Livraria da Vila de Brasília decepciona e leva leitor a correr para a Livraria Travessa
11 agosto 2022 às 12h56
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Abrir e manter uma livraria no Brasil (e talvez em todo o mundo) é um ato heroico.
Portanto, criticar uma livraria é praticamente um pecado. Por isso tendo a considerar que todas as livrarias (e sebos) são boas. Prestam um inestimável serviço aos leitores.
Se o leitor não apreciou a livraria física, pelo acervo pequeno e pouco variado, não tem problema: pode recorrer ao site da mesma livraria. Lá vai encontrar mais livros, inclusive, por vezes, importados.
Porém, como se sabe, há os leitores “de” livraria. São aqueles que passam minutos e até horas examinando os livros das mesas e estantes. Às vezes entram para comprar um livro e, depois de vasculhá-las, acabam levando outras obras.
A Livraria da Vila, de São Paulo, é excelente. Tanto as unidades de shopping quanto as de rua — na Alameda Lorena (com nova sede) e na Vila Madalena.
Como a Livraria da Vila mantém um acervo de primeira linha nas suas unidades de São Paulo, pensei, de cara, que a unidade de Brasília, localizada no Shopping Iguatemi, seguiria o modelo.
Entretanto, não seguiu. Pelo contrário, a Livraria da Vila de Brasília ficou com a cara de Livraria Saraiva — com acervo pouco diversificado. Teria sido uma exigência do shopping, que prefere uma livraria mais com best-sellers ou supostos best-sellers? Não sei. Se há a exigência, e se livraria decidiu acatá-la, tanto a direção do shopping quanto o livreiro erraram. O espaço é pequeno? Talvez não (Goiânia tem uma livraria pequena, a Palavrear, mas excelente). O problema reside, provavelmente, no modelo de livraria que se implantou.
Felizmente, para os leitores de Brasília e adjacências, há uma ótima Livraria Travessa, no shopping Casa Park. Seu acervo é maior e mais diversificado (há inclusive livros publicados em Portugal por suas melhores editoras. Comprei edições lusas, com traduções apuradas, de Walt Whitman, Emily Dickinson, Konstantinos Kaváfis e William Wordsworth).
A Livraria da Vila de Brasília nasceu para ser a segunda colocada? Espera-se que não. Fico na torcida, por apreciar a rede, que a direção mude o modelo da unidade da capital do país.