O deputado federal Jair Bol­sonaro (PP-RJ) disse, na semana passada, à ex-ministra dos Direitos Humanos e deputada Maria do Rosário (PT-RS): “Há poucos dias você me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei que eu não estuprava você porque você não merece”.
A frase é dúbia — porque o deputado não diz que pretendia estuprá-la e acrescenta que a petista “não merece” o estupro (pode ser porque não vale a pena e porque uma pessoa não merece ser estuprada) —, mas a violência não é. O uso da palavra “estuprava” é, em si, uma violência.

Uma guerra se processou nos sites, blogs e redes sociais. Jair Bolsonaro e Maria do Rosário foram atacados e defendidos com igual volúpia. Não deixa de ser estranho que até liberais tenham feito contorções filosóficas para sugerir que o deputado não está equivocado. É de se pensar que liberais que se tornaram combatentes perderam a cabeça e deixaram de ser liberais de fato. A fala do pepista é indefensável.

Outra tese indefensável é do colunista de “O Globo” Ricardo Noblat, que se apresenta como policial dos costumes e propõe a cassação de Jair Bolsonaro, por falta de decoro parlamentar. Ora, o jornalismo normativo do repórter deveria sugerir no máximo uma advertência. A cassação do deputado seria outra violência. Será que Ricardo Noblat quer ser o militar-civil de um Márcio Moreira Alves que apoia o que ocorreu durante o regime civil-militar?

Ricardo Noblat, que está jogando para a plateia, sobretudo a feminina e a que defende os direitos humanos, deveria se preocupar um pouco menos com debates pouco civilizados e pedir, por exemplo, a prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari, que estaria envolvido, até a raiz dos cabelos, nos escândalos da Petrobrás. Pelo menos é o que assinala a revista “Época”.