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Uma decisão liminar do juiz Eduardo Guimarães de Morais, da Comarca de Caiapônia (GO), determinou a retirada do ar, no sábado, 9, de uma reportagem publicada pela revista Piauí apenas um dia depois. O texto, intitulado “O paraíso goiano da previdência”, denunciava supostas fraudes em aposentadorias rurais por invalidez, com prejuízo estimado de R$ 1 milhão ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Segundo a apuração, pecuaristas e comerciantes teriam se passado por lavradores para obter benefícios, com atuação recorrente de dois advogados responsáveis por dezenas de ações. Um dos advogados é casado com uma servidora do INSS. O esquema apontaria para uso de testemunhas repetidas, endereços compartilhados e perícias médicas conduzidas por profissionais já envolvidos em outros casos.

Entre os exemplos citados está o de uma fazendeira com 450 cabeças de gado que, mesmo com alta renda e propriedades, conseguiu a aposentadoria por invalidez rural após ter o pedido negado pelo INSS e pela Justiça Federal.

As irregularidades teriam sido identificadas pelo juiz que assumiu a Vara local em 2020 e analisou 43 processos, destacando saques em espécie de altos valores e demora no pagamento de retroativos. Ele também é citado em outras investigações por suspeita de desvio de benefícios, falsificação de documentos e enriquecimento incompatível com sua renda.

Apesar das denúncias, o inquérito da Polícia Federal foi encerrado sem indiciamentos ou mandados, e a ex-juíza da comarca não foi investigada. A Piauí informou que vai recorrer da decisão.

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