Isabele Benito não se intimida e exige que parlamentar seja mais preciso ao prestar informações de interesse dos cidadãos

Há quem acredite que, em nome do mito da imparcialidade e da isenção, o jornalista deve ser uma espécie de eunuco mental. É um balela, pois o repórter é um cidadão como outro qualquer e sua ética, sugeriu Claudio Abramo, deve ser a do marceneiro, quer dizer, a de todos. Os críticos da jornalista Isabele Benito, que bateu boca com o deputado estadual Paulo Melo, do PMDB do Rio de Janeiro, erram quando cobram-lhe compostura. Na terça-feira, 6, a apresentadora do “SBT Rio” questionou o parlamentar ao vivo e ele irritou-se.

“Eu como cidadã discordo do senhor como deputado, simplesmente porque não é o que vocês provam no dia-a-dia”, afirmou Isabele Benito. O deputado contra-atacou: a apresentadora seria “uma repórter ou uma militante política”? Repórter, lógico, e, como tal, sua função (e missão) é questionar e torrar a paciência dos que não querem responder com clareza aquilo que foi perguntado. Sem papas na língua, a jornalista tascou, com precisão: “Você está respondendo para a cidadã Isabele Benito”. Aí, sem tirar nem pôr, diria o escritor russo Daniil Kharms, a cidadã Isabele Benito representou todos os cidadãos do Rio de Janeiro e, quiçá, do Brasil.

Quando a repórter é mulher, a “técnica” dos homens, não apenas dos políticos, é sugerir que está “nervosa”. Na verdade, Isabele Benito é incisiva, tanto que forçou o deputado a se abrir mais.

O que a repórter queria saber, pois é do interesse dos cariocas, é “se a Comissão de Orçamento da Assembleia Legislativa do Rio iria votar um parecer do Tribunal de Contas do Estado, que reprova contas de 2016 do governo [do Rio], de forma política ou técnica” (informação do Portal Imprensa).