Conta a lenda que, quando nascem dez crianças em Iporá, ao menos cinco se tornam poetas ou prosadoras. Relata-se que os pais dizem: “Tu vai ser poeta” ou “Você vai ser fazendeiro”. Conhecida como Irlanda do Cerrado, dada a quantidade imensa de escritores — Carlos Willian Leite (que costuma chamá-la de “minha Dublin”), Celeste Gomes, Edival Lourenço, Pio Vargas e mais algumas dezenas ou, quiçá, centenas —, muitos deles talentosos, Iporá vai acabar citada no livro de recordes.

Brincadeira à parte, Iporá é mesmo uma máquina de produzir bons escritores e jornalistas. Pio Vargas, o bardo, é a figura mais emblemática — um tanto por ter morrido jovem, aos 26 anos, em decorrência de uma overdose de cocaína, e um tantão por causa de seu imenso talento. Edival Lourenço faz sucesso na poesia e na prosa. É um proeta. Carlos Willian é um vate de qualidade e um editor de primeira linha (sua excelente “Revista Bula” faz sucesso nacional). Celeste Gomes é jornalista, escritora e crítica literária.

Celeste Gomes trabalhou no jornal “Diário da Manhã” e na TV Brasil Central, na década de 1980. Integra o time dos jornalistas de primeira linha. Mudou-se para a Espanha — mora em Madri —, há mais de 30 anos e trabalhou como jornalista no país de Carmen Laforet e Almudena Grandes. Não disse adeus ao jornalismo, tanto que, de vez em quando, escreve textos para o Jornal Opção, inclusive críticas literárias sobre escritores da Espanha — alguns deles inéditos em português. Aprecia escrever sobretudo a respeito da prosa de mulheres.

Depois de burilar o texto por algum tempo, Celeste Gomes está apresentando o romance “Antes del Olvido”, que escreveu em espanhol, aos leitores da terra de Cervantes e Javier Marías. Ela pretende publicar “Antes do Esquecimento”, que define como “uma história de amor espiritual”, no Brasil, seu país. Planeja conseguir que alguma editora patropi se interesse por sua prosa. De alguma maneira, ela é uma autora tão brasileira quanto espanhola. Porque o romance foi escrito em espanhol, a segunda língua da autora, que, por viver na Espanha, se tornou uma espécie de primeira língua, ao lado, quiçá empatada, com a língua portuguesa.

Para o desfrute dos brasileiros, Celeste Gomes escreveu uma sinopse em espanhol e a traduziu para o português (para o deleite de suas amigas e dos leitores do Jornal Opção).

Leia sinopse escrita por Celeste Gomes

“Quando Iara, uma jornalista com uma carreira proeminente, chega à casa de Alissa para começar a escrever sua biografia, ainda não sabe que uma das experiências mais maravilhosas de sua vida a espera.

“A estranha viagem às memórias de Alissa começa quando a dona da casona confessa o primeiro de muitos segredos: apesar de sua aparência jovem, tem 65 anos de idade. A partir desse momento, Alissa começará a reviver uma vida extraordinária que Iara ouvirá com surpresa e incredulidade. Porque a história de Alissa não é apenas a história de uma vida, é também a história de todo um mundo por descobrir.

“O livro é uma viagem da vida de Alissa, filha de açucareiro, fazendeiro, passou sua infância no cerrado goiano, só que opção foi parar na selva amazónica.

“O objetivo do romance é procurar despertar a consciência do leitor. É uma história de autorrealização e de respeito e admiração pela natureza, assim como o louvável objetivo da protagonista de ajudar as pessoas. Ao preparar a estrutura narrativa, senti a necessidade de fundir um mundo imaginário vivido pelo protagonista através dos sonhos, com o mundo real.

“Ele tem influências do realismo mágico, mostrando devaneios e defendendo a natureza e, acima de tudo, a necessidade que de ajudar a melhorar a vida das pessoas. É um romance descritivo, com paisagens que se misturam com os gostos e cheiros do lugar. À medida que avança, o leitor sente interesse em conhecer como os personagens evoluem.

“Pode satisfazer leitores comprometidos com a defesa dos animais e do meio ambiente, e leitores ávidos por histórias de autoaperfeiçoamento e pela realização de projetos de vida. Eu também mostro a dificuldade das relações interpessoais, portanto é um bom texto para os leitores que gostam de complicações da vida real. É algo espiritual. Uma história de amor espiritual.”