Força Nacional prendeu 3 PMs em Rio Verde. Mas vai prender quem matou Boadyr Veloso, Túlio Jayme e Camila Lagares?

19 março 2014 às 16h23

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“O Hoje” (reportagem de Eduardo Pinheiro), o “Diário da Manhã” (texto de Nayara Reis) e o “Pop” (matéria de Cleomar Almeida) deram destaque à prisão dos policiais militares Rones Cruvinel de Melo, Roberto Caetano de Sousa, Nelson Balbino do Sacramento e Manoel Messias de Oliveira. A Força Nacional os prendeu em Rio Verde. O quarteto é suspeito de ter cometido três homicídios (é possível, segundo a polícia, que tenha matado bem mais), extorsão e associação para o tráfico de drogas. A pergunta que os jornais não fizeram, limitando-se a publicar o resultado da investigação da Força Nacional, é até prosaica: a Polícia Civil e a Polícia Militar de Goiás não sabiam o que estava acontecendo em Rio Verde? Segundo o repórter Cleomar Almeida, o cabo Roberto Caetano de Sousa é suspeito de participar do assassinato de Divino Roberto em 1996. Há 18 anos! Quase duas décadas.
Os três jornais, que mantêm uma cobertura policial azeitada, com equipes específicas e experientes, deveriam produzir reportagem mostrando que, quando investiga de fato — sem receios ou supostas maquiagens —, a polícia consegue prender os responsáveis pelos assassinatos. Quando não quer, por variados motivos — medo talvez seja um deles, pressão talvez seja outro —, a polícia obviamente nada descobre. Os assassinatos do médico, político e bicheiro Boadyr Veloso, de Túlio Jayme e da estudante Camila Lagares não foram investigados com rigor. A Força Nacional teria condições de investigá-los? Tudo indica que sim, pois está mostrando que não tem qualquer receio de prender policiais militares, desde que tenham se tornado criminosos.
Os três diários publicaram reportagens corretas, mas há pequenos problemas:
1 — O “Pop” escreve Operação Quarteto. “O Hoje” e o “Diário da Manhã” publicam o nome completo, Operação Quarteto Fantástico. O “Pop” errou.
2 — Nayara Reis, do “DM”, anota “PM’s”. O “Pop” e “O Hoje” acertam ao optar por PMs. O apóstrofo é desnecessário.
3 — “O Hoje” deu a patente do cabo Roberto Caetano, mas omitiu as patentes dos policiais militares Rones Cruvinel de Melo (cabo), Nelson Balbino do Sacramento (cabo) e Manoel Messias de Oliveira (sargento).
4 — A seguir exponho mais uma dúvida do que erro. “O Hoje” e “Pop” dizem que o delegado Rossilio Souza Correia coordenou a Operação Quarteto Fantástico. O “DM” assinala que o delegado Fábio Rogério é o coordenador da operação. O “Pop” garante que o delegado Fábio Rogério da Silva é o coordenador da Força Nacional de Segurança no Estado. Em seguida, o “Pop” assegura que o delegado Alexandre Lourenço é o coordenador da Força Nacional em Goiás pela Polícia Civil.
5 — O “DM” informa que “setenta homens da Força Nacional participaram da Operação Quarteto Fantástico”. “O Hoje” apresenta outro número: “A operação montada para a prisão dos militares reuniu 50 homens da Força, com apoio da Corregedoria da PM e da Polícia Civil”.