De novo, polêmica sobre Neymar: o craque é produto de seu tempo
31 julho 2022 às 00h00
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Política à parte, uma das grandes polêmicas da semana passada envolveu o craque Neymar versus o portal GE, da Rede Globo, que, no Twitter, apresentou uma reportagem sobre o esquisito pênalti marcado sobre o jogador na partida amistosa do seu clube, o Paris Saint-Germain, contra o Gamba Osaka, do Japão.
O texto da postagem dizia: “A goleada por 6 a 2 do PSG sobre o Gamba Osaka teve um lance que está viralizando. Neymar sofre um pênalti, digamos, fantasma…”, para, em seguida, colocar o link da matéria.
A manchete da notícia, assinada por “Brasil Mundial”, é mais amena: “Foi pênalti? Lance polêmico com Neymar em amistoso do PSG viraliza nas redes”, com o olho (também chamado “gravatinha”, o pequeno texto logo abaixo do título) complementando com “Jogada na qual brasileiro cai na área, e árbitro marca a falta, chama a atenção por ângulo que indica que zagueiro não se chocou incisivamente; veja por vários ângulos”.
Neymar reagiu com raiva e deboche. Retuitando a postagem do GE, o jogador comentou:
Como tudo que o jogador “toca” – embora na verdade, no caso, ele tenha sido literalmente tocado –, o assunto ganhou dias de discussão. Realmente, pelo ângulo da câmera localizada atrás do gol, a impressão que se tem é de que Neymar foi um grande ator.
Entretanto, por um ângulo frontal – mais parecido àquele das câmeras das cabines de transmissão, percebe-se que houve a falta, inclusive com o ruído do encontro. No fim, a totalidade dos comentaristas de arbitragem “absolveu” o craque: o japonês havia realmente cometido penalidade máxima.
Neymar Jr. é o herdeiro direto de uma “turma da pesada” do futebol brasileiro: Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Kaká, os últimos que conquistaram a Bola de Ouro, o prêmio para o melhor jogador do mundo no ano.
Era um período em que os brasileiros se fartavam de craques, a ponto de “desperdiçar” Copas do Mundo: a seleção de 2006 era tecnicamente acima da que havia conquistado o Mundial quatro anos antes, mas o clima festivo em que mergulho impediu o foco na busca pelo sexto título. Sobravam astros – todos os citados acima, à exceção de Rivaldo, e mais Roberto Carlos, Cafu e Adriano –, mas faltou profissionalismo, dos jogadores aos dirigentes.
Esse talvez seja – ou tenha sido – o grande desafio de Neymar para chegar ao auge. Sobrou festa, faltou renúncia. Ao contrário de Messi e Cristiano Ronaldo, a dupla com quem muitas vezes foi comparado, Neymar resolveu curtir a fama enquanto ainda trabalhava por ela. O resultado foram muitas polêmicas extracampo, uma desconfiança permanente sobre seu profissionalismo. Dentro do gramado, também outro prejuízo, causado por ele próprio: as quedas exageradas nas faltas que sofre, que muitas vezes, como na Copa de 2018, geraram até divertidos memes.
Neymar é produto de seu tempo: atletas com salários astronômicos, milhões de fãs (e haters) em redes sociais, alta exposição pela mídia e, também, diversão por seu futebol. Comparado a maturidade mostrada por craques de outros tempos, parece ainda ser mesmo o “menino” Ney. Mas está com 30 anos e tem, na Copa do Mundo que desta vez ocorre estranhamente no fim do ano, a chance de calar a boca dos críticos e dar alegria aos brasileiros. Levantar a taça pela sexta vez seria a redenção acima de qualquer zoação.