Era do “clickbait”: área de política da “Veja” aposta em fazer mistério nas manchetes
24 julho 2022 às 00h01
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Já há algum tempo, o noticiário de política do portal da revista Veja na internet está com manchetes que fazem o dedo “coçar” de vontade de acessar: são os chamados “clickbaits”, uma forma de tentar aumentar o acesso e, assim, o número de visualizações de determinada notícia ou postagem.
“Bait” é “isca”, em inglês. Em uma tradução livre, então, “clickbait” seria uma “isca para cliques”. E vendo como os títulos das postagens políticas da revista estão sendo formulados se percebe bem. No sábado, 23, havia as seguintes manchetes: “A nova vergonha da igreja evangélica com Bolsonaro – agora em 2022”; “Vanessa da Mata anuncia que mudou de voto; público de show reage”; “O desabafo de Lula sobre as ‘barganhas de Kassab”; “A desculpa de Bolsonaro para rifar a candidatura de Damares no DF”; “Nova pesquisa mostra Bolsonaro perdendo espaço em um reduto fiel”; “A bizarra ameaça detectada pelo GSI no local da convenção de Bolsonaro”; “O novo tiro no pé de Bolsonaro”; “A primeira vez que Ivete Sangalo mostra um posicionamento político em show”; “Tarcísio de Freitas bate o martelo para o candidato ao Senado em SP”.
Para que o processo seja bem-sucedido, é preciso que o assunto e/ou seus personagens tenham potencial atrativo. E nada supera Jair Bolsonaro (PL) nesse quesito. Seja em seu favor ou contrariamente, o presidente é o gatilho para disparar muitas emoções – e isso é tudo o que precisa um clickbait para atingir seu objetivo.
Acrescentem-se então substantivos e adjetivos alarmante e a mistura estará perfeita. Nos títulos acima, os termos “vergonha”, “desabafo”, “bizarra”, “tiro no pé” etc. são utilizados com esse objetivo.
A Veja está errada? Não, até mesmo porque outros veículos também fazem a utilizam, embora a revista se destaque atualmente pela grande escala. Estaria “abusando da boa-fé” de seu público com essa tática? Não se o conteúdo satisfazer ao que se promete com a chamada. É uma estratégia polêmica, mas que não é repulsiva em si.