Expulsão de Thaís Azevedo da Faculdade de Direito mata a gente de vergonha

06 junho 2017 às 15h56

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A universidade é uma casa que tem de prezar pela livre expressão, por ser aberta à divergência. Ao expulsar a jovem, os alunos da Faculdade de Direito exibem intolerância
Iúri Rincón Godinho
Quando pousei no ninho da esquerda goiana, o Jornalismo da UFG, em 1982, estavam marcadas as primeiras eleições pós-ditadura. Uma luta do bem contra o mal. De um lado PMDB e PT, de outro o PDS, o partido da ditadura.
Zander Campos Jr, da Cannes Publicidade, fazia a campanha de Osires Teixeira para senador pelo PDS. Zander Jr colocava os cartazes do Osires debaixo do braço e os pregava nos banheiros. Ríamos. Meu pai era chefe de reportagem de O Popular, representante da grande e opressiva imprensa, que apoiara a ditadura e o PDS. Eu levava o jornal para a sala de aula todos os dias. Alexandre Alfaix, acabara de voltar de um ano na meca da direita, do consumo e do Ronald Reagan, os Estados Unidos. Jogávamos Batalha Naval nos intervalos das aulas. Susete Amâncio, pasmem, ia de carro para o Campus quando todo mundo usava o ônibus. Nosso sonho era uma carona.
A UFG não era intolerante. Jamais perdi meio colega por ter ideia diferente da minha. O fato de expulsarem alguém da UFG (Thaís Azevedo) pelo que a pessoa pensa, envergonha não só a universidade mas toda essa geração de universitários.
Critiquem, até duramente. Mas não façam como a ditadura, quer dizer, não expurguem aqueles que pensam diferente. Há algo de Torto na Faculdade de Direito e, também, na Universidade brasileira.
Iúri Rincón Godinho é jornalista.
P.S.: O crime de Thaís Azevedo para ter sido expulsa da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás? Ela não roubou, não torrou dinheiro público. Nada disso. Ela só é crítica do feminismo e de outras questões.