Francisco, que completa dez anos como papa da Igreja Católica, volta a falar em renúncia

10 março 2023 às 10h47

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Na segunda-feira, 13, o papa Francisco, da Igreja Católica, completa dez anos de pontificado. Ele tem 86 anos.
Numa entrevista à Rádio e Televisão Suíça (RSI), Francisco admitiu, mais uma vez, que um “cansaço extremo” pode obrigá-lo a renunciar ao papado. Ele também frisou que, se não conseguir “ver as coisas claramente”, terá de sair da direção da Igreja Católica.
Francisco escreveu uma carta-renúncia, em 2013, sugerindo que, em caso de problemas de saúde que o impossibilitem de representar bem a Igreja Católica, deixaria de ser papa.
“Um cansaço que não te deixa ver as coisas claramente. A falta de clareza, de saber avaliar as situações. Também pode se dar por problema físico”, afirma Francisco (Jorge Bergoglio). “Pergunto sempre sobre isso e sigo conselhos. ‘Como vão as coisas? Você acha que eu devo…’ pergunto aos que me conhecem, também a alguns cardeais inteligentes. E eles me falam: ‘Continue, está bem’, revela. Mas, por favor, avise a tempo”, disse o papa argentino.

O papa diz que tem menos “resistência física”. Revelou que chegou a ficar envergonhado por usar uma cadeira de rodas para se locomover. Ele tem problemas num joelho.
Um religioso que não deixa o presente escapar
Políticos e religiosos não me entusiasmam, no geral, mas o papa Francisco chama a minha atenção. Primeiro, porque percebo, e espero ter razão sobre isto, uma certa autenticidade no que diz. Segundo, sem esquecer o passado coletivo e da Igreja, dialoga com o presente com extremo interesse.
Então, talvez eu possa resumi-lo assim: Francisco é o papa que levou a Igreja Católica, apesar das resistências, a se tornar contemporânea de seus fieis e não apenas deles. Trata-se de um papa que fala à humanidade, e não apenas aos católicos. É o que me agrada.
Aqui e ali, noto, no que expressa, uma fala semelhante à dos melhores antropólogos. Tenho a impressão de que quer entender e respeitar as diferenças profundas entre os indivíduos — e não enquadrá-las em nome da religião, de um dogma.