Criador de capas para a Companhia as Letras, Hélio de Almeida morre aos 80 anos
Euler de França Belém
28 julho 2024 às 00h00
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“Tua obra fica. Está por todos os cantos da casa. Da memória. Saudade enorme” — Manu Maltez, filho de Hélio de Almeida.
O artista gráfico e capista Hélio de Almeida morreu no sábado, 20, de insuficiência cardíaca.
Hélio de Almeida ficou conhecido como capista da Editora Companhia das Letras. Ele fez capas belíssimas de livros de Rubem Fonseca, Ruy Castro, Fernando Morais, Oliver Sacks e outros. Suas capas são praticamente obras de arte, de tão finas e bem-elaboradas. É bem possível que algum leitor tenha se interessado pelo livro pela capa, que, de certa maneira, nas mãos do criador, era, por assim dizer, um quadro. (Exemplo de capa bonita, que não foi feita por Hélio de Almeida: a do livro de contos “Voando Para Casa e Outras Histórias”, de Ralph Ellison. Não sei quem a fez, mas chama fortemente a atenção.)
O editor da Companha das Letras, Luiz Schwarcz, escreveu: “Hélio de Almeida, um dos grandes designers de livros e revistas, ajudou a definir parte importante da imagem da editora”. Ele começou fazendo as capas dos livros do escritor Rubem Fonseca.
Carreira iniciada na Folha de S. Paulo
Filho de portugueses, Hélio de Almeida era paulistano (por sinal, torcedor da Portuguesa). Começou a trabalhar no Departamento de Arte da “Folha de S. Paulo” em 1963. O designer gráfico Norberto Gaudêncio Júnior, professor do Mackenzie, diz que, “apresentado às regras de um jornalismo ágil, encarregou-se de transpô-lo para o universo gráfico do jornal”. O livro “Hélio de Almeida — Artista Gráfico” contém seus trabalhos mais relevantes feitos até 2008.
Da “Folha”, Hélio de Almeida migrou para a “Veja”, da Editora Abril, integrando a criativa equipe montada pelo jornalista Mino Carta. Ficou na revista de 1968 até 1973.
Mais tarde integrou a equipe que criou a revista “IstoÉ”, mais uma vez ao lado de Mino Carta. Na década de 1980, depois de nova passagem pela Editora Abril (reformulou as revistas “Exame Informática” e “Vip Exame”), assumiu a diretoria de Arte da Editora Globo. Trabalhou na revista “Globo Rural” e “Moda Brasil”. Participou da elaboração dos projetos gráficos dos livros da editora.
Muito requisitado, dada à sua criatividade metódica, Hélio de Almeida fez cartazes para peças de teatro, como “Macunaíma” e “Xica da Silva”.
Hélio de Almeida era casado com a ilustradora e artista plástica Laurabeatriz e pai de quatro filhos — Maria Rosa, Thereza, Manu Maltez e Joaquim de Almeida.
