritura.
A rigor, Roberto Marinho não era um homem “da” ditadura. Era um empresário compelido a viver sob uma ditadura que, de fato, quis e apoiou. Nos primeiros tempos, de maneira convicta. Mas, com o passar dos anos, de maneira realista, ligeiramente distanciada. Porque, se não permanecesse como aliado, poderia perder a concessão da TV Globo — a galinha de ovos de ouro da família, a partir de certo tempo.
O jornalismo de “O Globo”, da Globo e suas novelas foram censuradíssimos pela ditadura. Os governos dos generais cortavam e prejudicavam o material criativo sem o mínimo pudor. Então, a relação entre a empresa e o regime era céu e, ao mesmo tempo, inferno.
Pediam a bênção de Roberto Marinho na ditadura? De certo modo, sim. Mas ele próprio também era obrigado a pedir a bênção aos presidentes, generais e, até, coronéis. Para subsistir.
Leonencio Nossa não faz a defesa de Roberto Marinho. Pelo contrário, conta tudo, com sua serenidade habitual, a do historiador que, diferentemente do comentarista do dia a dia, julga com mais nuances. Percebendo a complexidade e não apenas as pontas explosivas (tipo: “empresário da ditadura”, “capitalista ganancioso”, “Maquiavel do jornalismo”).

Então, se não faz a defesa, Leonencio Nossa também não ataca Roberto Marinho. Busca compreendê-lo. Insistindo: o pesquisador conta tudo. E o tudo que relata permite que os leitores avaliem o empresário-jornalista como quiserem, inclusive política e ideologicamente.
“O empresário focado no conteúdo como produto se sobressaía ao jornalista controlador da notícia. Essas duas figuras, entretanto, iriam coexistir, produzindo contradições”, assinala Leonencio Nossa, numa síntese feliz. “A essência do empresário era a busca do caminho do meio.”
Roberto Marinho era uma espécie de “centrão” do jornalismo e dos negócios. Tão pragmático quanto o centrão político, porém, apesar do realismo, não era dado ao fisiologismo, aparentemente.
Ao resenhar o livro, críticos notaram os aspectos centrais: como Roberto Marinho se tornou ainda mais poderoso, com a fundação da Globo, e, aos poucos, se tornou o único grande Tycon da mídia patropi, no sentido mais abrangente, ou seja, jornal, rádio e televisão.
O que se vai contar a seguir não são as “cenas” mais importantes — como Walter Clark (a cocaína e o álcool o derrubaram; Roberto Marinho o adorava) e José Bonifácio Sobrinho, o Boni, os criadores do “padrão globo de qualidade”, as bem-sucedidas novelas — e centrais da vida do empreendedor.
Seria muito interessante mostrar o conflito do empresário — às vezes, aqui e ali, mais jornalista — com personagens da ditadura, como Emilio Médici, Ernesto Geisel, Euclides Quandt, Armando Falcão (rei do jogo duplo), João Figueiredo e Delfim Netto.
Poderia relatar também a história de como Roberto Marinho protegia seus comunistas, como um dos editores, Henrique Caban, o principal auxiliar de Evandro Carlos de Andrade, este, possivelmente, o diretor de redação mais amado pela família Marinho. “Tutor” profissional de Roberto Irineu Marinho, o primogênito. O jornalista que operou a grande renovação de “O Globo” e, depois, da Globo.
Optei, a seguir, por histórias, por assim dizer, não nucleares… para muitos.
2
Globo sempre apoiou jornalistas negros na apresentação

Na quinta, 19, e na sexta-feira, 20, o “Jornal Nacional” foi apresentado por dois jornalistas negros, Aline Midlej e Márcio Bonfim.
Aline Aguiar é outra grande apresentadora do “JN”.
Durante anos, uma das grandes estrelas da reportagem da Globo era Glória Maria (foi casada com um filho de Roberto Marinho). Tratava-se de uma “caçadora” de fatos — das mais imersivas — pelo mundo afora. Com aquela graça que era só sua — sempre empática, delicada e simples (o simples sofisticado).
Heraldo Pereira fez de tudo na Globo: reportagem e, nos últimos anos, apresentação. Um profissional competente e sério.
No “Em Pauta”, da GloboNews, Flávia Oliveira brilha em dois campos: o de repórter atenta e o de analista crítica, precisa e atenta.
Maju Coutinho brilhou como “moça do tempo” do “Jornal Nacional”, apresentou o “Jornal Hoje” e é âncora do “Fantástico”.
Como não falar de Zileide Silva, a notável repórter do “Jornal Nacional”? Quando aparece na tela, com aquela sua precisão milimétrica, os fatos parecem que estão acontecendo naquele momento, a partir de sua narração.
Os citados nos seis parágrafos acima não são mencionados neste volume. Então, há outros a mencionar. Vamos a eles.

Como surgiu o nome do “Jornal Nacional”? De uma sugestão do executivo da Globo José Ulisses Arce. Armando Nogueira não queria, porque lembrava o nome de um patrocinador da Globo, o Banco Nacional. Mas ficou e pegou.
Roberto Marinho havia dado uma ordem a Boni: “Quando eu construí a TV Globo não foi para fazer diversão, mas jornalismo. Vocês vão fazer a TV que eu sonhei. Então façam rápido”.
Sob pressão de Roberto Marinho, o diretor-geral da Globo decidiu levar ao ar o “Jornal Nacional”. Ou seja, resolveu “tolerar” o jornalismo.
O “Jornal da Globo” ia ao ar às 19h45, com 15 minutos, de segunda a sábado. O apresentador era “o carioca Jorge da Silva, o primeiro negro a atuar numa bancada de telejornal do país”.
Como dava “tratamento respeitoso às pessoas”, Jorge da Silva era conhecido como “Majestade”. “O timbre de sua voz era reconhecido como um dos mais potentes da TV.” Porém, morreu, de um infarto fulminante, quando dirigia seu automóvel, no Túnel Rebouças. “Uma multidão acompanhou o enterro” do apresentador.
A Globo era tão chique, graças à sensibilidade de Walter Clark, que o escritor e jornalista Otto Lara Resende falava de cultura no “Jornal Hoje”.

Em julho de 1973, uma mineira, como Otto Lara Rezende, se tornou apresentadora do “Jornal Hoje”. Era Maria das Graças Silva, “a primeira pessoa a apresentar um telejornal nacional com o cabelo no estilo black power”.
Na época, os diretores da Globo já eram preocupados com diversidade. Por isso, colocaram Maria das Graças Silva para apresentar o telejornal.
A babá Dora, grávida de um médico, recebeu dinheiro para abortar. Mas decidiu ter a criança. Depois, pensou em jogá-la de uma ponte. Mas sua irmã, Fiinha, a impediu. Criada pela avó materna, a lavadeira Zulmira, a menina vivia na Favela do Urubu, em Belo Horizonte.
Padres alemães do Verbo Divino deram um bolsa do Colégio Arnaldo a Maria das Graças Silva. Terminado o ginásio, obteve emprego de datilógrafa.
“Alta, esguia e de beleza que chamava a atenção, Maria das Graças Silva chegou à faculdade de jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais”, anota Leonencio Nossa. Participava de um grupo de teatro quando decidiu conversar com o escritor Murilo Rubião, editor do suplemento literário do “Diário Oficial de Minas Gerais”.
Murilo Rubião, leitor atento, publicou os primeiros contos de Maria da Graças Silva. Em seguida, ela recebeu convite “para um teste na Globo, em Belo Horizonte”.
Ao recebê-la, o superintendente-geral da Globo, o coronel Anacyr Ferreira de Abreu, disse que Maria das Graças Silva “não” era “nome de apresentadora”. Seria Anacyr nome — mezzo feminino — de coronel?
Maria das Graças Ribeiro contou que seus contos eram publicados sob o pseudônimo de Iriane Farrel.
O coronel não apreciou. Observando a jornalista com atenção, disse: “Você se parece com a Angela Davis. É isso aí. Você vai se chamar Ana Davis”.
A jornalista reagiu: “Mas, coronel, a mulher é comunista. Estamos no regime militar”. Irredutível, o militar desafiou: “Eu confio no meu santo”.
Anna Davies — o nome ganhou um “n” e um “e” a mais — se tornou apresentadora do “Jornal Hoje”. “Teve um relacionamento com Walter Clark”, o chefão da Globo.
Ao posar de maneira sensual para “O Pasquim”, Anna Davies desagradou o chefe do jornalismo da Globo, Armando Nogueira. Saiu da geladeira para ser repórter especial do “Fantástico”. “Entrevistou Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Mãe Menininha, Elis Regina, Tom Jobim, Chico Buarque, Zica, Cartola e Caetano Veloso.”
Esperta, Anna Davies, ao receber a incumbência de entrevistar Miles Davis, ao lado de uma colega, disse ao mago do jazz: “Não conversa com ela. É racista”. O artista, obviamente, optou por falar só com Anna Davies, sua quase xará de sobrenome.
Mais tarde, ao encontrar o nome do médico Eduardo Jovita na lista telefônica, Anna Davies ligou. Alegando que estava aposentado, ele disse que “não tinha nada a dizer”.
Como Anna Davies insistiu, Eduardo Jovita a recebeu. “Não estou aqui para fazer entrevista, pai.”
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Poderoso chefão dos italianos das bancas
As bancas de revistas e jornais eram controladas, no Rio de Janeiro, por jornaleiros de origem italiana. Eram os capatazes, que mantinham excelente relacionamento — pessoal e empresarial — com Roberto Marinho.
A Igreja São Francisco de Paula, na Barra da Tijuca, foi construída pelo empenho dos “capatazes” italianos, com apoio financeiro de Roberto Marinho.
Por isso, “o espaço reservado pelos jornaleiros a ‘O Globo’ nas bancas era o melhor possível”. O jornal não superava o “Jornal do Brasil”, em vendagem, mas estava em ascensão. Era como se “O Globo” tivesse “corpo” mas a alma pertencesse ao “JB” — jornal charmoso, moderno e bem-escrito.
Campeão em vendas (150 mil exemplares por dia e 200 mil aos sábados e domingos), o “Jornal do Brasil” enfrentava problemas com os distribuidores de jornais. Sua direção não tinha relacionamento estreito com os italianos. Roberto Marinho, pelo contrário, convidava-os para bater papo na sede de “O Globo”.
Os jornaleiros italianos — os “mancheteiros” — tinham o hábito “de ler em voz alta as manchetes para vender” jornais.
Chefe do sindicato dos jornaleiros, Elias de Jora entrou em choque com o “Jornal do Brasil”. A relação não era positiva e piorou quando, copiando o “New York Times”, Manoel do Nascimento Brito adotou a venda por assinatura. Os italianos ficarem putíssimos, sobretudo por não terem sido avisados de maneira antecipada.
Mais hábil, Roberto Marinho “ofereceu aos capatazes o controle da venda por assinaturas. Era uma forma diplomática de amarrá-los”.
A relação entre italianos e “JB” só piorava. Os jornaleiros decidiram suspender a distribuição do jornal. Então, a condessa Maurina Dunshee de Abranches Pereira Carneiro pediu o apoio de Roberto Marinho.
Convidados para conversar a respeito do “Jornal do Brasil”, lembrando uma cena de “O Poderoso Chefão”, os italianos, ao chegarem à casa do Cosme Velho, ficaram atentos à fala de Roberto Marinho.
“Elias de Jora deu alguns passos mais à frente na direção do empresário, ajoelhou-se e beijou a mão do dono da casa. O gesto foi repetido pelos demais.” Era o reconhecimento à força, à amizade e à solidariedade de Roberto Marinho.
Pouco depois, “a condessa telefonou ao amigo para agradecer pela suspensão do bloqueio dos jornaleiros”.
A história revela a atenção de Roberto Marinho tanto ao macro (a turma do topo da pirâmide social) quanto ao micro (a turma da base da pirâmide).
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O Globo revelou história da tortura de Aldo Arantes
Prestes a completar 87 anos, o ex-deputado Federal Aldo da Silva Arantes é uma força da natureza. De lucidez exemplar, fez mestrado em Ciências Políticas na UnB e permanece um notável debatedor das coisas públicas do país, como as guerras culturais patrocinadas pela extrema-direita, como a do americano Steve Bannon e a da turma de Jair Bolsonaro.

A história de Aldo Arantes — homem de rara decência e coerência — confunde-se com a história do Brasil, entre a segunda metade do século 20 e os 25 anos do século 21. Foi presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), militante da Ação Popular (AP), há anos milita no Partido Comunista do Brasil e atuou no Parlamento como um dos principais defensores das causas populares.
É um intelectual do primeiro time, operando irmanado com João Cezar de Castro Rocha, outro brilhante intérprete das guerras culturais articuladas pela direita e, em especial, pela extrema direita. Em linhas gerais, há método — estrutura elaborada — naquilo que parece apenas fanatismo e torpeza.
Em 1968, dada sua militância política, como crítico da ditadura civil-militar, Aldo Arantes foi preso e torturado.
Na página 385 do livro de Leonencio Nossa, o jornalista Paulo Totti relata: “Eu consegui publicar a primeira matéria de tortura no jornal [“O Globo”]. Eu era o editor. Era o caso de um deputado do PC do B de Goiás, Aldo Arantes. A gente deu uma página inteira. Matéria do Marcelo Pontes”. Uma breve correção: na época, o político goiano ainda não havia sido deputado.
Na sede da OAB, no Rio de Janeiro, Marcelo Pontes perguntou para o presidente da instituição, Raymundo Faoro: “Tem uma novidade aí?”
Raymundo Faoro respondeu: “Tem uns relatos de dois presos políticos. Eu dei para seu colega da ‘Folha’. O seu jornal não publica isso”.
Aceita a provocação da Raymundo Faoro, Marcelo Pontes leu os “escabrosos relatos de tortura”.
Leonencio Nossa registra o que havia nos depoimentos: “Aldo Arantes foi encapuçado, algemado com as mãos para trás, espancado no rosto e no tórax, levou murros no estômago e teve os polegares apertados por alicates. Depois, levado ao Rio, foi colocado numa ‘geladeira’, um cubículo sem janelas, onde se emitia um som ‘diabólico’, noite e dia”.
Aldo Arantes, continua o relato, “não se alimentava nem tomava água e fazia as necessidades fisiológicas na mesma cela. Só tinha força para pedir que o fuzilassem logo, com dignidade”.
Depois, Aldo Arantes foi levado pelos militares para São Paulo, “onde foi novamente espancado por dias”.
O outro militante da esquerda, Haroldo Lima, “contou que, ao ser preso, levou uma coronhada na cabeça, que abriu um talho, deixando a camisa ensopada de sangue”.
Ao chegar à redação, Marcelo Pontes repassou os dois depoimentos para Paulo Totti. O editor não titubeou: “Vamos publicar. Faz uma abertura aí”.
Porém, como contornar a censura, que impedia a publicação de reportagens sobre torturas e assassinatos de militantes da esquerda?
O fato é que “O Globo” ousou e “estampou em uma página inteira, sem fotos, os depoimentos. “Foi o primeiro relato de tortura que ‘O Globo’ publicou”, assinala Marcelo Pontes.
Como Evandro Carlos de Andrade estava viajando, a publicação foi autorizada pelo editor Luiz Garcia. Andrade chegou a ser consultado. Irmão de Roberto Marinho, Rogério Marinho quis saber a fonte. Aquiesceu ao saber que a OAB havia repassado a denúncia.
Ao ler a publicação, Raymundo Faoro disse para Marcelo Pontes: “Eu não acreditava que o seu jornal publicaria, é importante para a luta”.
Ao saber que Rogério Marinho queria informações precisas, Raymundo Faoro acrescentou sobre a questão da responsabilidade: “Fique tranquilo, a autoridade é minha. É minha obrigação como presidente da Ordem denunciar isso”.
Já Roberto Marinho, que queria saber de tudo antes da publicação, notadamente a respeito de reportagens explosivas, “reclamou muito”, conta Paulo Totti. “Disse que poderia deixar a matéria para o dia seguinte. Mas o Garcia tinha muito prestígio na casa, a coisa foi absorvida.”
A cúpula do Exército reclamou diretamente para Roberto Marinho. Mas aí a Inês estava morta.
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Ronaldo Bôscoli “criou” o Fantástico
Assenhorando-se do poder global, José Bonifácio Sobrinho, Boni, queria criar “um programa de música para falar do ‘show da vida”.
Então, o celebrado compositor e produtor cultural Ronaldo Bóscoli disse “É fantástico”.
Boni pegou no ar: “O título está aí”.
6
Antônio Olinto, cachorro da ditadura; Paulo Francis, empregado
O escritor, ensaísta e tradutor Antônio Olinto (1919-2009) — membro da Academia Brasileira de Letras — não sai nada bem da narrativa de Leonencio Nossa. Nos seus comentários sobre livros para “O Globo” — era titular da coluna “Porta de Livraria” —, possivelmente por razões ideológicas, ignorava autores como Antonio Callado, João Cabral de Melo Neto e Darcy Ribeiro

Alegando perseguição por parte do editor Evandro Carlos de Andrade — que dizia ser comunista (não era; comunista era Henrique Caban) —, Antônio Olinto procurou Roberto Marinho para reclamar. O empresário não quis recebê-lo.
Então, Antônio Olinto foi à casa de Roberto Marinho e falou com sua mulher. Numa carta, o empresário anotou: “Confessou então [Antonio] Olinto ser funcionário do SNI e alegou que Evandro Carlos de Andrade, por motivos ideológicos, não o queria em ‘O Globo”. A história pode ser conferida na página 195.
Leonencio Nossa relata: “Olinto foi demitido do jornal. A atuação dele como um ‘cachorro’ da ditadura nunca foi notada no meio literário, mesmo por seus rivais”.

Quando Boni decidiu contratar o polêmico jornalista Paulo Francis, pediu, antes, autorização para Roberto Marinho.
“Doutor Roberto, a Globo está precisando contratar um rapaz muito bom, mas que fez mal para o senhor.”
O empresário inquiriu: “Quem é, Boni?” O diretor respondeu: “Paulo Francis. Eu sei que ele foi muito cruel, atingiu a sua honra”.
Roberto Marinho segurou com a mão direita o braço de Boni e, com olhos fixos, perguntou: ‘Paulo Francis quer ser meu empregado?” Pronto: estava contratado.
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Goiás e goianos citados no livro sobre a Globo
— “O sinal do Canal 10 atingia uma área de cerca de 500 mil habitantes, que abrangia Luziânia e Cristalina, em Goiás, parte do Norte de Minas.”
— O goiano Divino Ferreira de Souza, o Nunes, ferido e torturado na Guerrilha do Araguaia, decidiu citar nomes de companheiros de PC do B que estavam mortos. Delirando, disse que “seu drama precisava ser contado pelo ‘Jornal Nacional’”.

— Leonino Caiado e Hernique Santillo são citados en passant.
— Fundador da TV Anhanguera, afiliada da Globo, o ex-deputado Jaime Câmara — pai de Jaime Câmara Júnior — é mencionado na página 320.
— O escritor José J. Veiga, o bispo dom Tomás Balduíno, o narrador esportivo Waldir Amaral e o ex-deputado Sinval Boaventura (mineiro radicado em Itapuranga, em Goiás) são listados.
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