Filhos de Cid Moreira fizeram denúncia e pediram a prisão preventiva de Fátima Sampaio. Batalha parece que é pelos bens, não pelo jornalista

Cid Moreira e Fátima Sampaio | Foto: Reprodução

Há assuntos que deveriam ficar circunscritos à esfera privada? Certamente. Mas, quando as próprias pessoas expõem sua intimidade, e para tanto divulgam a dos outros, como deve se comportar a Imprensa? Difícil formular uma resposta geral, considerando a singularidade de diferentes casos. Em certas ocasiões, quando as famílias se interessem pela divulgação dos “fatos” — apresentando verdades ou mentiras, difíceis de serem verificadas —, há setores da mídia que se esbaldam, ampliando-os, dada a ampla repercussão. Poderia se cobrar certo comedimento dos repórteres? Talvez sim. Mas a tendência é que os jornalistas digam: “Ora, não somos nós que estamos ‘lavando’ a roupa suja dos outros. São os indivíduos que estão divulgando suas próprias mazelas”. Parece um argumento razoável, com certa lógica, mas, ainda assim, aumentar o potencial das maledicências, sem utilidade pública verdadeira, talvez não seja exatamente grande jornalismo.

Rodrigo Moreira e Cid Moreira | Foto: Reprodução

Na semana passada, jornais e blogs destacaram uma “denúncia” de Rodrigo Radenzev Simões Moreira, de 52 anos, e Roger Felipe Naumtchyk, de 45 anos, contra Maria de Fátima Sampaio Moreira. Os filhos de Cid Moreira, ex-apresentador do “Jornal Nacional”, da TV Globo, sustentam que a mulher do jornalista o mantém numa espécie de “cárcere privado” (“ela é acusada de maus-tratos e cárcere privado, sem que familiares próximos possam visitá-lo”, reporta a “Folha de S. Paulo”), o trata aos gritos e lhe serve “comida vencida”. Num vídeo, no qual aparece bem, Cid Moreira, de 93 anos, “desmente” os filhos. Ele diz que é “bem cuidado”, que não sofre nenhum tipo de violência e que sua “relação” com Fátima Sampaio “é baseada no amor”.

No vídeo, Fátima Sampaio afirma que “o negócio tá feio” para ela. Cid Moreira responde: “Não sei por quê. Você foi minha escolhida, estamos juntos”. Sua fala parece natural, e não ensaiada. O jornalista afirma que é a “autoridade” da casa e afirma que ama sua mulher. “Acima de tudo, estamos ligados pelo amor. Estamos aqui, eu estou no comando, para deixar bem claro. Continuo gravando, com a consciência tranquila”, garante o ex-apresentador do “JN”.

Roger Moreira e Cid Moreira | Foto: Reprodução

Qual o motivo do conflito familiar? Os filhos, um com mais de 50 anos e o outro com mais de 40 anos, dizem que, dada a influência de Fátima Sampaio, Cid Moreira se afastou deles. Entretanto, numa ação judicial, ambos discutem a questão dos imóveis do jornalista. Eles querem evitar que a mulher do pai venda imóveis ou passe bens para terceiros. O documento diz: “Diante do processo de interdição que tramita nesta vara [Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Comarca de Petrópolis], e temendo que a senhroa Maria de Fátima Sampaio Moreira” possa “alienar, transferir, doar, vender, fazer o empréstimo ou ter posse de alguma procuração do interditando, se requer que seja deferido o protesto contra alienação de bens”. Os irmãos chegaram a pedir a prisão preventiva de Fátima Moreira, sob a alegação de que “ela se apropriou dos bens do marido” (o relato está no blog Notícias da TV).

Ao Notícias da TV, alojado no UOL, o advogado dos irmãos Moreira disse: “Ela [Fátima Moreira] pode estar fazendo transações ou recebendo valores. Eu queria [divulgar o processo de interdição] nos jornais de grande circulação para que futuramente [compradores possíveis] não venham dizer que compraram na boa-fé”.

Roger, filho adotivo, e Rodrigo, herdeiro biológico, “alegam que Fátima, munida de procuração, repassou propriedades para seu nome e que também vendeu imóveis”, registra Notícias da TV, editado por Daniel Castro.

O advogado sustenta que os filhos “não” têm interesse nos bens de Cid Moreira. Os filhos “temem” que, com mais de 90 anos, o jornalista perca tudo e seja abandonado pela mulher. O mais provável é que a briga não seja exatamente “por” Cid Moreira, e sim pelos bens.