O “dedo” do poeta e crítico Ezra Pound aparece em dois livros decisivos do século 20: “Ulysses”, de James Joyce, e “A Terra Devastada”, de T. S. Eliot. O Brasil teve algum Pound, um indivíduo que, além de escritor, influenciou, positivamente, uma geração de criadores artísticos? É possível.

Baseado em São Paulo, com alguma presença no Rio de Janeiro, Mário de Andrade, o autor de “Pauliceia Desvairada” e “Macunaíma”, influenciou vários escritores, dando-lhe conselhos positivos. Prosadores, poetas e intelectuais — como Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Manuel Bandeira, Câmara Cascudo, Pedro Nava, Alceu Amoroso Lima — enviaram e receberam cartas do bardo e prosador paulista. E aprenderam muito com algumas de suas orientações, mesmo que suas escrituras não seguissem exatamente o que propunha o, digamos, Pound patropi.

Quem pode ser visto como uma espécie de Pound goiano? Talvez Domingos Félix de Sousa e Heleno Godoy. Vale esclarecer que nenhum dois disse que se considerava o Pound do Cerrado. Mas, de alguma fora, orientaram gerações de escritores. A influência de Godoy no Grupo de Escritores Novos (GEN) foi decisiva.

Alguns escritores — como Antônio José de Moura — devem muito à orientação segura, sensata e inteligente de Domingos Félix de Sousa. É muito provável que tenha sacrificado sua própria obra para cuidar da alheia — o que fazia com prazer, descortino e competência. Dada sua vasta cultura, era um mestre, um guia.

Mas Domingos Félix de Sousa tem uma obra literária e também uma crítica. Por isso é importante o lançamento do livro “Contos e Outros Escritos”, de sua autoria.

Publicado pela Editora da Universidade Federal de Goiás, “Contos e Outros Escritos” será lançado no dia 4 de abril, às 17 horas, na sede da Academia Goiana de Letras (AGL), à Rua 20, nº 175, em Goiânia.