O jornalismo do “Em Pauta”, da Globo News, parece leve e, portanto, superficial. De fato, aqui e ali, há comentários perfunctórios sobre política, economia, cinema, livros — quase no estilo do Faustão: “o melhor do país”. Mas os comentários de Eliane Cantanhêde, Gerson Camarotti, Mara Luquet (mesmo quando incentiva a investir, recomenda cautela, bom senso) e, sobretudo, Jorge Pontual.

Quem diria: o mineiro Jorge Pontual [acima], 67 anos em novembro, com sua cara de menino travesso, talvez tímido por se expor tanto num programa de massa, é o charme do programa. Ele informa com competência, se envolve com aquilo que pesquisou e está revelando para os leitores, e tem cultura. Além disso, sua graça parece espontânea e não raro tem tutano para enfrentar o politicamente correto. É um Paulo Francis aristocrata.

Guga Chacra, o garoto (fora do lugar) da turma, além da voz irritante, não treinada para a comunicação com o público televisual, divulga informações como se fosse um robô, quer dizer, como se não tivesse assimilado aquilo que está propagando. Parece que sabe das coisas, mas tem dificuldade de processar e sintetizar as informações. Quando Guga Chacra aparece no lugar de Jorge Pontual, dado o revezamento da equipe, o “Em Pauta” fica fragilizado, meio, digamos, “Sem Pauta”.

Eliane Cantanhêde começou hesitante, titubeando — era (e é) um profissional mais de jornais impressos, agora está no “Estadão”, e muito bem, motivada —, é uma comentarista do primeiro time. No momento, só está perdendo terreno, se está, para a excelente Renata lo Prete. Fica-se com a impressão, quando se ouve Lo Prete falando, explicando os fatos, arrancando-lhe a alma, que nasceu para a televisão. A ex-ombudsman da “Folha de S. Paulo” consegue entender e explicar os fatos com rapidez e inteligência, com segurança e isenção. Craquíssima.

Gerson Camarotti, com a aquela bochechona de padre velho e gordo e sua fala pausada e cansativa, é, acima de tudo, um excelente repórter. Ele é seguro e bem informado.

Bete Pacheco [acima]é tão linda e charmosa — este comentário é mesmo idiossincrático — que nem sempre acompanhamos o que está falando. Se a objetividade entra em questão, aí percebe-se que Bete Pacheco é mais repórter do que comentarista. Mesmo quando aparentemente está comentando, opinando, na verdade está reportando. Falta opinião e firmeza nos seus comentários. Não é, mas às vezes sua divulgação cultural soa como publicidade.

Sérgio Aguiar [acima] é simpático, rápido no gatilho e nenhum outro jornalista da Globo News apresenta o programa tão bem. Ele é um dos responsáveis pelo “clima” descontraído do “Em Pauta”.