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Portugal está em festa, ao menos na imprensa: a Porto Editora lança na terça-feira, 23, “Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas” (136 páginas), romance inédito de José Saramago.

O Nobel de Literatura de 1998 não concluiu o romance. O editor Manuel Alberto Valente disse à imprensa portuguesa que o livro mostra o “testemunho empenhado” de Saramago. A presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Río, sugere que a obra é “uma forma de repúdio à violência. São poucos capítulos, mas o tema fica claro, o texto tem unidade.

Nas notas que escreveu a respeito do romance, “Saramago antecipa o andamento e o desenlace da história que pretendia contar”, afirma Pilar del Río.

O livro, cujo título do livro é inspirado em versos de Gil Vicente, “tem como protagonista o funcionário de uma fábrica de armas que vive um conflito moral decorrente de seu trabalho”, diz o jornal “Diário de Notícias”.

Gavetas limpas e oportunismo editorial

O romance certamente será avaliado por críticos literários especializados, acadêmicos ou não — que explicarão se a obra tem qualidade —, mas há sempre o risco de, por interesse financeiro, herdeiros e editores “limparem” as gavetas de escritores famosos, como Saramago, e publicarem tudo que encontrarem. Lançaram há pouco tempo um livro inacabado de Vladimir Nabokov. Como curiosidade, tudo bem. Mas, em termos literários, o livro é de uma fragilidade que seria condenada prontamente pelo exigente crítico Nabokov.