Guerrilheiros do PC do B enfrentaram tropas do Exército entre 1972 e 1975 e foram derrotados — a maioria foi morta em confronto ou executada depois de capturada.

A Guerrilha do Araguaia, ao completar 48 anos, permanece uma obra aberta. Sua história está sendo contada por ex-guerrilheiros, militares, jornalistas e historiadores.

Há muito por contar a respeito dos mortos (e dos vivos, dos dois lados) — vários deles já estavam presos e não ofereciam mais qualquer risco aos seus combatentes.

Parte dos documentados militares sobre a batalha foi destruída? É provável que estejam bem guardados em “baús” de militares e, quem sabe, de filhos de militares (havia, por exemplo, o famoso baú do general Antônio Bandeira, que acabou divulgado pelo jornal “O Globo”). As Forças Armadas, notadamente o Exército, devem ter farto material sobre o assunto.

Dagoberto Alves Costa, ex-guerrilheiro no Araguaia | Foto: Divulgação da Cepe Editora

Um livro que contribui para ampliar a história do que aconteceu no Araguaia, entre Goiás (Tocantins) e Pará, é “Memórias do Araguaia — Depoimento de um Ex-Guerrilheiro “ (Cepe Editora, 103 páginas), de Dagoberto Alves Costa.

Como guerrilheiro, Dagoberto Alves passou 52 dias no Araguaia. Preso, foi levado para Brasília, onde foi torturado (choques elétricos, chutes e tapas). Ele ficou 690 dias preso — quase dois anos. Certa feita, o amarraram e o colocaram suspenso por uma corda com o avião no ar.

Ao deixar o Pelotão de Investigações Criminais (PIC), em Brasília, foi admoestado pelo general Antônio Bandeira: “Juízo, hein, rapaz! Não se meta mais com esses subversivos. Grave bem: você não terá uma segunda chance. Se for preso de novo, está morto”.

“O fato é que não havia a mínima estrutura para a guerrilha. Uma coisa é contar com a massa camponesa, outra é transportar estudantes dos centros urbanos, sem treinamento, sem logística, para uma região selvagem, onde, além de enfrentarem o Exército, tinham de lutar contra os perigos da floresta, os bichos, as doenças”, conta Dagoberto Alves Costa no livro.

Dagoberto Alves Costa, de 79 anos, é psicólogo e mora em Recife.