Boadyr Veloso e Camila Lagares: a Força Nacional terá “coragem” e “liberdade” para investigar o assassinato destes dois seres humanos?
Boadyr Veloso e Camila Lagares: a Força Nacional terá “coragem” e “liberdade” para investigar o assassinato destes dois seres humanos?

“O Hoje” (reportagem de Edu­ardo Pinheiro), o “Diário da Manhã” (texto de Nayara Reis) e o “Pop” (matéria de Cleomar Almeida) deram destaque à prisão dos policiais militares Rones Cruvinel de Melo, Roberto Caetano de Sousa, Nelson Balbino do Sacramento e Manoel Messias de Oliveira. A Força Nacional os prendeu em Rio Verde. O quarteto é suspeito de ter cometido três homicídios (é possível, segundo a polícia, que tenha matado bem mais), extorsão e associação para o tráfico de drogas. A pergunta que os jornais não fizeram, limitando-se a publicar o resultado da investigação da Força Nacional, é até prosaica: a Polícia Civil e a Polícia Militar de Goiás não sabiam o que estava acontecendo em Rio Verde? Segundo o repórter Cleomar Almeida, o cabo Roberto Caetano de Sousa é suspeito de participar do assassinato de Divino Roberto em 1996. Há 18 anos! Quase duas décadas.

Os três jornais, que mantêm uma cobertura policial azeitada, com equipes específicas e experientes, deveriam produzir reportagem mostrando que, quando investiga de fato — sem receios ou supostas maquiagens —, a polícia consegue prender os responsáveis pelos assassinatos. Quando não quer, por variados motivos — medo talvez seja um deles, pressão talvez seja outro —, a polícia obviamente nada descobre. Os assassinatos do médico, político e bicheiro Boadyr Veloso, de Túlio Jayme e da estudante Camila Lagares não foram investigados com rigor. A Força Nacional teria condições de investigá-los? Tudo indica que sim, pois está mostrando que não tem qualquer receio de prender policiais militares, desde que tenham se tornado criminosos.

Os três diários publicaram re­portagens corretas, mas há pequenos problemas:

1 — O “Pop” escreve Operação Quarteto. “O Hoje” e o “Diário da Manhã” publicam o nome completo, Operação Quarteto Fantástico. O “Pop” errou.

2 — Nayara Reis, do “DM”, anota “PM’s”. O “Pop” e “O Hoje” acertam ao optar por PMs. O apóstrofo é desnecessário.
3 — “O Hoje” deu a patente do cabo Roberto Caetano, mas omitiu as patentes dos policiais militares Rones Cruvinel de Melo (cabo), Nelson Balbino do Sacramento (cabo) e Manoel Messias de Oliveira (sargento).

4 — A seguir exponho mais uma dúvida do que erro. “O Hoje” e “Pop” dizem que o delegado Rossilio Souza Correia coordenou a Operação Quarteto Fantástico. O “DM” assinala que o delegado Fá­bio Rogério é o coordenador da operação. O “Pop” garante que o delegado Fábio Rogério da Silva é o coordenador da Força Nacional de Segurança no Estado. Em seguida, o “Pop” assegura que o delegado Alexandre Lourenço é o coordenador da Força Nacional em Goiás pela Polícia Civil.

5 — O “DM” informa que “setenta homens da Força Nacional participaram da Operação Quarteto Fan­tástico”. “O Hoje” apresenta outro número: “A operação montada para a prisão dos militares reuniu 50 homens da Força, com apoio da Corregedoria da PM e da Polícia Civil”.