Conflito ético leva Record a demitir repórter que vazou entrevista de Lula da Silva

21 julho 2024 às 00h00

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No caso de vazamento de informações na rede de televisão Record, pode-se falar em conflito ético, irresponsavilidade ou infantilidade de uma profissional que não tem o direito de, no trabalho, ser pueril?
Renata Varandas entrevistou o presidente Lula da Silva. A entrevista foi divulgada na terça-feira, 16, no “Jornal da Record”. Mas as informações da entrevista foram vazadas pela repórter ao mercado financeiro.
Furando a Record, a BGC Liquidez DTVM Ltda. divulgou as informações transmitidas por Lula da Silva na entrevista a Renata Varandas.
A Capital Advice, que elabora análise política para investidores e gestores financeiros, repassou as informações para a BGC. Ocorre que Renata Varandas é sócia da Capital Advice.

Na quarta-feira, 17, a Record decidiu pelo afastamento de Renata Varandas. Na quinta-feira, 18, ante a maciça repercussão do caso, demitiu a repórter.
Sem se estender nas explicações, a rede de televisão do bispo Edir Macedo confirmou a demissão: “A Record informa o desligamento da repórter Renata Varandas, que, a partir de quinta-feira, 18, não faz mais parte da equipe de jornalismo da emissora”.
Renata Varandas não apresentou sua versão dos fatos. Mas ficou evidente o conflito ético. Ao se falar de infantilidade, acima, não se quer sugerir que a repórter é uma profissional necessariamente ingênua. Porém, se acreditou que o vazamento da entrevista, ainda mais do presidente da República — por sinal, tido nos corredores da Record como “adversário” da empresa —, não seria descoberto e punido com demissão, até por justa causa, a jornalista se comportou, ao menos no caso, de maneira pueril.