Um dos pontos fortes da obra de Delmo Moreira é a revelação do poeta Gonçalves Dias como etnógrafo
Um livro de excelente qualidade chegou às livrarias: “Catorze Camelos para o Ceará — A História da Primeira Expedição Científica Brasileira” (Todavia, 283 páginas), do jornalista Delmo Moreira.
Apesar do título destacar os camelos, que foram buscados em Argel, o forte do livro é a história da expedição científica patrocinada pelo imperador dom Pedro II. Delmo Moreira conta a história muito bem, com um texto leve e preciso.
Um dos pontos fortes do livro é o registro do poeta Gonçalves Dias (que morreu aos 41 anos, num naufrágio; tinha tuberculose e sífilis) como etnógrafo. Com um metro e meio, era um gigante em termos de ação e criação. Um azougue. Tinha amplo interesse pelos indígenas, procurou entendê-los (escapando dos preconceitos tradicionais), e, já no século 19, denunciou o desmatamento da Amazônia.

Gonçalves Dias, poeta | Foto: Reprodução
A expedição científica se deu no Ceará, mas Gonçalves Dias, de lá, foi para a Amazônia, continuando os estudos por conta própria.
O livro conta também a história dos cientistas barão de Capanema (amigo e protetor de Gonçalves Dias) e Francisco Freire Alemão.
Pode-se dizer que o Ceará foi redescoberto para o Brasil pela ciência, que, já no século 19, tinha seus inimigos — que cortavam verbas (ou retardavam seu envio) e tratavam os cientistas com desprezo. A sorte dos pesquisadores era a proteção de dom Pedro II, que amava a ciência.
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