Jornais sugerem que apenas Eduardo Campos morreu em acidente de avião

16 agosto 2014 às 12h27

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Comparadas as capas dos jornais, lidas as reportagens, é possível concluir que no acidente de avião ocorrido em Santos, na quarta-feira, 13, morreu “apenas” o presidenciável do PSB, Eduardo Campos. Nos rodapés, para manter a objetividade, os jornais esclareceram que morreram, além do ex-governador de Pernambuco, mais seis pessoas, menos nobres, por certo, e por isso merecedoras de menos espaço e apreço.
Os repórteres deveriam ter mostrado, de maneira menos insossa — fizeram questão de ressalvar que, num desabafo, um piloto disse, numa rede social, que estava cansado (qual trabalhador não faz o mesmo, diariamente?) —, um pouco mais sobre esses indivíduos. Cada um tem sua história e suas famílias sofrem como a família do líder pernambucano. Pedro Almeida Valadares Neto, ex-deputado federal, Carlos Augusto Leal Flho, assessor de imprensa de Eduardo Campos, Alexandre Severo, fotógrafo da campanha, Marcelo Lyra, cinegrafista, Marcos Martins e Geraldo Cunha, pilotos, merecem ter suas histórias narradas. Afinal, são seres humanos como Eduardo Campos e têm parentes que também estão abalados.
A imprensa brasileira, aparentemente de mentalidade aristocrática, parece que quer transformar Eduardo Campos numa espécie de Evita Perón de calça.