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Obra discute como os governos do PT ajudaram a montar, de maneira fraudulenta, a multinacional patropi

A “paixão” (quiçá peixão) entre os governos do PT — Lula da Silva e Dilma Rousseff — e a JBS ainda não tem como ser descrita a contento. Porque trata-se de um caso em andamento e, por certo, há muito ou alguma coisa a revelar. Por isso é difícil, senão impossível, escrever um livro amplo e, quem sabe, definitivo a respeito de como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) bancou a expansão do grupo que, oriundo de Goiás, conquistou o mercado nacional e internacional (Ar­gentina, Estados Unidos e Austrália, por exemplo).

O fato de que a história definitiva não pode ser contada com precisão, porque está em andamento, não significa que não deva ser relatada agora. A im­prensa publicou dezenas de reportagens esclarecedoras sobre o conluio entre os governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff e a múlti patropi. Os proprietários da JBS-Friboi, os irmãos Joesley e Wesley Batista, contaram ao Ministério Público Federal que, de fato, propinaram quase a República inteira (diretamente, mais de 1.800 políticos; indiretamente, devem ter sido muito mais), não apenas a petista. Mas, como o PT estava no poder e criou a política dos campeões nacionais para beneficiar, em larga medida, a JBS, é notório que o partido liderado pelo ex-presidente é o mais envolvido nas falcatruas.

O advogado Bernardinho Coelho da Silva e o jornalista Claudio Tognolli decidiram publicar um “livro de oportunidade”. O advogado leu toda a documentação, organizou as denúncias, aparentemente escreveu um texto básico e o jornalista e professor da USP redigiu o texto final.

Reunidos, os escândalos — porque não é apenas um escândalo, e sim uma sucessão de falcatruas, em parte descritas pelos próprios beneficiários — se tornam ainda mais assustadores. Fica-se com a impressão de que a República do Assalto ao Erário era a “instituição” mais poderosa do país. O BNDES se tornara, sob o petismo, uma espécie de caixa forte dos hermanos Batista. Eles decidiam fazer alguma aquisição e, pronto, estava lá o banco-bando estatal: bancando tudo. Os autores do livro concluem que a JBS, ao contrário de outras empresas, “nunca correu riscos”. O BNDES era o avohai — avô e pai — da JBS de Joesley e Wesley Batista, os alpinistas socioeconômicos do Cerrado que conquistaram o mundo, como bandeirantes caipiras.