A prioridade total é a televisão. Mas a rejeição ao jornal pode não ser definitiva

Jaime Câmara Júnior, Tasso Câmara (o decano da família), Cristiano Câmara e Tadeu Câmara:  dirigem o Grupo Jaime Câmara há décadas

O Grupo Jaime Câmara vendeu a TV Anhanguera para o Grupo Zahran. O que está emperrando o negócio é que o grupo empresarial de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul — onde dirige as emissoras afiliadas à TV Globo e comanda o negócio de gás — adotou a posição de rejeitar o jornal “O Popular”, dado, segundo auditoria, o fato de ser deficitário. Os executivos da empresa ficaram surpresos ao verificar que, apesar de se tratar de um grande jornal — com muitas qualidades —, praticamente não ter anúncios durante toda a semana (perceberam também o alto encalhe nas bancas, inclusive aos domingos). O Grupo Zahran não pensa em jornalismo como mecenato. O jornal precisa ser “viabilizado”, mas a empresa não tem qualquer expertise em jornal impresso.

A rejeição a “O Popular” é definitiva? Não é, admitem as partes. Mas o jornal é visto como o patinho feio do Grupo Jaime Câmara. O Grupo Zahran ficou impressionando com a quantidade de funcionários e apontou que, mesmo num processo de venda, a redação continua contratando jornalistas. “Se ficar com o jornal, a empresa de Mato Grosso pretende demitir ao menos 40% dos profissionais”, admite um executivo local. As demissões serão feitas em todo o jornal (não se fala em demitir tão-somente jornalistas) — isto se o Zahran assumir mesmo o seu comando. Surpreendeu aos executivos de Mato Grosso o fato de que o jornal parece sem comando empresarial, quer dizer, a redação estaria ditando as normas, sem a prevalecer a autoridade dos proprietários.

Ao contrário do que se comenta, não há nenhum registro factual de que algum político esteja participando da aquisição de “O Popular”.