Ao contrário do que diz  Kakay, o jornalista e escritor pode ser mal-humorado, mas é inteligente. Ele está excedendo nos seus comentários, cada vez mais irritados

O jornalismo no Brasil às vezes é o sorriso do poder e às vezes é a cárie da sociedade. Se o jornalista é crítico, mas em relação a todos os políticos, e não só contra os adversários de seus aliados, poucos apreciam o que diz. É o caso de Diogo Mainardi, que Alberto Dines chamava de “parajornalista”.

Mainardi não tem papas na língua e atira para todos os lados, notadamente contra a esquerda. É um oráculo da moral. Mas, para manter a instância crítica, é preciso xingar, mandar o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, tomar no c…? Claro que não. Kakay é especialista em “inocentar” culpados, mas toda pessoa, corrupta ou assassina, deve ter um advogado para defendê-la. É um direito. O correto é manter a crítica, de forma dura e firme, mas sem xingatório.

Diogo Mainardi e Kakay: guerra declarada | Fotos: Reproduções

Paulo Francis era crítico, dotado de um humor afiado, mas não era de xingar. Mainardi tentou mas não conseguiu substitui-lo à altura. Porque lhe falta, não cultura, e sim humor.

Na terça-feira, 4, Mainardi pediu demissão do “Manhattan Connection”, programa exibido pela TV Cultura.

“Desde a quarta-feira da semana passada [dia 28], quando xinguei o ‘lulista’ Kakay, a TV Cultura estava pressionando os produtores do Manhattan Connection, a fim de que tomassem alguma medida contra mim. Para preservar o programa, resolvi pedir demissão, que foi aceita de bom grado pela diretoria da emissora. Fiz grandes amigos nesses 17 anos. Obrigado Lucas, Caio, Pedro e Angélica. E vai tomar no c… Kakay”, disse o jornalista e escritor.

Kakay foi entrevistado pelo Manhattan Connection, em 28 de abril. No lugar de entrevistá-lo, como fizeram os colegas, Mainardi, num dia de Olavo de Carvalho, decidiu atacá-lo. Segundo o jornalista, Kakay fez sua carreira de advogado “sussurrando na orelha de ministros do STF, do STJ. Me vem ânsia de vômito ao ouvir esse seu discurso”. Muitas vezes, não aprovo aquilo que Kakay defende, mas é preciso ouvi-lo e criticá-lo; no entanto, sem ofendê-lo.

Kakay acabou dando uma resposta em parte adequada, ao sugerir que o Manhattan Connection é “um programa quase perfeito. Ele tem três pessoas extremamente preparadas, que vivem no mundo, se você tem um mal-humorado para poder falar, gritar, xingar, isso tudo é alegria, faz parte. Humorista que tem mau humor é tradicional. Agora que tem mau humor e não tem inteligência, aí vocês são muito corajosos”. Mal-humorado até pode ser, mas é um equívoco sugerir que Mainardi não é inteligente.