Jornalista morre de parada cardiorespiratória aos 26 anos
11 novembro 2024 às 18h07
COMPARTILHAR
A vida prega peças nos indivíduos. Criancinha, Beatriz Capirazi era usada para pedir esmolas nas ruas de São Paulo. Sua mãe a “alugava”. Acolhendo uma denúncia, o Conselho Tutelar levou a menina de um ano e três meses para um abrigo. Casada com o projetista Ariovaldo Arcas Capirazi, a professora Maria Tereza Bergamin havia perdido um filho na gestão e, por isso, o casal decidiu adotar Beatriz.
Maria Tereza contou ao “Estadão”: “O primeiro presente que minha cunhada deu à Beatriz foi um livrinho. Foi um gesto que se repetia todos os anos e, com o passar do tempo, ela se tornou uma pessoa apaixonada por ler e escrever, vivia com livros para cima e para baixo”.
No domingo, 10, Beatriz Capirazi, Bia, de 26 anos, morreu de uma parada cardiorespiratória. Na semana anterior, teve crise de ansiedade, tontura e dificuldade respiratória, relata o “Estadão”. Foi internada e ganhou alta, mas sem melhorar.
Beatriz Capirazi foi repórter de “O Estado de S. Paulo” — cobria ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança) — e, mais recentemente, era repórter de saúde da Agência Estado (do Broadcast, sistema de notícias em tempo real).
A família diz que a jovem era perfeccionista. Colega de trabalho de Beatriz Capirazi, Beth Moreira disse ao “Estadão”: “Ela era muito preocupada em não deixar a gente na mão, em fazer sempre mais. Bia sempre fazia mais, além do que havia sido pedido, era muito proativa e trazia uma luz à editoria, sempre com uma boa história, uma frase engraçada, essas sacadas de jovens, que renovam a gente”.
Editora do Broadcast, Luana Pavani elogia a capacidade de trabalho de Beatriz Capirazi: “Era o tipo de repórter que a gente tem de falar: ‘ó, tá bom, já pode parar’. A gente chamava ela no curso [do “Estadão”] de ‘Bia, a incansável’.”
Dada sua própria história, Beatriz Capirazi escreveu o livro “Vidas Sucateadas — Um Olhar Sobre a Devolução de Crianças Adotadas”. São depoimentos de pessoas que foram adotadas e de psicólogos. Na faculdade, os professores a consideravam uma aluna brilhante.