Estado Islâmico, multinacional da barbárie, é uma organização bilionária, racional e moderna
28 novembro 2015 às 13h47
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Com 2 bilhões de dólares em caixa, controlando uma área maior do que a da Grã-Bretanha, o ISIS está redesenhando o mapa do Oriente Médio
“Se combatentes do Isis começarem a ser mortos por ataques norte-americanos, pode não demorar muito para que uma certa organização famosa comece a mandar homens-bomba para destruir alvos nos Estados Unidos.”
Patrick Cockburn, em 2014. (Troque norte-americanos por franceses e Estados Unidos pela França.)
A tragédia de Paris, de 13 de novembro deste ano, sugere que é mais fácil o terrorismo fazer dezenas de vítimas, em um único atentado, num país democrático do que numa nação ditatorial. O Estado Islâmico matou 129 pessoas na França — com extrema facilidade. A barbárie não tem perdão. Mas apenas tachar os integrantes do ISIS ou EI de fanáticos ou bárbaros, o que não está errado, não contribui para entendê-los.
Uma organização que, em pouco tempo, controla uma área imensa, com partes do Iraque e da Síria — uma espécie de Estado, o Califado (“é o nome dado a um Estado islâmico governado por um líder político-religioso supremo, que passa ser conhecido como califa ou sucessor do profeta Maomé”) —, não é inteiramente adepta do irracionalismo político. “O objetivo do EI é libertar os territórios do antigo Califado de Bagdá do governo tirânico dos xiitas e anexar a Jordânia e Israel para recriar essa instituição. (…) O principal objetivo do Estado Islâmico é ser para os sunitas o que Israel é para os judeus: um Estado instalado em seu antigo território, restaurado nos tempos modernos”, relata a jornalista italiana Loretta Napoleoni.
O repórter britânico Patrick Cockburn (“o melhor jornalista em ação no Iraque”, garante Seymour Hersh), do “The Independent”, no livro “A Origem do Estado Islâmico — O Fracasso da ‘Guerra ao Terror’ e a Ascensão Jihadista” (Autonomia Literária, 206 páginas, tradução de Antonio Martins), e Loretta Napoleoni, no livro “A Fênix Islamista — O Estado Islâmico e a Reconfiguração do Oriente Médio” (Bertrand Brasil, 153 páginas, tradução de Milton Chaves de Almeida), tratam o EI como um movimento moderno (seu “balanço anual”, que mostra uma contabilidade requintada, revela que é “dono de uma fortuna estimada em 2 bilhões de dólares”, menciona Loretta Napoleoni) e muito bem articulado, inclusive observador fino das contradições das relações dos países árabes com o Ocidente, notadamente com os Estados Unidos (mas também a Inglaterra e a França).
O presidente dos EUA, Barack Obama, começou a apoiar a guerra para derrubar o presidente da Síria, Bashar al-Assad, para logo descobrir que, indiretamente, estava fortalecendo as ações do EI, que também batalha para retirar o ditador do poder. O Irã, sempre encrencado com os Estados Unidos, é inimigo do ISIS e aliado da Síria. O Ocidente acabou por descobrir que, em termos geopolíticos — e de definir o inimigo mesmo —, Bashar al-Assad pode ser menos pior do que Abu Bakr al-Baghdadi, o poderoso califa do Estado Islâmico (comenta-se que teria sido ferido e até morto, mas os jihadistas contestam). No Iraque, a perseguição dos sunitas pelos xiitas pôs os primeiros nas mãos do jihadistas.
Sauditas e o terror
A Al-Qaeda ficou famosa pelo 11 de Setembro nos Estados Unidos e contribuiu para aumentar o potencial dos jihadistas. Mas é muito menos ambiciosa do que o Estado Islâmico, que, além de lutar contra os inimigos do Islã, reais ou imaginários, ocupa territórios, constituindo, de fato, um Estado — com um pé no Iraque e outro pé na Síria. O EI acumulou poder e espaço rapidamente. Em 2014, no Iraque, tomou Fallujah, Mosul e Tikrit. Como obteve tanto poder e financiou seu crescimento em tão pouco tempo?
Patrick Cockburn afirma que as potências ocidentais, notadamente os Estados Unidos, fecham os olhos para os financiadores do terrorismo. Porque Arábia Saudita e Paquistão são aliados dos americanos. “Sem o envolvimento desses dois países”, sublinha o repórter, “os ataques ocorridos em Nova York e Washington provavelmente não teriam ocorrido. Dos 19 sequestradores daquele dia [11 de Setembro], 15 eram sauditas. Documentos oficiais norte-americanos frisam repetidamente que o financiamento à Al-Qaeda e outros grupos jihadistas era proveniente da Arábia Saudita e das monarquias do Golfo Pérsico. (…) A ‘Guerra ao Terror’ fracassou porque não visou o movimento jihadista como um todo e, acima de tudo, não focou na Arábia Saudita e Paquistão, os dois países que impulsionaram o jihadismo como um credo e um movimento”.
A Arábia Saudita, além de financiar o terrorismo, é a grande propagadora do “wahabismo, a versão fundamentalista do Islã, nascida no século 18, que impõe a lei da sharia, relega as mulheres ao papel de cidadãs de segunda classe e enxerga os xiitas e sufistas como não muçulmanos, que devem ser tão perseguidos quanto cristãos e judeus. A ideologia da Al-Qaeda e do ISIS é em grande parte originária do wahabismo”, pontua Patrick Cockburn. São, como anotou um editor afegão, os “fascistas sagrados”.
De acordo com Patrick Cockburn, “o wahabismo está sobrepujando o sunismo islâmico tradicional. Em um país após o outro, a Arábia Saudita injeta dinheiro para treinar pregadores e construir mesquitas. Um resultado é a difusão da tendência sectária entre sunitas e xiitas. Os últimos veem-se alvo de ataques sem precedentes, da Tunísia à Indonésia”.
Os livros de Patrick Cockburn, que está sendo comentado neste texto, e de Loretta Napoleoni, citada en passant, publicados em 2014 e 2013, não pegam o atentado da França. Mas informam bem sobre o que é o EI. Só entende o presente quem conhece como o passado o formatou.
A guerra na Síria, ao desestabilizar Bagdá, criou espaço para os grupos jihadistas atuarem e crescerem. “Foram os Estados Unidos, a Europa e seus aliados regionais na Turquia, Arábia Saudita, Qatar, Kuwait e Emirados Árabes que criaram as condições para a ascensão do ISIS. Eles sustentaram um levante sunita na Síria, que se espalhou para o Iraque. Mantiveram a guerra na Síria, embora óbvio, desde 2012, que Assad não cairia”, anota Patrick Cockburn.
A Arábia Saudita e, em segundo lugar, o Qatar são os maiores financiadores dos rebeldes sírios (a Turquia também figura na lista, pois mantém aberta sua fronteira para os terroristas irem para a Síria; os turcos pensaram no ISIS como instrumento para atacar ou refrear os curdos). “O envolvimento saudita já era muito mais profundo e de longo prazo: mais combatentes chegaram à Síria vindos da Arábia Saudita do que a partir de qualquer outro país”, afiança Patrick Cockburn. O wahabismo, versão puritana e literal do Islã, percebe o xiitismo como heresia, por isso a Arábia Saudita financia grupos terroristas contra os xiitas.
Um estudo do Parlamento Europeu concluiu que “a Arábia Saudita tem sido uma grande fonte de financiamento de organizações terroristas e rebeldes desde os anos 1980”.
Embora os Estados Unidos tenham definido o Iraque como inimigo prioritário depois do 11 de Setembro de 2001, o celeiro de terroristas, inicialmente com a Al-Qaeda na linha de frente, era a Arábia Saudita. Porém, aliada do país então presidido por George W. Bush, ninguém cogitou atacá-la. Optou-se pela invasão do Iraque, que nada tinha a ver com a Al-Qaeda. “A comissão que investigou o 11 de Setembro identificou a Arábia Saudita como fonte principal do financiamento à Al-Qaeda, mas nenhuma ação foi tomada a respeito”, frisa Patrick Cockburn.
Stuart Levey, subsecretário do Tesouro dos Estados Unidos em 2007, disse à ABC News, mencionando a Al-Qaeda: “Se eu pudesse de alguma maneira estalar os dedos e cortar o financiamento a partir de um país, seria a Arábia Saudita”. Em seguida, informou que “nenhuma das pessoas identificadas pelos Estados Unidos ou pela ONU como financiadores do terrorismo havia sido processada pelos sauditas”.
Secretária de Estado, em 2009, Hillary Clinton assinou o despacho (revelado pelo Wikileaks): “A Arábia Saudita continua a ser uma base de apoio financeiro crucial para a Al-Qaeda, o Talibã, o LeT e outros grupos terroristas”. A prioridade dos sauditas sempre foi atacar os xiitas — daí incentivar os Estados Unidos a atacarem o Irã. Curiosamente, das “57 nações muçulmanas, apenas quatro têm maioria xiita”. O financiamento dos terroristas no Iraque, inclusive o Estado Islâmico, tem a ver com os ataques que promovem aos xiitas, que governam o país. Na Síria, a Arábia Saudita articula a mesma guerra (os xiitas iranianos, aliados dos sírios, são seus inimigos figadais). O Kuwait também financia terroristas na Síria. Para a Arábia Saudita e Kuwait, o inimigo de Bashar al-Assad deve ser considerado amigo e merece assistência financeira.
Mais recentemente, sob pressão dos Estados Unidos, a Arábia Saudita tem recuado parcialmente no financiamento ao terrorismo. Mas persiste incentivando “a pregação de ódio em inúmeras rádios por satélite” e não proíbe as ações dos pregadores do ódio nas mídias sociais. “A ‘wahabização’ da corrente principal do Islã sunita é um dos movimentos mais perigosos de nossa era”, alerta Patrick Cockburn. Portanto, de nada adianta a retórica saudita de que, teoricamente, está trabalhando contra o terrorismo se professa exatamente as ideias religiosas que movem os terroristas. Eles chegam a sustentar que os xiitas não são muçulmanos e são hereges. Portanto, devem ser destruídos. Não há possibilidade de convivência democrática.
Batalha de Mosul
Revelando capacidade de definir táticas e estratégias elaboradas — baseadas não apenas na coragem suicida de seus integrantes —, o Estado Islâmico atacou e passou a controlar Mosul, segunda maior cidade do Iraque, em junho de 2014. Em quatro dias. Patrick Cockburn relata que 1.300 homens, organizados e imbuídos da justeza de sua causa, derrotaram uma força estimada em 60 mil profissionais do exército e da polícia (muitos estavam, na verdade, de licença). O EI batalhou com o apoio de grupos sunitas.
O Estado Islâmico invadiu Baiji, cidade que sedia a maior refinaria de petróleo do Iraque, e Tikrit. “Até mesmo o ISIS pareceu chocado pela extensão de seu próprio sucesso”, destaca Patrick Cockburn.
Ao contrário da Al-Qaeda, que pregava para o futuro, o Estado Islâmico é pródigo em conquistar territórios e instalar poderes locais. O Califado — o califa é Abu Bakr al-Baghdadi — abrange “uma área maior do que a Grã-Bretanha, habitada por cerca de 6 milhões de pessoas”. Ressalte-se que, apesar de assentado em determinadas regiões, as fronteiras conquistadas são voláteis. A guerra, afinal, está em andamento.
Poder na Síria
A ação do Estado Islâmico na Síria é tão fulminante quanto no Iraque. “Em poucas semanas de luta na Síria, o ISIS havia se estabelecido como a força dominante na oposição, expulsando a filial oficial da Al-Qaeda, Frente al-Nusra, da província de Deir Ezzor, rica em petróleo”, escreve Patrick Cockburn. O ISIS controla parte da produção de petróleo e gás da Síria. O jornalista sugere que “o nascimento do novo Estado foi a mudança mais radical na geografia política do Oriente Médio desde o Acordo Sykes-Picot, implementado após o fim da Primeira Guerra Mundial”.
Ao se tornar hegemônico na luta contra o governo da Síria, o Estado Islâmico “colocou o Ocidente e seus aliados regionais — Arábia Saudita, Qatar, Emirados Árabes e Turquia — diante de um dilema: sua política oficial era livrar-se de Assad, mas o ISIS era agora a segunda maior força militar na Síria. Se o regime caísse, o grupo estaria em boa posição para preencher o vácuo”.
Al-Qaeda e ISIS
Em 2001, devido ao ataque nos Estados Unidos, com centenas de vítimas, a Al-Qaeda se tornou a estrela jihadista em todo o mundo. Mas hoje é aquela banda de rock que não faz mais tanto sucesso. A “moda” agora é o Estado Islâmico. “O ISIS difere da Al-Qaeda pelo fato de ser uma organização militar bem dirigida, muito cuidadosa em escolher seus alvos e o momento de atacá-los”, explica Patrick Cockburn. “Um novo e terrível Estado surgiu — e ele não desaparecerá facilmente.”
O ISIS chegou a ser criticado pelo líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, “por violência e sectarismo excessivo”.
O repórter Guga Chacra, da Globo News, disse a um telespectador, que havia pedido a sugestão de um livro sobre o Estado Islâmico, que não podia fazer a indicação, porque as obras estão desatualizadas pelos fatos. Acabou por sugerir um livro sobre a Al-Qaeda, como se o ISIS e a organização criada por Osama bin Laden fossem a mesma coisa. O repórter tem razão em parte. Como a guerra está em andamento, com os atores no palco, mesmo obras rigorosas são superadas pelos fatos. Mas quem leu o livro de Patrick Cockburn ficou sabendo que o Estado Islâmico planejava organizar seu 11 de Setembro na Europa. A informação está na página 91. A França (ao lado da Inglaterra) é, do ponto de vista do EI, os Estados Unidos da Europa. Na página 177, o repórter expõe, de maneira premonitória (o leitor deve apenas trocar Estados Unidos por França): “Se combatentes do ISIS começarem a ser mortos por ataques norte-americanos, pode não demorar muito para que uma certa organização famosa [o Estado Islâmico] comece a mandar homens-bomba para destruir alvos nos Estados Unidos”. Na verdade, não são apenas os Estados Unidos que estão fazendo ataques aéreos, inclusive com o uso de drones, aos guerrilheiros do EI. A França também é um dos atacantes.
Imprensa e as guerras
A Imprensa errou muito ao cobrir as guerras no Afeganistão, Iraque, Líbia e Síria. Jornais, revistas e emissoras de televisão atribuíram um papel decisivo aos rebeldes líbios na queda de Muamar Kadafi. Na avaliação de Patrick Cockburn é um equívoco: os milicianos “tiveram um papel limitado na derrubada de Kadafi”.
A mídia, após a queda de Kadafi, esqueceu a Líbia, ou retrata o país de modo episódico. “A autoridade estatal não foi restaurada. No verão de 2013, a Líbia quase interrompeu as exportações de petróleo, porque seus principais portos no Mediterrâneo haviam sido ocupados após um motim entre milicianos. A queda da Líbia em direção à anarquia foi escassamente coberta pela mídia internacional”, critica Patrick Cockburn.
Com a crise na Síria, a mídia reduziu a cobertura do Iraque, “embora cerca de mil habitantes sejam mortos a cada mês, principalmente como resultado do bombardeio de alvos civis”.
Patrick Cockburn diz que o termo “repórter de guerra” (usa-se mais correspondente, mas o tradutor brasileiro optou por repórter) “sugere a impressão de que os conflitos podem ser descritos adequadamente quando se volta o foco para o combate militar. As guerras irregulares, ou de guerrilhas, são sempre intensamente políticas”. Em 2003, quando as redes de televisão mostravam um ataque “devastador” das tropas americanas, o repórter subiu nos tanques e descobriu que “haviam sido abandonados muito antes de seres atingidos”.
Os repórteres no cenário de guerra frequentemente recebem informações de segunda mão e, também, trabalhadas, ampliadas ou, às vezes, edulcoradas. Na pressa, e por dificuldade de checagem — correm risco de serem mortos se avançarem o sinal —, enviam para as redações mais aquilo que ouviram de fontes nem sempre confiáveis do que aquilo que de fato viram. Na ânsia pelo furo, ou para não ficar atrás da concorrência, enviam notícias espetaculares, não raro mal digeridas e mal explicadas.
Os líderes terroristas perceberam que nem sempre precisam dos repórteres de jornais e redes de televisão consagrados para expor seus pensamentos e ações. Eles usam a internet com habilidade e profissionalismo. Um website jihadista usa como slogan: “Metade da jihad é mídia”. “As ideias, ações e objetivos dos jihadistas fundamentalistas sunitas são difundidas diariamente por estações de TV via satélite, YouTube, Twitter e Facebook. Enquanto tais meios poderosos de propaganda existirem, grupos similares à Al-Qaeda nunca sofrerão por falta de dinheiro ou recrutas”, afirma Patrick Cockburn. “Na análise sobre uma seleção de postagens online, o que choca não é apenas violência e sectarismo, mas também o profissionalismo com que são produzidas. Os jihadistas podem pregar um retorno às normas do Islã ancestral, mas sua habilidade no uso das comunicações modernas e da internet os coloca muito à frente da maior parte dos movimentos políticos do mundo.” Nem tudo aquilo que é bárbaro é antimoderno, como notou o filósofo inglês John Gray ao analisar a Al-Qaeda.
Os jihadistas não estão apenas no Twitter e no Facebook — canais coletivos. “Duas estações de TV — Safa e Wesal — baseadas no Egito, mas financiadas pela Arábia Saudita e Kuwait empregam jornalistas e comentaristas hostis aos xiitas. A Wesal transmite em cinco línguas: árabe, farsi, curdo, indonésio e hausa.”
A propaganda dos terroristas, bem feita e convincente, atrai jihadistas em várias partes do mundo, inclusive nos Estados Unidos e na França. Sinal de que, para além da religião, as comunicações dos jihadistas funcionam muito bem. O ex-funcionário saudita Abdullah Abam Salih al Qahtani disse: “A mídia árabe e os websites jihadistas convenceram-me a vir”. A rede de televisão Al-Jazeera faz muito sucesso no e fora do Oriente Médio.
Mas as imagens que o ISIS divulga na internet, mostrando muitos de “seus” sucessos, são fraudadas. “Os êxitos do ISIS no Iraque são algumas vezes fabricados com material produzido na Síria ou Líbia, ou mesmo fora do Oriente Médio.”
Equívoco de Calligaris
Recentemente, na “Folha de S. Paulo”, Contardo Calligaris escreveu um artigo no qual afirma que os terroristas do EI desejam aquilo que combatem (o prazer mundano dos jovens que frequentam o Bataclan, em Paris). É provável que, se se tratassem de “ocidentais” (da mentalidade), a tese do psicanalista estaria correta. No caso, porém, os guerreiros do EI desejam outras coisas, um mundo diverso do nosso, e, quem quiser combatê-los com eficácia, inclusive em termos de ideias, precisa entender isto. Os prazeres (e suas formas) de pessoas muito diferentes de nós, ocidentais, podem ser e quase sempre são outros. Não se deseja tudo aquilo que se combate e ódio nem sempre é amor enrustido. Assim como um charuto às vezes é apenas um charuto, e não um símbolo fálico.