O ex-crítico de música do Estadão aponta que temporada que passou num mosteiro aumentou a introspecção do compositor e cantor

O jornalista Jotabê Medeiros escreveu sobre música no jornal “O Estado de S. Paulo” durante vários anos, quase sempre com alta qualidade e precisão. Portanto, espera-se que a biografia “Belchior — Apenas um Rapaz Latino-Americano” (Todavia, 240 páginas), produto de uma pesquisa exaustiva, mantenha a qualidade de seu trabalho jornalístico.

Jotabê Medeiros ouviu parceiros musicais (e não só), produtores de seus discos, familiares e amigos para compor o perfil de um artista complexo e difícil de ser apreendido.

Cada vez mais, como compositor, Belchior vai ficar na história com um par de Noel Rosa, João Gilberto, Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Milton Nascimento. “Velha Roupa Colorida”, “Alucinação”, “Como nossos pais”, “Paralelas”, “Apenas um rapaz latino-americano” são músicas irretocáveis. A rigor, Belchior era um grande cantor? Talvez não. Mas é difícil encontrar, crítico ou não, quem não aprecie seu canto forte, profundamente identificado com as nuances de seus textos.

O livro conta que, na adolescência, Belchior passou alguns anos num mosteiro. Release da editora sugere que lá “travou seu primeiro contato com a literatura e a filosofia e habituou-se ao silêncio e à introspecção que seriam características marcantes até o fim da vida”.

O livro contém um caderno de imagens em cores e discografia completa.

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