Justiça manda retirar de circulação livro com suposto diário do ex-deputado Eduardo Cunha

24 março 2017 às 20h57

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O livro a respeito da Lava Jato é apontado como ficcional. E, claro, não foi escrito pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados, que, como deixa dúvida, pediu sua censura, e conseguiu
A Justiça do Rio de Janeiro proibiu a circulação do livro “Diário da Cadeia — Com Trechos da Obra Inédita Impeachment”, “de” Eduardo Cunha (pseudônimo), publicado pela Editora Record. Na sexta-feira, 24, a editora divulgou uma nota informando que, cumprindo decisão judicial, “interrompeu imediatamente a circulação da obra”. A censura foi pedida pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, que exige uma indenização de 100 mil reais.
O “Diário da Cadeia” não foi escrito pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, que está preso e pretende escrever um livro contando sua história política. Numa entrevista à revista “Veja”, o editor da Record, Carlos Andreazza, revelou que uma mulher é a autora (com vários livros publicados) do livro ficcional mas fortemente ancorado na realidade. A repórter da revista pergunta: “O que podemos saber sobre o verdadeiro autor?” E recebe como resposta: “É um escritor com vários livros publicados”. A jornalista complementa: “Podemos enviar perguntas para ele?” Carlos Andreazza consente: “Sim, me passa que eu encaminho a ela”. Observe que não diz “ele”, e sim “ela”. Seria um disfarce ou um ato falho?
Como não leu o livro, ao recorrer à Justiça — o juiz possivelmente não leu a obra —, Eduardo Cunha estaria pedindo “censura prévia”, na avaliação de Carlos Andreazza. “É uma sátira de gargalhar de rir. Acho que o Cunha vai se divertir”, afirma o editor. Não vai mais, porque o livro não irá, como havia sido informado, para as livrarias neste fim de semana. Quem tentar vendê-lo será multado.
Adiante, o livro pode ser liberado pela Justiça? É provável, sobretudo depois que Eduardo Cunha (ou seus advogados) e o magistrado tiverem lido a obra integralmente.
Nota oficial sobre o livro “Diário da Cadeia”
“Em cumprimento à decisão judicial relacionada ao livro “Diário da Cadeia – Com Trechos da Obra Inédita Impeachment – Eduardo Cunha (PSEUDÔNIMO)”, processo nº 0063612-11.2017.8.19.0001, em trâmite na 13ª Vara Cível da Comarca da Capital do Rio de Janeiro, a Editora Record interrompeu imediatamente a circulação da obra.
“Estamos envidando todos os esforços para obter a revogação da Tutela Provisória de Urgência.
“Solicitamos que, por gentileza, não sejam publicados ou reproduzidos trechos da obra citada.”