Globo News demite Bianca Ramoneda e Globo dispensa Luís Ernesto Lacombe
16 janeiro 2017 às 22h33
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Grupo Globo não explicou os motivos das demissões. Jornalistas mencionam “renovação”, “contenção de despesas” e “enxugamento”
Alguns jornalistas adquirem com o tempo a “cara” do lugar ou do programa no qual trabalham. William Bonner é o “Jornal Nacional” sem tirar nem pôr. Bianca Ramoneda e a Globo News pareciam siamesas — tal a identificação. Pois, por decisão de algum diretor, quiçá pensando em custos ou renovação (que às vezes é pura ficção), as duas foram separadas. Bianca Ramoneda, apresentadora precisa, com um pé no formal e o outro pé no informal, trabalhou na GN durante 18 anos. “Ofício em Cena” era operado pelo jornalista, atriz e escritora desde 2015.
Aos 25 anos, em 1998, Bianca Ramoneda começou a apresentar o “Starte”, um dos sucessos da Globo News. Ela fazia entrevistas e reportagens sobre a área cultural. Entrevistou Fernanda Montenegro, Beatriz Segall, Paulo José, Lima Duarte, Bibi Ferreira e Walmor Chagas.
Lacombe
A TV Globo demitiu Luís Ernesto Lacombe, que estava na rede desde 1997. Na sexta-feira, 13, o jornalista esportivo, ao despedir-se dos telespectadores do “Bom Dia Brasil”, informou que voltava em fevereiro. Não havia sido comunicado da demissão.
Lacombe, que trabalhou 13 anos na Globo, é escritor. Seu mais recente livro é “Cartas de Elise — Uma História Brasileira Sobre o Nazismo” (Editora Tinta Negra, 460 páginas).
As cúpulas da Globo News e da Globo não informaram os motivos das demissões dos dois jornalistas, apontados pelos colegas como “competentes e dedicados à empresa” (Grupo Globo). Colegas falam em “renovação de quadros”, “contenção de despesas” (dois jornalistas pesam tanto assim?) e “enxugamento” (é a política geral dos meios de comunicação).
Sinopse da editora
“‘Cartas de Elise — Uma História Brasileira Sobre o Nazismo’ é o quarto livro de Luís Ernesto Lacombe, jornalista e apresentador, e sua primeira experiência na prosa. O autor refaz a trajetória de sua família que viveu na Alemanha e foi separada durante o regime de Hitler. Ernst Heilborn, avô paterno de Lacombe, desembarcou no Rio de Janeiro, em 1934. Fugia do nazismo. Na Alemanha, ficaram sua mãe, Elise, seu irmão, tios, primos e amigos.
“Era uma época em que a distância dividia realmente e a comunicação era difícil. Cartas, telegramas… Foi justamente a correspondência trocada por Ernst com a Alemanha que permitiu a Lacombe se aproximar de uma parte de sua família, da qual tão pouco sabia, e a desenvolver o enredo.
“A viúva de Ernst, que viveu até os 96 anos, sempre disse que não guardara nenhuma das cartas trocadas entre o marido e seus parentes e amigos na Alemanha. Quando Lisette morreu, em 2006, as correspondências foram encontradas em seu apartamento em Copacabana. Centenas delas, a grande maioria cartas enviadas por Elise ao filho. Tudo foi entregue à irmã caçula de Lacombe, que mora na Alemanha desde 1992. Cristina Heilborn-Guenther começou a fazer a tradução para o português e uma grande pesquisa sobre a família… Ao mesmo tempo, tentava convencer o irmão a escrever um livro sobre o assunto, contando a saga da família.
“Algumas cartas se transformaram em diálogos, outras serviram apenas como fonte de informação, mas várias aparecem na íntegra. A narrativa vai revelando como a vida de Elise, na Alemanha, e de Ernst e Lisette, no Brasil, é alterada durante todo o processo nazista de perseguição aos judeus. A mãe de Ernst demora a se convencer de que precisa deixar seu país. No início, não reconhece o perigo, talvez se ache inatingível. Depois, momentos de preocupação e desespero. De vez em quando, alguma esperança, nada que dure muito. Precisa fugir e não consegue. Os nazistas não deixam.
“A história se passa entre a Europa e o Rio de Janeiro. A Copacabana do início do século XX aparece logo no segundo capítulo. O bairro é quase um personagem. Foi onde Ernst conheceu sua mulher, Lisette. Ela cresceu num casarão em frente a essa praia, uma das mais famosas do mundo, foi uma das primeiras banhistas cariocas… O pai dela, Gastão Bahiana, foi pioneiro entre os moradores de Copa e também no ensino da arquitetura no Brasil. Primeiro presidente do que hoje se chama de Instituto de Arquitetos do Brasil, ele dá nome a uma rua importante que liga Copacabana à Lagoa.”