Em tempos multimídia, o jornalismo está se tornando cada vez mais “refém” de imagens. O único meio que prescinde de seu uso entre os veículos de comunicação, o rádio, vê emissoras cada vez mais adotarem o YouTube como fonte de manutenção de audiência. Cada vez mais programas originalmente “de rádio” se tornam imagéticos.

Talvez quem primeiro tenha feito essa “ponte” tenha sido a turma do Pânico, atração criada em 1993 como humor e que migrou para a TV. Hoje, a equipe, comandada desde o início por Emílio Surita. O que fizeram do esquete humorístico desde então, com alta militância política não vem ao caso aqui.

A questão é que, cada vez mais a comunicação de massa precisa da imagem. O problema é como isso tem se dado, especialmente nas redações dos telejornais. O material que recebem a cada edição vai desde denúncias de buracos em avenidas até conteúdos escatológicos.

A questão é que, visando puramente a audiência, nem toda linha editorial usa o filtro da ética jornalística. Assim, caso não haja um freio, a luta pelo mercado tira a qualidade da informação e se transforma em uma guerra pela curiosidade, às vezes mórbida, do espectador.

Não há telejornal que não use áudios ou vídeos produzidos fora da própria equipe de cenografia, seja enviados para a redação pelo público, seja obtidos de câmeras de circuitos de segurança.

Obviamente, há cenas interessantes e mesmo jornalísticas captadas por smartphones de cidadãos comuns. Filmagens feitas dessa forma servem mesmo para elucidar acidentes e até crimes.

O problema, na verdade, é a banalização do recurso. A busca pela audiência faz com que o tempo precioso de informação seja ocupado pelo “flagrante” de um acidente de trânsito de pouca importância.

Há, certamente, pautas que poderiam ser mais preciosas e de utilidade pública. A audiência precisa ser “encaminhada” para um conteúdo menos imediatista. Aí está o desafio para as redações, especialmente as de telejornais.